O Conselho Regional de Farmácia do Estado de Mato Grosso (CRF-MT) emite um alerta importante à população, destacando o perigo da combinação de bebidas alcoólicas com medicamentos, assim como o uso dos denominados “kits ressaca” durante o período carnavalesco. Com o consumo excessivo de álcool sendo uma tendência durante o Carnaval, o CRF-MT ressalta a importância de buscar orientação farmacêutica antes de tomar qualquer medicamento, inclusive aqueles disponíveis sem necessidade de prescrição médica.
De acordo com as normas vigentes da ANVISA, a divulgação e comercialização do famoso “Kit Ressaca” (embalagem promocional que contém medicamentos hepatoprotetores, antiácidos, antieméticos, analgésicos) são irregulares, pois não há registros que garantam a segurança para uso dessas associações, não se sabendo ao certo como os fármacos interagem entre si, bem como os efeitos indesejáveis deles na saúde do usuário.
As dores de cabeça, os enjoos e tonturas da “ressaca” podem levar à busca de um alívio rápido sem se importar com os perigos a que estão expostos. A mistura de analgésicos com álcool, por exemplo, pode resultar em sangramentos no estômago e perda da coordenação motora. Já uma superdosagem de paracetamol eleva o risco de danos ao fígado.
Os Riscos da Automedicação
Algumas pessoas podem ter sintomas como dor, febre e tosse durante o Carnaval e erroneamente atribuí-los a excessos cometidos durante a festividade, levando à automedicação. Entretanto, é essencial compreender que tais sintomas representam mecanismos naturais de defesa do organismo e podem indicar problemas mais sérios que requerem avaliação médica precisa. Portanto, somente um médico pode realizar essa avaliação de forma adequada.
O uso de medicamentos sem orientação adequada pode resultar em complicações graves, uma vez que sintomas aparentemente simples podem indicar condições médicas sérias. Por exemplo, uma dor de cabeça aparentemente comum pode na verdade ser um sintoma de meningite, uma infecção bacteriana ou viral. Da mesma forma, a presença de febre pode sugerir problemas sérios de infecção, enquanto uma tosse persistente pode ser um sinal de pneumonia. Em situações como essas, a automedicação pode ser perigosa. Por exemplo, uma pessoa pode confundir uma dor na parte posterior dos olhos com um sintoma de ressaca, quando na verdade pode ser um sinal de dengue. Nesse cenário, o consumo de ácido acetilsalicílico (aspirina®, AAS®, entre outros) sem assistência farmacêutica pode resultar em sangramento grave e até mesmo levar à morte.
Interações Perigosas:
• Analgésicos + álcool = irritação da mucosa do estômago, hemorragia gastrointestinal, tonturas e perda da coordenação motora.
•Antiácido + Contraceptivo oral (anticoncepcional) = redução do efeito do contraceptivo pela diminuição da absorção.
Riscos de Superdosagem:
Paracetamol (analgésico e antitérmico) – Pode causar lesões no fígado. Se utilizado com anti-inflamatórios pode aumentar as chances de intoxicação.
Dipirona Sódica (analgésico e antitérmico) – Pode causar alergias e alterações sanguíneas que podem levar à hospitalização e até à morte.
Ácido acetilsalicílico (AAS® – analgésico e anti-inflamatório) – Náuseas, vômitos, diarreia, dor de estômago, gastrite, hemorragia gástrica e urticárias. O uso prolongado e em dose excessiva pode predispor a danos renais. Pode induzir crises em pacientes com asma e alergias.
Assim, o CRF-MT ressalta a importância de consultar um farmacêutico antes de utilizar qualquer medicamento, inclusive aqueles disponíveis sem prescrição médica e encontrados no autoatendimento das farmácias.