A Rumo, empresa de logística do grupo Cosan, deu início em novembro a uma das maiores obras extensão ferroviária do Brasil. A Ferrovia de Integração Estadual de Mato Grosso, que será construída com capital 100% privado, sob regime de autorização via contrato firmado entre a empresa e o governo de Mato Grosso, terá mais de 700 quilômetros e custará entre R$ 14 e R$ 15 bilhões.
Assim que for concluída, a ferrovia passará por 16 municípios do estado, terá 22 pontes, 21 viadutos, 2 quilômetros de túneis e 11,5 quilômetros de pontes. Consumirá 1,4 milhão de dormentes e 108 mil toneladas de trilhos.
No entanto, o projeto da empresa mostra que a obra deverá ser construído em etapas. A primeira, iniciada no dia 03 de novembro, terá cerca de 210 km, de Rondonópolis até Campo Verde, ambas em Mato Grosso. Nesta fase, o investimento previsto é de R$ 4 bilhões a R$ 4,5 bilhões, e a previsão de conclusão é até o fim de 2025.
A previsão é da ferrovia chegar em Campo Verde no final de 2025 (primeiro terminal), depois seguir para ramal de Cuiabá e continuar a extensão até Nova Mutum, com previsão de chegada em 2028. E em Lucas do Rio Verde, a estimativa é de chegada em 2030, fim da obra completa.
Segundo o presidente da Rumo, João Alberto Abreu, a importância deste projeto é transformar completamente o nível de competitividade do Brasil para exportar seus produtos.
“Está sendo construído mais de 700 quilômetros de ferrovia no coração do agronegócio brasileiro, no estado que hoje responde por 40% do que o país exporta de grão”, diz.
Abreu explica que atualmente, Mato Grosso conta com 300 quilômetros de ferrovia, estando longe do porto. Por isso, os produtos para exportação ainda têm que descer de caminhão do Norte por cera de 500, 600 e 700 quilômetro, até chegar no primeiro terminal.
O presidente da empresa mostra que ferrovia que está sendo construída alavanque toda a cadeia de valor.
“Empresa de etanol de milho, por exemplo, vai para a beira da ferrovia, constrói a fábrica em um terminal. Nestes locais terão a esmagadora de milho, a produtora de sementes, a fábrica de fertilizantes. Ou seja, se instala uma cadeia de valores que começa a crescer e a ganhar competitividade porque a infraestrutura chegou”, destaca.
Meio ambiente
Outro ponto que Abreu ressalta é que este projeto tem o objetivo de ser uma referência do ponto de vista de sustentabilidade. O modal rodoviário nesta distância emite 80% a mais de CO2, por tonelada transportada, do que o modal ferroviário.
“Descer um trem com 10 mil toneladas de carga, todos os dias, tira 1.200 caminhões das estradas diariamente. A cada tonelada transportada, a ferrovia emite 17 toneladas de CO2 e na rodovia 100 toneladas de CO2”, pontua.
Além disso, o projeto prevê que a obra não chegue perto de nenhuma área de proteção ambiental. Está há mais de 10 quilômetro de reservas indígena e usando tecnologia para mapeamento geofísico e geográfico para não precisar expor trabalhadores em lugares de difícil acesso. “Ao longo da via está sendo construindo mais de 150 pontes vegetais para que os animais e a fauna consiga cruzar a construção. Depois, quando a ferrovia estiver pronta, haverá áreas de cruzamento para um animal não correr risco de ser atropelado”, mostra.
Geração de empregos
A ferrovia vai cruzar 16 município e isso tem um impacto de desenvolvimento. A geração de emprego é uma delas. A expectativa é de criação de 200 mil empregos ao longo do projeto, divido entre diretos e indiretos.
Abreu pontua que novas fábricas serão erguidas, novos projetos serão implementados, ou seja, no pós-ferrovia terá ainda mais geração de empregos. “A grande dificuldade na região é encontrar mão de obra. Mato Grosso e as empresas estão precisando importar trabalhadores de outros estados porque não tem mão de obra suficiente para fazer um projeto dessa envergadura. Estão vindo pessoas do Maranhão, Bahia, Piauí, até imigrantes do Haiti, Venezuela, trabalhando nos projetos de infraestrutura”, conclui.
Ferrovia no Brasil
Segundo o Ministério da Infraestrutura, o entendimento é de que é fundamental e urgente ampliar o transporte de cargas por ferrovias, reduzindo, dessa forma, o custo do frete e da dependência do setor produtivo do transporte rodoviário.
Desde 2019, foram realizadas 2 concessões, 4 renovações e 1 investimento cruzado no setor ferroviário. Em 2021, foram investidos R$ 400,8 milhões em obras públicas no segmento, sendo R$ 388,8 milhões pela Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias S/A e R$ 12,1 milhões por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). A previsão de investimentos em obras públicas para 2022 é de R$ 302,4 milhões pela Valec e R$ 21,6 milhões pelo DNIT.
Entre os investimentos feitos no setor em 2022, destaca-se a construção da Ferrovia de Integração Centro-Oeste, entre Mara Rosa (GO) e Água Boa (MT) por se tratar da primeira obra de grande porte greenfield a partir de uma inovação legislativa, o investimento cruzado em razão de prorrogação antecipada (Art. 25 da lei 13.448/2017) da Estrada de Ferro Vitória-Minas.
A obra está sendo realizada pela Concessionária Vale S.A. e proverá a região central de Mato Grosso de um acesso ferroviário. A extensão estimada do empreendimento é de 383 quilômetros e o investimento previsto é de R$ 2,7 bilhões.
O modelo de autorizações ferroviárias está previsto no Marco Legal das Ferrovias e, desde setembro de 2021, permite à iniciativa privada projetar, construir e operar com recursos próprios empreendimentos ferroviários no país, mediante autorização do Governo Federal.
Com as novas assinaturas, o Minfra contabiliza um total de 32 projetos de ferrovias privadas já autorizadas, com R$ 131,723 bilhões em investimentos previstos e 9.606,7 quilômetros de extensão, cruzando 15 unidades da Federação: PA, BA, MA, PE, PI, ES, MG, RJ, SP, DF, GO, MT, MS, PR, SC.
CNN Brasil