Sucessão: jovens se preparam para assumir os negócios no campo em Mato Grosso

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul em 2019 com mais de 700 jovens concluiu que o papel dos pais é fundamental e determinante na decisão dos filhos quanto à sucesso familiar.
Um dos maiores temores de quem possui um negócio, seja ele no campo ou na cidade, é não ter quem dê continuidade a ele, ou seja, a sucessão. Segundo especialistas, o incentivo, somado a confiança, dos pais é essencial nestes momentos.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul em 2019 com mais de 700 jovens concluiu que o papel dos pais é fundamental e determinante na decisão dos filhos quanto à sucesso familiar.

A pesquisa também mostrou que quanto mais os jovens se envolvem nas decisões maior é a chance de assumirem os negócios no futuro.

Não ter quem assumisse os negócios da família sempre foi uma das maiores preocupações do produtor rural Nilso José Vigolo. A preocupação dele é a mesma de muitas famílias empresárias do agronegócio. Tanto que a sucessão familiar é um dos desafios do setor que já aparece até nas estatísticas de algumas cooperativas.

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A história do produtor paranaense, que chegou em Mato Grosso no final da década de 1970 acompanhando a família de agricultores, é o tema do episódio 11 do programa MT Sustentável.

“Sempre tem a preocupação. Porque você vê um patrimônio e o pós disso? A gente passa pela preocupação de ter alguém para substituir”, pontua Vigolo.

Da preocupação ao coração calmo

Contudo, à preocupação tem dado lugar para um coração mais calmo. Há pouco mais de três anos a filha mais nova decidiu fazer agronomia e seguir seus passos na fazenda.

“Depois de muito pensar e ter várias opções, eu comecei a vir para dentro da fazenda. Meu pai começou a me incluir mais e aí tive que tomar a decisão e pensei em tudo o que ele construiu. Tem que cuidar, né?”, diz Natália Vigolo.

Apesar de mais “calmo”, Nilso Vigolo reconhece ainda possuir um pouco de centralização. “Estou tentando me desligar dela, abrindo um pouco mais. Mas, sempre fui aberto para participação. Acho que é muito importante essa interação para a construção de tudo isso”.

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Marilda de Farias Vigolo, esposa de Nilso, pontua que a continuidade era precisa. “Nós precisávamos de alguém que desse continuidade, porque tudo isso aqui é a nossa vida. Uma vida de trabalho, de dedicação. E ela vindo trabalhar, ela vindo assumir os negócios, a gente fica satisfeito, muito feliz com tudo isso”.

Sem sucessor, produtores chegam a vender propriedade

Segundo o assessor de Negócios do Sicredi, Tiago Favretto, em casos em que um sucessor não é encontrado para assumir as responsabilidades do negócio há situações de arrendamento das propriedades e até mesmo venda delas.

“O Sicredi tem a preocupação com os nossos associados de se manterem no negócio da família. Mantendo o negócio da família, a gente vai se preocupar com a sociedade local, que é onde nosso associado está presente e onde a instituição está presente”.

A gerente de Negócios do Sicredi, Clauciane Cortonezi, comenta que ao se atender um associado não se olha apenas para ele e sim para o grupo financeiro todos. “A gente tem que ter conhecimento. Nós temos que entender o associado, entender a necessidade da família para poder dar um relacionamento duradouro”.

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Natália Vigolo encontra na fazenda a união da teoria aprendida na faculdade com experiência adquirida na prática. Foto: Leandro Balbino/Canal Rural Mato Grosso

Cada detalhe precisa ser conhecido

E, para assumir os negócios da família é preciso conhecer cada detalhe. É no meio da plantação que a teoria aprendida por Natália na faculdade encontra o complemento na experiência.

“Principalmente nessa época de colheita e plantio do milho. É uma época que tem muito serviço, muito trabalho e já para ir se aprimorando, para ver como que acontece o processo todo”, frisa Nilso.

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