A Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), apresentou um levantamento geológico realizado no Portão do Inferno, localizado às margens da MT-251, em Chapada dos Guimarães (a 65 km de Cuiabá), onde aponta alto risco de acidente geológico. Conforme os pesquisadores, entre os meses de fevereiro e março de 2022 foram encontradas, inclusive, trincas no asfalto e alertaram para a instabilidade da fundação do trecho.
Um dos apontamentos é que a encosta onde foi fixada a estrutura da rodovia, que se situa abaixo do leito do asfalto, está exposta a processos como erosão, intemperismo e enxurradas, o que pode comprometer a sustentação da estrada. O documento ainda menciona a dificuldade de realizar vistorias para avaliar a estabilidade da obra em virtude do difícil acesso.
A avaliação de risco, feita ao longo de 44 páginas, contudo, também traz outras preocupações com relação à área situada no KM 44 da MT-251 a 16 quilômetros da cidade de Chapada dos Guimarães. Um dos fatores levantados pelos pesquisadores são as movimentações de massa que consistem no desprendimento blocos ou lascas da estrutura rochosa em movimento de queda livre.
Segundo o estudo, a ocorrência desse processo está condicionada a presença de afloramentos rochosos em encostas íngremes e abruptas, sendo potencializadas pela amplitude térmica que provocam a dilatação e contração da rocha. O processo pode ser agravado também pela ação humana, sobretudo pelo tráfego de veículos pesados que ainda transitam pela região.
Outros dois fatores considerados de risco foram os tombamentos e rolamentos de blocos. No caso dos tombamentos, o evento ocorre no topo da encosta quando processos erosivos provocam fraturas na rocha. Eventos pluviais exorcismais, isto é, o alto volume de chuva na região, como o que foi registrado em 2022, também pode concorrer para tornar as condições propícias ao tombamento.
O rolamento, por sua vez, ocorre naturalmente quando a erosão retira o apoio da base da encosta. Os rolamentos, por sua vez, estão ligados também às enxurradas associadas aos níveis da chuva no terreno naturalmente íngrime.
Diante desses fatores e dos achados como rupturas (trincas) no asfalto, deslocamento do guarda-corpo e a presença de blocos rolados às margens da rodovia, a equipe da Metamat chegou à conclusão que a região do Portão do Inferno se enquadra no risco geológico R4, o mais grave de todos.
Os pesquisadores também apresentaram medidas que podem mitigar o risco muito alto para acidentes. O documento cita a necessidade de obras de contenção, proteção de superfície, sistema de alerta e monitoramento, estabilização dos taludes, drenagem e a eventual relocação da rodovia.
A Metamat defendeu ainda uma série de medidas não-estruturais que incluem campanhas de conscientização e fortalecimento da defesa civil.
O PORTÃO DO INFERNO
O Portão do Inferno é um mirante na rodovia que dá acesso à cidade da Chapada dos Guimarães, à margem do km 46 da Rodovia Emanuel Pinheiro (MT-251), no sentido Cuiabá a cidade de Chapada dos Guimarães.
Neste local, um promontório de rocha arenítica intemperada, se destaca, como um paredão ao lado leste da rodovia; enquanto, a oeste, a poucos metros do leito da estrada, a rodovia beira um precipício com mais de 50 metros de profundidade.