Pecuaristas pantaneiros utilizam técnica para evitar ataque de onça pintada

No coração do Pantanal, a Fazenda Pôr do Sol no município de Poconé, iniciou um projeto para a criação de gado em 2014. A região é conhecida pelo turismo devido a quantidade de onças no local o problema, é que muitas vezes elas acabam atacando os animais. Pensando nisso, foi realizada uma alternativa para evitar o ataque do animal. 

Ao todo, a propriedade já possui 800 cabeças de gado, predominantemente, da raça nelore. O pecuarista Elizeu da Silva, comenta que é preciso saber criar gado no Pantanal, uma vez que o bioma oferece várias opções. 

“O maior vilão que tínhamos aqui, na área da pecuária, era a onça. A maioria do pessoal do baixo Pantanal vive mais do turismo da onça que da própria pecuária. Se você for capaz de colocar a pecuária junto com essa preservação, com conservação e manejo diferenciado… Você vai produzir sem precisar matar”, pontua.

O manejo do Elizeu consiste em isolar a presa do predador. Na fazenda, todos os dias, no fim da tarde, o gado é recolhido. Principalmente, vacas e bezerros. Os animais passam a noite dentro de um curral com cerca elétrica. 

A técnica foi testada pelo médico veterinário e pesquisador, Rafael Hoogesteijn, que por muitos anos trabalhou na Panthera Brasil, organização não governamental que se dedica ao estudo e conservação de felinos selvagens. 

Ele explica que matar a onça não resolve o problema. É uma solução temporária, ilegal e não resolve.

“Na Colômbia, nós provamos que fazer corredores de cerca elétrica, ao longo da mata ciliar, faz com que a onça não entre na invernada do gado. O gado não vai tomar água, nem tampouco comer dentro da floresta, só fica na invernada. Cerca elétrica é um sistema que bem gerido funciona 100%.”, comenta. 

A 130 quilômetros da propriedade, já próximo à Poconé, o sistema de curral com cerca elétrica foi adotado por outra fazenda. 

O médico veterinário Paul Raad, coordena uma pesquisa sobre a onça pintada para ajudar os pecuaristas a proteger o gado e evitar retaliações contra o felino. Com equipamento especial, flagrou um momento importante: dois filhotes, já crescidos, se aproximando do curral.

“Eles estavam querendo aprender a caçar o bezerro. Com o sistema, recebeu choque elétrico e desistiu. Abandonou a caça.”, disse Paul. 

Ele conta que chegou no estado em 2022 e na época, não tinha cerca elétrica. Sem essa técnica, chegou a perder aproximadamente 30 bezerros. Já neste ano, a propriedade conta com duas cercas elétricas, e a onça conseguiu atacar apenas um bezerro.

Canal Rural MT

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