Ações voltadas para a sustentabilidade no campo crescem a cada dia. Na região de Rondonópolis, sudeste de Mato Grosso, mais de 130 mil mudas de árvores foram plantadas nos últimos 12 anos em propriedades rurais. O intuito: a recuperação da mata nativa voltada para a proteção de nascentes. Em algumas já é possível, inclusive, encontrar plantas de segunda geração.
O plantio das mudas de árvores nativas ocorreu em 114 propriedades rurais de nove municípios da região de Rondonópolis, que receberam o projeto Recuperando Nascentes. Ação esta idealizada pela cooperativa de crédito Sicredi Integração MT/AP/PA.
Localizada na divisa dos municípios de Rondonópolis e Itiquira, a Fazenda Gravataí é uma das propriedades participantes do projeto Recuperando Nascentes. Com foco no agro regenerativo, a fazenda conta com 10,3 mil hectares de área total, sendo 72% destinados para as atividades de lavoura, pecuária e floresta, em sistema de integração.
Dentro do ano agrícola são feitas três safras. A primeira com soja, depois milho consorciado com capim e por fim o pastejo dos animais sobre essas mesmas áreas. E agora, conforme o diretor da Gravataí Agro, Odair Fernando Ferrari, a propriedade caminha para a colheita de uma quarta safra.
“Como nós já estávamos fazendo o plantio das plantas nativas, visando o sombreamento para melhorar a qualidade de vida dos animais, no caso com o eucalipto e também em função desses consórcios todos que fazemos de plantas, descobrimos que somos geradores em potencial de créditos de carbono. Essa é a quarta safra que está se iniciando agora em 2024”.
Árvores em segunda geração
Em 2019 um grupo de voluntários plantou cerca de cinco hectares de mudas de árvores nativas na Fazenda Gravataí. O foco foi a recuperação de uma área de proteção permanente.
O engenheiro agrônomo e gerente de produção do grupo, Bento Manoel Ferreira, conta ao MT Sustentável que após o plantio foi necessária muita atenção para que a nova floresta se desenvolvesse.
“A grande dificuldade é você manter essa área em condições da planta se desenvolver, sem haver competição de plantas daninhas, competição de animais silvestres, de insetos, formigas e outras pragas que atacam essas plantas jovens, recém plantadas e muito indefesas”.
Conforme Bento Manoel, por serem plantas nativas o processo de crescimento é lento, levando de três a quatro anos até que tenham uma proteção natural, que ganhem resistência e se protejam por si só, sem a necessidade de interferência humana.
Hoje, cinco anos após o plantio das mudas, a área está completamente diferente. As mudas já se transformaram em árvores adultas e daqui para frente o processo de recuperação ocorre naturalmente. Tanto que já possível observar plantas de segunda geração, filhas de mudas plantadas lá atrás.
Recuperando Nascentes
O projeto Recuperando Nascentes, desenvolvido pelo Sicredi Integração MT/AP/PA, em 2024 completa 12 anos. O vice-presidente da cooperativa de crédito, Antônio Carlos Dourado, explica que quando da criação do projeto foi definido que metade do custo da execução seria da instituição e a outra metade seria o produtor rural.
Ainda de acordo com ele, caso o produtor não consiga arcar com a sua parte, “o Sicredi financia de um jeito que ele possa pagar. É uma satisfação de perceber o tanto que estamos contribuindo em não só recuperar a nascente, mas de dizer para a sociedade que o Sicredi apoia, que o Sicredi está preocupado não só com a sua atividade financeira, mas com as questões sociais e ambientais”.
Canal Rural MT