O presidente da Empresa Cuiabana de Limpeza Urbana (Limpurb), Júnior Leite, compareceu à Câmara Municipal nesta terça-feira (21) e prestou esclarecimentos sobre as supostas irregularidades envolvendo a Eletroconstro, empresa terceirizada contratada pela Limpurb, que alega o atraso do pagamento.
A convocação do presidente, assim como do dono da Eletroconstro, foi apresentada pelos vereadores Demilson Nogueira (PP) e Dilemário Alencar (Podemos) na última terça-feira (14). Contudo, dois dias depois (16), o vice-líder do governo na Câmara, vereador Luís Cláudio (PP), disse que Leite decidiu comparecer à Casa de Leis voluntariamente.
Sobre a falta de pagamentos, Júnior Leite afirmou que a última nota fiscal emitida pela Eletroconstro foi em 9 de março, referente aos serviços executados em dezembro do ano passado. Ele ainda justificou que a empresa não pode pagar sem fazer as respectivas medições e comprovações de que os serviços foram prestados.
“Em relação a pagamento, não temos muito o que falar da Eletroconstro. Para se ter uma ideia, a última nota emitida pela empresa foi 9 de março, referente a serviços prestados em dezembro do ano passado. E nós não temos como pagar sem receber a medição”, explicou ao plenário.
Leite ainda afirmou que foram protocolados na última semana os serviços referentes à janeiro e nesta segunda-feira (20) os de fevereiro deste ano.
”A Eletroconstro tem vários serviços dentro do contrato, e todos esses serviços são emitidos via uma medição. A partir daí, um, dois, ou três dos 16 fiscais que nós temos hoje na Limpurb fazem a conferência dessa medição para saber e entender se todos os serviços que a empresa está cobrando estão de acordo com o que foi prestado”, pontuou.
O parlamentar Demilson Nogueira (Progressistas) informou que irá entrar com um requerimento na prefeitura cobrando documentos referentes aos pagamentos do executivo municipal à empresa terceirizada. O legislador ainda acusou a gestão de ”pedalada fiscal” nos anos de 2021 e 2022. Além disso, Nogueira apresentou um relatório com questionamentos sobre os serviços prestados da Secretaria Municipal de Obras Públicas.
”Vou fazer um requerimento e seja enviado à Comissão de Fiscalização e Acompanhamento de Execução Orçamentária as cópias das notas fiscais emitidas nos últimos oito meses, bem como os comprovantes de pagamentos. Precisamos elucidar essa questão a envolver essa empresa”, garantiu.
A vereadora Maysa Leão (Republicanos) e Júnior Leite chegaram a se desentender durante a oitiva. A parlamentar afirmou estar vivendo na ”pior Cuiabá de todos os tempos”. Segundo a legisladora existem irregularidades visíveis na administração pública da Capital, e foi rechaçada pelo presidente da Limpurb.
”Eu discordo 100% do que falou aqui. Nós também andamos muito, talvez, tanto quanto ou mais do que a senhora dentro da cidade de Cuiabá. Nós temos inúmeros bairros, neste momento, sendo feitos mutirões de limpeza – de córregos, áreas públicas, campos de futebol, praças. Evidentemente, a cidade tem mais de 400 bairros num período de chuva intensa, coisa que pouco se viu nesse município e nós estamos fazendo todo o possível”, disparou.
”Sei que a senhora não tem obrigação de saber, apesar de eu achar que deveria, mas uma empresa que limpa a cidade não é um funcionário, um cidadão, dois ou três funcionários que você tem que gerir dentro da cidade. Uma operação de limpeza dentro de uma cidade como essa aqui, depende de muito comprometimento”, emendou.
Por sua vez, Maysa rebateu Júnior: ”Sim, eu sei como funciona a contratação de uma empresa desse porte, como funciona um orçamento desse tamanho. Porque eu tive o cuidado de estudar, antes de me tornar vereadora. Então, estou falando aqui com propriedade e, em nenhum momento, eu desqualifiquei a pessoa Júnior Leite. […] Eu acho sim que Cuiabá está no lixo”, argumentou.
O caso
No dia 13 de março, aproximadamente 30 motoristas de caminhão da empresa Eletroconstro, terceirizada da Empresa Cuiabana de Zeladoria e Serviços Urbanos (Limpurb), paralisaram as atividades, alegando que estavam sem receber salários há seis meses, o que totalizaria R$ 2 milhões.