Maracujás e abacaxis com maior potencial de produtividade e resistência às doenças, são alguns dos focos de pesquisas desenvolvidas pelo campus da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) em Tangará da Serra, que tem como intuito colaborar na manutenção de renda das pequenas propriedades rurais.
Os estudos são conduzidos pelo professor e pesquisador Willian Krause, engenheiro agrônomo e doutor em genética e melhoramento de plantas. De acordo com ele, a pesquisa visa proporcionar boas opções para os produtores de pequena escala desenvolverem a fruticultura.
“Para esses agricultores a fruticultura é excelente. Por quê? Porque ela tem um alto retorno por pequena área, gera muito valor e ela tem um valor agregado muito alto. Então, isso gera renda”, pontua o especialista.
Entre os produtores que cultivam as variedades estudadas pela Universidade está o Pedro José de Freitas. Há 34 anos ele e a esposa montam uma barraca na feira do produtor em Tangará da Serra, região centro-sul de Mato Grosso, e comercializam a sua produção de leite, queijo, mandioca e frutas. Deste tempo, o maracujá é o carro chefe de vendas há 15 anos.
Os produtos comercializados pelo casal são produzidos no sítio próximo à cidade. Uma área de pouco mais de 30 hectares, com dedicação de pasto às 20 vacas leiteiras, plantação de milho de silagem e pomar.
Entre as frutas cultivadas no pomar estão banana, limão e o maracujá, que, segundo o produtor, sozinho ocupa uma extensão de aproximadamente meio hectare.
“Estamos há muitos anos na feira. Eu acho que para o pequeno produtor é uma saída muito boa, porque é um dinheiro que você pega duas vezes por semana e à vista”, frisa Pedro.
O produtor afirma ter “prazer de plantar” e ver o seu pomar produzir. Tanto que há cerca de seis meses decidiu renovar parte da plantação de maracujás. As ramas ainda estão se espalhando, mas a primeira safra dos novos pés já promete ser produtiva.
“Eu achei muito boa, porque ela [variedade] tem uma produtividade muito boa. Eu acho que produz até mais do que esses outros que estávamos plantando e mais resistência às doenças, também”.
Abacaxis sem espinho e resistente a fusiariose
Além do maracujá, a Unemat em Tangará da Serra tem desenvolvido pesquisas com o abacaxi. Recentemente, inclusive, o município sediou o Simpósio Brasileiro do Abacaxizeiro. No evento foram lançadas duas novas cultivares da fruta: Unemat Rubi e Unemat Esmeralda.
“Ambas são sem espinho e resistentes à principal doença do abacaxi no Brasil, que é a fusiariose. Com isso o produtor vai evitar, por exemplo, gastar com fungicidas para o controle dessa doença. Então, todo o dinheiro que ele deixa de gastar permanece no bolso dele. Além disso, é ambientalmente mais sustentável”, destaca Willian Krauser.
As mudas das novas variedades de abacaxi devem começar a ser multiplicadas no laboratório da Universidade, onde já é feito um trabalho com a banana-maçã livre do “mal do Panamá”, também conhecido como “fusariose da bananeira”. É uma parceria com a prefeitura de Tangará da Serra.
Conforme o professor e pesquisador, depois de prontas, as frutíferas são distribuídas gratuitamente aos produtores cadastrados no projeto. Um reforço importante para a sustentabilidade da agricultura familiar na região.
(Canal Rural MT)