“Todos os meses serão laranja, até que o abuso acabe!”

Mirian Graça, Especial para o CN

Reprodução

A campanha Faça Bonito, estipulado pelo Governo do Brasil como o Maio Laranja, teve origem em 2000, tendo como base a tragédia que aconteceu em Vitória (ES), no dia 18 de maio de 1973. Uma menina de 8 anos, identificada como Araceli Cabrera Crespo, foi raptada, drogada, estuprada e esquartejada por dois homens de famílias ricas, Paulo Helal e Dante Michelini. O caso de Araceli foi arquivado e segue sem justiça até hoje, após 50 anos.

De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o Disque 100 registrou mais de 17,5 mil violações sexuais contra crianças e adolescentes, apenas nos quatro primeiros meses do ano de 2023, um aumento de 68% em relação ao ano passado. A maior parte dos abusos acontecem dentro de casa, com pessoas da própria família ou por conhecidos.

Na Constituição Federal, Art. 227. “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) luta para garantir que cada criança e adolescente tenha uma vida digna em ambientes saudáveis. Se houver qualquer suspeita de violência sexual acometido com alguma criança ou adolescente, é dever de todos denunciarem.

Thais Rocha Munstermann/Arquivo pessoal

O Cuiabá Notícias entrevistou Thais Rocha Munstermann, autora do Livro Basta, Saindo da Posição de Vítima e CEO (Presidente) do Instituto Basta.

De acordo com a entrevistada, o motivo que a impulsionou a escrever o livro e criar o Instituto Basta, foi pela experiência que teve na infância. A Thais Rocha Munstermann e os voluntários do Instituto, lutam pela abolição da violência sexual, exploração e o tráfico de pessoas.

“Somos uma Organização Social que promove os direitos humanos e luta pela justiça e transformação social, conscientizando e mobilizando indivíduos através de ações de impacto, pesquisa e treinamento, a fim de proporcionar um estilo de vida moral e íntegro, e acabar com o abuso e exploração sexual”, comentou.

No livro, Thais traz depoimentos de pessoas que passaram pelo abuso, explica o que é a violência sexual, exploração, tráfico de pessoas e confronta o leitor sobre seu papel no meio de toda essa situação na sociedade.

Na contra capa de seu livro, diz: “Se está buscando entretenimento, um simples passatempo, para depois esquecer o que leu, não abra este livro. Nele contém histórias que ninguém gostaria de ler, ou de entender, mas que são reais. São histórias que, muitas vezes, nos parecem distantes, mas que, na verdade, podem estar acontecendo agora mesmo, dentro da sua própria casa. Por isso, repito o que já disse: não leia! Pois quando ler, não terá mais como ficar em cima do muro. É como uma lâmpada acesa em um quarto que antes estava escuro. Não tem como voltar atrás quando se conhece a luz, a verdade. Você ainda está aqui, continua insistindo em ler este livro não é mesmo? Tudo bem, mas agora é sua responsabilidade.”

No decorrer da entrevista, destacou que a maior parte do livro escreveu à mão em seu caderno, pois estava sem computador na época, passou para o computador quando alguns amigos a emprestaram. O processo de escrita e elaboração do livro foi de 1 ano. Em setembro de 2020, o livro Basta, Saindo da Posição de Vítima foi lançado pela Editora Jocum. 

Desde o lançamento do livro, a autora tem recebido bastante feedback dos leitores, sobre como o livro tem os ajudado à entender da importância de falar, ser voz e lutar contra o abuso. 

Feedback de uma das leitoras: “Tha, li o teu livro em menos de uma semana. Eu fui vítima de abuso sexual por uma pessoa da minha família. Tive o meu processo, de anos, onde tive muitas consequências, mas hoje eu sou livre, e quando comecei a ler o teu livro, tive coragem de contar sobre o abuso para o meu noivo e para a minha família. Obrigada por ser uma voz de coragem, um grito de sabedoria em meio a escuridão!” 

Para mais informações sobre o Instituto Basta, Instagram: @institutobasta

Se você conhece alguém que esteja sendo vítima de abuso e exploração sexual, disque 100 e denuncie. Quem é omisso a tal situação, torna-se cúmplice. 

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