A estiagem prolongada que castiga duramente as lavouras de soja nas principais regiões produtoras de Mato Grosso, também causa transtornos e prejuízos na pecuária leiteira em alguns municípios do estado. Além da queda na produtividade na produção de leite e do gado de corte, que pode chegar a 30%, conforme estimativas, a preocupação se estende a ameaça à sobrevivência dos animais por causa da seca que assola as pastagens em algumas propriedades.
A situação vivida por produtores de leite e gado de corte em Mato Grosso com a seca é o tema do episódio 114 do Patrulheiro Agro.
Produtor em Nova Brasilândia, Antônio de Araújo Sobrinho, comenta que em 2019, uma seca de quase 100 dias provocou a morte de três animais, e que decidiu dar um tempo na atividade leiteira.
Segundo o produtor, para não ficar sem renda, aceitou a proposta de um vizinho para tirar o leite e dividir o lucro da produção, mas não deverá ficar muito tempo em decorrência da seca.
“Tá bastante [seca]. Já caiu uns 20 litros. Estávamos tirando uns 80 litros”, comenta ele ao ressaltar que a falta de alimento para os animais é um dos fatores. “Se daqui mais uns dias não chover, não sei o que ele [vizinho] vai fazer, porque os pastos dele acabou onde o gado está”, completa.
O secretário de Agricultura de Nova Brasilândia, Renato Pereira de Souza, lembra que na temporada 2019/2020 o município enfrentou uma estiagem e que esse ano de 2023/2024 o cenário “parece ser o mesmo”.
“Deu algumas chuvas no início, mas a estiagem está bem forte. O produtor está penando para se manter na atividade. A gente chega na propriedade e vê os animais com bastante costelas mostrando, os animais bem abatidos”.
Em Nova Brasilândia, conforme o secretário, a falta de chuvas e o calor intenso prejudicam o desempenho dos animais no campo. A expectativa por lá é de queda na produtividade entre 20% a 30% tanto na captação de leite quanto na produção do gado de corte.
Seca eleva custos e traz prejuízos
Para tentar amenizar as perdas na produtividade e garantir a alimentação dos animais, o produtor Marcos Antônio de Azevedo buscou a irrigação para os piquetes. Em contrapartida, o custo com energia elétrica aumentou.
“Eu fiz uma silagem, contudo ela acabou. Mas, a irrigação continua e vai ajudando nesses piquetes. A [energia] está vindo em torno de R$ 600, R$ 800 por mês e vinha R$ 200, R$ 250. É outra dificuldade enorme. Eu já cheguei a receber o leite o mês passado a R$ 2,30 e esse mês R$ 1,80. Ou seja, já caiu R$ 0,50 o litro e isso dificulta pra gente”, diz Marcos Antônio que registra uma queda de 20% na produção de leite em decorrência a seca.
Mortes de animais são registradas
A situação em decorrência a seca, causada pelos efeitos do fenômeno El Niño, também é crítica no município de Dom Aquino, que já registra morte de animais.
Na propriedade do produtor Douglas Rocha Souza duas vacas em lactação morreram. O prejuízo é de quase R$ 15 mil para o pecuarista, que teme perder mais animais no plantel por causa da seca.
“Se não bater em cima e tratar, ajeitar de um lado e de outro, a tendência é morrer mais [animais]. Pasto não tem. Ficou muito difícil para tratar o gado. Na época de o leite subir fez foi baixar, fez o ciclo ao contrário”, conta o produtor que possui silagem para cerca de 30 dias ainda.
Na propriedade do pecuarista Alex Sandre Moreira dos Santos, há quase três meses não ocorre “uma chuva boa”. Por lá chegou-se a registrar temperaturas na casa dos 46 graus.
“Aí nada aguenta. Nem animal, nem pasto. O calor está complicado para o animal, a produção que ele produz nas águas hoje está a metade. Estamos torcendo para essa chuva vir logo. Tem que vir boa, porque nós estamos precisando plantar. Eu tenho um pedacinho que planto milho para silagem e estou torcendo para essa chuva vir logo. Está passando da hora”.
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