O presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT), conselheiro Sérgio Ricardo, determinou a realização de uma auditoria operacional sobre violência contra mulher em todos os municípios do estado, durante as comemorações do Dia Internacional da Mulher, nesta sexta-feira (8). Os dados levantados servirão como indicativo de políticas públicas de segurança. A auditoria foi motivada pelos altos índices de violência e falta de dados específicos.
“Hoje, temos 2,5 mil casos de feminicídio a cada 100 mil habitantes, é gravíssimo e não existem dados específicos de cada município. Então, nós vamos fazer uma auditoria completa e ir além de Cuiabá e Várzea Grande”, diz conselheiro.
Na ocasião, Sérgio Ricardo ainda informou que o TCE vai sugerir que cada delegacia, mesmo que não seja específica de atendimento à mulher, tenha um núcleo de atendimento a este público.
“Nós queremos saber, detalhadamente, tudo sobre violência contra a mulher e isso inclui as delegacias. Hoje, nós só temos oito especializadas no atendimento à mulher em todo o estado, fato que precisa ser revisto.”
Por fim, o conselheiro-presidente também destacou o percentual de servidoras que atuam no Tribunal de Contas, vinculando os números à excelência do trabalho desempenhado pelo órgão. “O Tribunal de Contas é uma instituição que tem muita credibilidade, rendimento, mostra resultados e a cada ano evolui no seu papel. Eu credito isso ao fato de que quase 60% dos servidores do TCE são mulheres. Mulheres preparadas, qualificadas e que apresentam resultado na sua área de atuação.”
Ei mulher, o que faz seu coração pulsar?
Intitulado de “Ei mulher, o que faz seu coração pulsar?”, o evento interno foi realizado no auditório da Escola Superior de Contas do TCE-MT e contou com palestras sobre autoconhecimento, equilíbrio nas relações, poder da mulher na sociedade e controle financeiro.
Parceira do evento, a presidente da Associação dos Auditores Públicos Externos do TCE-MT (Audipe), Simony Jin, frisou que as palestras foram pensadas com intuito de ajudar as mulheres a lidar melhor com a sobrecarga resultado dos afazeres diários.
“A proposta hoje é fazer a mulher refletir. Queremos mostrar que existem ferramentas disponíveis para nos conectar ao autoconhecimento e com o coração, resultando em um ambiente de trabalho pleno e na saúde emocional e mental adequada para poder lidar dentro de casa e no ambiente de trabalho.”
Seguindo a linha do autoconhecimento, a instrutora de MindFulness, Wilma Ferreira Bígio, palestrou sobre a relação da técnica e a possibilidade de tornar os dias mais leves. Segundo ela, a correria do dia a dia de uma mulher requer a reserva para o autocuidado. “A intenção é mostrar às mulheres que tudo deve ser feito no seu tempo, sem que ela esqueça dela mesma.”
“Equilíbrio financeiro em conexão com a prosperidade”, foi o tema abordado pela consultora e educadora financeira, Roberta Cássio Pádua. “A intenção foi trazer essa visão da importância do despertar para se ter um equilíbrio financeiro, mas também saber o que está faltando na nossa vida. Fazer escolhas equilibradas e que tragam mais retorno.”
Tendo a sua história de vida como exemplo, a especialista em Neuroconstelação e Terapia de Casais, Bruna Berthodo, palestrou sobre “O equilíbrio nas relações”. Ela destacou a importância do equilíbrio entre a carreira profissional e as relações amorosas. “O número de divórcios infelizmente vem aumentando e é importante falarmos sobre o que motiva essa estatística e trabalhar para que as pessoas se encontrem em seus relacionamentos e o deixe mais leve”.
O ciclo de palestras foi fechado com a fala da secretária de Administração do TCE, Milva Alessandra Cavalheiro, que abordou “A Sabedoria e a Força da Mulher na Edificação do Lar e da Sociedade”. Ela lembrou que muitas mulheres perderam a vida para que hoje ocorra essa celebração. “É um marco de lembrança do passado para não nos deixar esquecer quem somos. Ser mulher é ser mãe, ser esposa, empresária, trabalhadora, ser carinho, amor, acolhimento. Então, dentro disso nós vamos relembrar o nosso papel no nosso lar e na sociedade em que estamos.”
Servidora do TCE há 43 anos, a técnica de Controle Público Externo, Deise Maria de Figueiredo Preza, lembrou que o número de mulheres que fazem parte do quadro de servidores do Tribunal mostra o avanço no mercado de trabalho público e a competência no exercício de suas funções. “Hoje, o TCE tem uma face feminina e diante de um mundo tão violento e injusto, em que mulheres são mortas todos os dias e, muitas vezes, não são aceitas em cargos de chefia, um evento desse porte mostra que tudo que temos feito não é em vão.”
Cartilha
Além da auditoria operacional, o presidente do TCE-MT, conselheiro Sérgio Ricardo, anunciou uma cartilha que trata sobre a temática e que visa auxiliar os gestores na redução destes índices. “Estamos aproveitando este dia para lançarmos algo que já estava nos nossos planos de gestão. Essa cartilha visa colaborar com o combate à violência de todos os tipos, cometidas contra as mulheres.”
O presidente do Tribunal informou que, além de ser distribuído para os servidores do TCE, o material será disponibilizado em todos os locais de serviço público em que houver público feminino. “Estaremos divulgando e cobrando que os gestores estejam colocando essa instrução dentro do órgão”.
A ação foi desenvolvida pela Secretaria Executiva de Gestão de Pessoas, por meio do Núcleo de Qualidade de Vida no Trabalho (NQVT), em parceria com a Audipe e o Sindicato dos Trabalhadores do TCE (Sinttcontas).