Mirian Ribeiro, especial para o CN
No dia 09 de abril é celebrada a Páscoa. A data é comemorada em todo o Brasil. Essa festividade religiosa significa a passagem da morte para a vida, a ressurreição de Cristo.
Na igreja Católica a preparação para Páscoa começa com a quaresma, que é considerada como tempo de reclusão e penitência. O intuito desse momento é de remissão e reflexão. Durante quarenta dias, os católicos se dedicam ainda mais em oração, jejum e esmola. Essas ações os ajudam a se reconciliarem com Deus.
A Páscoa encerra o período da quaresma e é iniciada como a Semana Santa, ao qual recorda a última ceia de Jesus com os discípulos e os caminhos que ele percorreu até a sua morte e ressurreição.
A comemoração da Páscoa é um ritual da igreja católica e o site Cuiabá Notícias entrevistou líderes de outras religiões, como: Espírita Kardecista, Evangélica e Muçulmana, para saber qual é a visão de cada um sobre essa celebração.
Religião Católica
O Padre Luciano Luciano Braga Simplício, da paróquia São José, no município de São José do Rio Claro, explicou sobre a fé e o significado da Páscoa para a religião católica no dia a dia.
“Como a nossa fé católica nasceu da fé judaica, nós fazemos memória da Páscoa dos judeus todos os anos”, disse.
Segundo ele, cada missa que se celebra é memorial da Páscoa e a igreja resgata a história do povo de Israel que saiu do Egito em busca da terra prometida, da escravidão para a libertação. Ele justifica que este é por isso que a Páscoa significa passagem.
O padre informou ainda que todos os finais de semana, nos domingos, principalmente, a igreja celebra a Páscoa.
“A igreja tem este costume, de celebrar uma vez por ano, com mais solenidade. A Páscoa é celebrada com intensidade na Semana Santa, que é a semana mais importante da nossa fé, porque nós celebramos o grande mistério da nossa fé. Paixão, morte e ressurreição de Jesus. A mensagem que nós tiramos e levamos para as pessoas em relação a Páscoa é que a nossa vida de certa forma é uma Páscoa constante”, declarou.
Para finalizar, Luciano disse que da data festiva para a igreja tem o importante significado de recomeço e de mudança de vida.
“Nós precisamos viver estas passagens com bastante confiança na pessoa de Deus, a passagem maior que nós faremos será da vida para a morte e depois da morte para a ressurreição que é a vida eterna. Fulano fez a sua Páscoa. Fulano saiu desta vida para uma vida melhor. E nós precisamos lembrar o povo desta Páscoa que diariamente nós fazemos e a Páscoa que definitivamente nós faremos um dia”, completou.
Religião Espírita Kardecista
Segundo o Wennder Tharso Oliveira da Silva Martins, dirigente da Lar Espírita Auta de Souza, o espírita kardecista segue os ensinamentos de Jesus Cristo, mas não celebra a Páscoa, já que não acreditam na ressurreição, mas sim na reencarnação.
“Dentro da doutrina Espírita Kardecista, não acontece a celebração da Páscoa. Não há nenhum tipo de formalidade ou celebração da data, embora aproveitemos a ocasião para falarmos ainda mais sobre Jesus e a renovação de nós mesmos. Em nossas aulas de evangelização, falamos sobre o tema de forma a abandonar as simbologias e ressaltar a vida de Cristo.”
O Dirigente também explica um pouco sobre a reencarnação, ao qual os espíritas kardecistas acreditam.
“Para o espiritismo não existe a ressureição. Essa é uma questão já elucidada por Allan kardec em suas obras, mas principalmente no livro “A gênese, os milagres e predições segundo o Espiritismo”. Ressureição seria o fato de um corpo já morto voltar a vida, enquanto a reencarnação nos explica que o espírito (que continua vivo mesmo após a morte do corpo) pode voltar em outra oportunidade à terra, com um outro corpo especialmente formado para ele, isto é, a partir do nascimento. O espírito renasce dessa forma, com bagagens intelectuais, morais, mas também com erros a reparar.”
Religião Muçulmana
Os muçulmanos acreditam em Jesus, mas não celebram a Páscoa. É o que diz o Sheikh Abu Malik, líder da Mesquita de Cuiabá.
Ele falou um pouco de como Jesus é visto na religião muçulmana e compartilhou algumas celebrações que praticam durante o ano.
“Jesus (ou Isa, em árabe) é uma figura importante no Islamismo, sendo considerado um dos principais profetas enviados por Allah (Deus) para guiar a humanidade”.
No Islam, Jesus é visto como um mensageiro que pregou a mensagem de Deus e realizou milagres, mas não é visto como a encarnação de Deus ou como o filho de Deus, como é na tradição cristã. Além disso, na visão islâmica a crucificação de Jesus difere da crença cristã, pois no Islam é acreditado que Jesus não foi morto na cruz, mas sim elevado aos céus por Deus.
“Allah disse no sagrado alcorão (E por seu dito: “Por certo, matamos o Messias, Jesus, Filho de Maria, Mensageiro de Allah.” Ora, eles não o mataram nem o crucificaram, mas isso lhes foi simulado. E, por certo, os que discrepam a seu respeito estão em dúvida acerca disso. Eles não têm ciência alguma disso, senão conjeturas, que seguem. E não o mataram, seguramente. Mas, Allah ascendeu-o até Ele. E Allah é Todo-Poderoso, Sábio.) Jesus é mencionado no Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, e é amplamente respeitado e honrado pelos seguidores do Islam. A referência do verso mencionado no texto acima 4:157 “, disse.
Portanto, a Páscoa não é uma celebração religiosa islâmica, já que o evento central da Páscoa cristã é a ressurreição de Jesus, que não é visto pelos muçulmanos como sendo divino e nem que morreu na cruz. Porém, existem duas datas importantes no calendário islâmico: Eid al-Fitr e Eid al-Adha.
Eid al-Fitr é a celebração que marca o fim do Ramadã, o mês sagrado de jejum para os muçulmanos. É uma ocasião de alegria e gratidão pela conclusão bem-sucedida do mês de jejum e de reflexão espiritual. A data é determinada com base no calendário lunar. Este ano, em 2023, o Eid al-Fitr vai ocorrer no dia 21 de abril.
Eid al-Adha, por sua vez, é a celebração do sacrifício e da generosidade, que homenageia a disposição do profeta Abraão (Ibrahim, em árabe) de sacrificar seu filho como um ato de obediência a Deus. A festa é celebrada durante o Hajj, a peregrinação anual a Meca, e envolve o sacrifício de um animal, que é distribuído entre os pobres e demais pessoas. A data também é determinada com base no calendário lunar.
Religião Evangélica
Para os evangélicos da Igreja Batista, a Páscoa também é celebrada. Segundo o pastor Zildomar Varanda, é um momento de muito louvor, oração e de festa, em um culto especial.
“Celebramos a Páscoa realizando culto de celebração, com música, teatro e a Ceia do Senhor. Nos alegramos pelo amor que Jesus demonstrou por nós. A ceia nos faz lembrar do sacrifício de Jesus e da sua promessa, que morreu por nós, ressuscitou e voltará para resgatar sua igreja.
Para o pastor, a Páscoa é sinônimo de renovação. “Deus nunca desistiu do seu povo, em toda Escritura (Bíblia) Ele se revela e ouve o povo quando clama por libertação. Ele é o nosso libertador, nosso Cordeiro Pascoal”, disse.
Ele informou ainda que a Igreja Batista não tem o costume de comemorar a Páscoa como os católicos. Mas celebram dando ênfase para o significado da Páscoa, “lembrando de tudo o que Deus fez e faz por nós”, conclui.