MT pode ter prejuízo de R$ 23 bilhões com moratória

O presidente da Associação dos Produtores de Soja em Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Beber, afirmou que a moratória da soja pode causar um prejuízo de R$ 23 bilhões à receita do Estado. A declaração foi feita na tarde desta terça-feira (28) durante um seminário cujo objetivo foi encontrar estratégias para favorecer os produtores rurais de Mato Grosso.O evento contou com representantes dos Três Poderes e entidades do agronegócio. 

“Há estudos que falam que o impacto chega a quase R$ 23 bilhões na economia do Estado, causado pela moratória, não estimulando produtores em áreas novas que poderiam plantar respeitando o código florestal. Eles acabam sendo inibidos da produção de soja nessas áreas, tendo menor ganho econômico, desvalorizando a sua terra e patrimônio”, disse.

Beber ainda disse que empresas compradoras de soja formam um cartel para favorecerem o mercado europeu, o que prejudica os produtores locais.

Por causa disso, ele cobrou que o Governo Federal apresente propostas para proteger e fomentar o agronegócio.

O cartel é um crime baseado no acordo, explícito ou implícito, entre empresas que buscam controlar o mercado ao determinarem preços e limitarem a concorrência. Essa prática pode prejudicar os consumidores ao aumentar os preços dos produtos e restringir a oferta deles.

“As empresas que são responsáveis por 94% da compra de grãos, de forma parecida com o cartel, não compram dos produtores, não dando opção para eles, porque a maioria dessas empresas está aliada para atender o mercado europeu”, afirmou.

“Precisamos de ação, de abrir novos mercados para que não fiquemos refém dessas empresas. Lembrando também que muitas Organizações Não Governamentais [ONGs] mal intencionadas estão no país sobrepondo a nossa legislação e penalizando os produtores de maneira injusta. Precisamos acabar com isso e, para isso, é necessária a ação do Ministério da Agricultura e do Meio Ambiente”, completou.

A Moratória da Soja

A Moratória da Soja foi firmada em 2006 e é coordenada pelo Grupo de Trabalho da Soja (GTS) que reúne membros da iniciativa privada e do setor civil.

O objetivo do pacto é preservar o bioma amazônico, que ocupa 53% do território mato-grossense, fazendo com que as empresas signatárias comprometam-se a não comprar soja de agricultores apontados como desmatadores.

Os produtores, no entanto, afirmam que o Código Florestal brasileiro já é restritivo o suficiente e questionam se o pacto comercial não estaria sendo mais rígido do que a legislação.

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou na quarta-feira (22), em primeira votação, um projeto de lei que aprova o corte de incentivos fiscais a empresas ligadas à moratória. O presidente da Aprosoja, no entanto, classificou a medida como insuficiente.

“Ainda não é suficiente, eles [signatários da moratória] devem ter algum tipo de contra-ataque que possa prejudicar os produtores, mas nós vamos buscar todas as medidas e acabar de vez com essa injustiça”, avaliou.

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