Já empossado como procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, Deosdete Cruz Júnior justificou a polêmica compra de iPhones para membros do Ministério Público em 2020, mas criticou o modelo de aquisição da administração pública, que nem sempre garante os melhores preços. No entanto, ele afirmou que a compra dos 201 iPhones foi mais barata do que poderia.
Em 2020 o Ministério Público de Mato Grosso comprou, por meio de processo licitatório, 400 aparelhos smartphones por R$ 2.232 milhões. Só para os modelos Iphone 11 pró MAX 256 foram gastos R$ 1.683 milhão. A ação se tornou ainda mais polêmica por ocorrer em meio a pandemia de covid-19, quando a crise sanitária e econômica atingia números recorde, pessoas estavam sem emprego, não havia vacina, hospitais e medicamentos para atender tanta gente.
Em entrevista à imprensa nesta quinta-feira (9), o procurador Deosdete Cruz lembrou da polêmica gerada, mas justificou a compra.
“A questão do iPhone, por exemplo, eu vou trazer uma questão concreta, porque eu acho que é importante nós falarmos sobre isso. Um momento de pandemia, um equipamento seguro. Hoje a gente não recebe mais, praticamente, processo físico, tudo é em meio virtual. Naquele momento os setores técnicos diziam que o equipamento mais seguro é o mais moderno, como eles vão dizer”.
O chefe do MP ainda explicou que a compra acabou ficando mais barata do que poderia, porque o então procurador-geral José Antônio Borges não escolheu o plano mais oneroso.
“O que é que gerou o estresse aqui? Geralmente esses aparelhos vêm embutidos no contrato de telefonia. O procurador-geral fez uma decisão econômica, por mais que tenhamos sofrido todo esse desgaste com a mídia. Ele dissociou, falou ‘não, vai ficar mais barato se eu comprar o celular e tirar isso do pacote’, ficou mais barato, mas gerou todo esse estresse”.
Cada iphone custou R$ 8.376 e foram fornecidos pela Electromarcas Comércio e Importação de Eletrônicos. O procurador-geral esclareceu que, por exemplo, lojas que oferecem o aparelho por preços mais baratos muitas vezes não participam dos processos licitatórios.
“São decisões administrativas que muitas vezes você vai tomar. Compra de computador, às vezes a gente faz uma licitação e as pessoas falam ‘ah, mas esse computador nas Americanas custa R$ 2 mil menos, por que pagaram tanto?’, porque as Americanas não vêm participar do processo licitatório, porque quando você vende para um ente público, você tem obrigações diferentes que as Americanas têm, ou a Magalu, pra vender pra gente”, disse.
O novo chefe do Ministério Público ainda se queixou do modelo de compra e afirmou que o órgão irá continuar tomando decisões que preservem os cofres públicos.
“A administração pública tem umas peculiaridades que realmente a torna ineficiente. Se nós pudéssemos ter um modelo de compra, de gestão diferente, mais próximo do que a gente tem com as nossas economias domésticas seria muito melhor, mas não é assim. Mas nós nos empenharemos sim com controle interno. […] vamos procurar tomar sempre decisões que preservem ao máximo o erário público, que quando o gasto for necessário justificar tanto tecnicamente como para a opinião pública”, afirmou.
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