O delegado Guilherme Pompeo, de Tapurah (a 398 km de Cuiabá), afirmou que o grupo formado por quatro advogados, um policial militar e integrantes de uma facção monitorava as ações da Polícia Civil e Militar em tempo real, inclusive com o compartilhamento de fotos das viaturas.
“Chegou ao ponto de ter a foto de nossa viatura dentro de uma casa, em Tapurah, e o advogado já ter acesso a essa imagem e replicar para as lideranças [da facção]”, disse Pompeo.
O grupo foi preso na terça-feira (12), durante a Operação Gravatas, deflagrada em Sinop e Cuiabá. Na ação, a Polícia ainda apreendeu R$ 100 mil em espécie na casa de uma das advogadas.
Eles foram identificados como os advogados Hingritty Borges Mingotti, Tallis de Lara Evangelista, Roberto Luís de Oliveira, Jéssica Daiane Maróstica e o soldado da PM Leonardo Qualio.
O delegado afirmou que, além auxiliarem a facção em questões jurídicas, os advogados também atrapalhavam as investigações.
“Os advogados não atuaram no direito de defesa, que está previsto na Constituição. Eles não tinham uma relação ética e legal com os clientes. Eles faziam diversos levantamentos de autos de prisão em flagrantes, relatórios policiais, mandados de prisão em aberto”, disse Pompeo.
“E o pior: eles intermediavam a comunicação entre os líderes faccionados presos e aqueles que eram presos pela Polícia Civil e Militar. Então, os advogados serviam como elo de comunicação entre esses criminosos”, acrescentou.
Já sobre o policial militar, o delegado disse que ele era responsável por conseguir, de forma escusa, boletins de ocorrência que posteriormente eram repassados aos líderes faccionados detidos em um presídio em Cuiabá.
“O policial militar, infelizmente, compartilhou dezenas de boletins de ocorrência ilegalmente. Ele não tinha atuação em Tapurah, Sorriso. Era lotado aqui em Sinop e enviava aos advogados, que, por sua vez, replicavam às lideranças que estão presas”, contou.
“As informações do B.O. são sensíveis. Tem o nome do condutor, material apreendido. […] os faccionados que estavam dentro do sistema prisional já sabiam em tempo real o que estava acontecendo na rua”, completou.