MT é o estado que mais desmatou a Amazônia e teve alta histórica em focos de calor

Dentre os nove estados que compõem a Amazônia Legal, Mato Grosso foi o que mais desmatou o bioma nos dois primeiros meses de 2024, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) nesta segunda-feira (18).

Além disso, um levantamento feito pelo Instituto Centro de Vida (ICV) mostra que o Estado registrou 1.710 focos de calor em janeiro e fevereiro deste ano, sendo que, em 92% das ocorrências, o fogo foi utilizado em práticas agropecuárias, seja para a “limpeza” de áreas recentemente desmatadas ou para fragilizar a vegetação nativa visando ao desmatamento.

Os quase dois mil de focos de calor levantados nos primeiros dois meses de 2024 representam uma alta histórica, sendo a maior incidência desde 1999, ou seja, dos últimos 25 anos. 

Segundo o Imazon, as altas taxas no desmatamento são devido ao avanço do agronegócio, especialmente nos municípios Feliz Natal, Nova Maringá, Juína, Juara, Marcelândia e Canarana, todos com presença na lista dos 10 que mais destruíram a floresta em janeiro ou fevereiro. Os dois últimos, Marcelândia e Canarana, inclusive apareceram em ambos os meses nesses rankings.

Já o estudo do ICV demonstrou que os municípios com mais focos de calor são Cáceres, com 127, com o maior percentual da lista, 7,4%; Brasnorte, com 92 focos de incêndio, o que representa 5,4%; Nova Maringá, com 89 (5,2%); Feliz Natal, com 64 ocorrências e 3,7%; Querência, com 58 focos de calor registrados ou 3,4%; Paranatinga, com 53 e 3,1%; Nova Ubiratã, 51 (3%); Gaúcha do Norte, com 47 e 2,7%; Marcelândia, que teve 43 registros, ou seja 2,5%, e Canarana, com 42 focos de incêndio (2,5%).

É possível perceber que algumas cidades convergem e aparecem nos dois estudos, como é o caso de Feliz Natal, Nova Maringá, Marcelândia e Canarana.

O ICV ainda apontou que dos 10 municípios com maior ocorrência de focos de calor, nove estão localizados no bioma Amazônia e que apenas 8% dos focos de incêndio ocorreram no período de queimadas permitidas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT).

Dos incêndios, 1.455 ocorreram em imóveis rurais e privados, o que representa o maior percentual das incidências, com 85,1%; cento e trinta e quatro foram em áreas não cadastradas (7,8%); quarenta e três, em assentamentos (2,5%); trinta e dois, em unidades de conservação (1,9%); trinta e seis, em terras indígenas (2,1%), e 10 em área urbanizada (0,6%).

Já a pesquisa do Imazon sobre o desmatamento indicou que Mato Grosso, Roraima e Amazonas são os estados com maior índice de área abatida. Juntos, os estados somam 152 km² de florestas derrubadas no bimestre, o que representa 77% de toda a destruição detectada na Amazônia. No entanto, Mato Grosso tem a maior porcentagem, com 32%, enquanto Roraima registrou 30% e o Amazonas, 16%.

Mas, apesar dos números alarmantes, o estudo do Imazon também comprovou que o primeiro bimestre de 2024 encerrou com a menor derrubada do bioma amazônico nos últimos seis anos, desde 2018. Conforme o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, a devastação em janeiro e fevereiro atingiu 196 km², 63% a menos do que nos mesmos meses em 2023, quando foi detectada a destruição de 523 km².  Além disso, a pesquisa mostrou que os três estados conseguiram reduzir os índices de desmatamento, se comparado com o mesmo período no ano passado, em que Mato Grosso registrou 59%.

Por meio de nota, o Corpo de Bombeiros Militar informou que Mato Grosso está passando por um período atípico, com pouca incidência de chuvas e baixa umidade, o que faz com que o material orgânico seco se acumule e facilite a combustão. Além disso, afirmou que o governo do Estado investiu mais de R$ 200 milhões em ações preventivas e no combate de crimes ambientais.

Já a Sema infomrou à reportagem que se pronunciaria, mas o retorno não aconteceu até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto.

VEJA A NOTA DOS BOMBEIROS NA ÍNTEGRA

“O Corpo de Bombeiros Militar esclarece que Mato Grosso passa por um período atípico desde o final de 2023, com pouca incidência de chuvas e baixa umidade. Com isso, o material orgânico seco, como a turfa, se acumula, o que facilita a combustão. Em cinco anos, o Governo do Estado investiu R$ 240 milhões em ações de prevenção e combate a crimes ambientais.

O orçamento para o combate ao desatamento ilegal e incêndios florestais em 2024 está em fase de elaboração. Desde 2019, foram aplicados R$ 835 milhões em multas por uso irregular do fogo. Além disso, somente para o Corpo de Bombeiros, Governo de Mato Grosso destinou R$ 105 milhões em: 350 viaturas, caminhões auto tanques, quadriciclos e embarcações compradas ou alugadas; 3,9 mil equipamentos para combate aos incêndios; Entrega do Batalhão de Emergências Ambientais, em Cuiabá, com centro de monitoramento por satélite; Novas unidades do Corpo de Bombeiros em Cuiabá, Sinop, Poconé e Santo Antônio do Leverger”.

Acesse o grupo do Cuiabá Notícias no WhatsApp e receba notícias atualizadas

  (CLIQUE AQUI)

“Ao comentar você declara ter ciência dos termos de uso de dados e privacidade
do Portal e assume integralmente a responsabilidade pelo teor do
comentário. “

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *