Um dos relatórios do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), acusou o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), de tentar interferir nas investigações em andamento contra ele. Conforme o MP, o prefeito e os ex-secretários Gilberto Cardoso, Milton Corrêa e Célio Rodrigues utilizaram-se da influência sobre as policias estadual e federal para tentar obter informações sigilosas e atravancar os trabalhos. A informação foi revelada via interceptação no celular de Pinheiro.
No pedido de aplicação de medidas cautelares que resultou no afastamento de Emanuel Pinheiro por seis meses, por indícios de chefiar organização criminosa que “sangrou” os cofres da saúde da capital, o promotor Carlos Roberto Zarour Cesar, que assinou o requerimento, destacou que relatório produzido pelo Grupo Operacional Permanente (GOP) do Ministério Público revelou o poder de influência de Emanuel.
Segundo o MP, o celular de Emanuel foi interceptado e as investigações flagraram, em agosto de 2023, uma conversa entre ele e um escrivão da Polícia Judiciária Civil, à época lotado na Delegacia de
Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública.
Inicialmente o escrivão R.O.M.M. afirma ao prefeito que é homem de confiança de um delegado, e agendou uma reunião entre ambos, que de fato ocorreu. Após informar questões internas da delegacia onde trabalha, o escrivão avisa Pinheiro sobre o retorno de uma autoridade policial que iria frear as investigações em seu desfavor.
“Menciona o sobredito Relatório que R. menciona que o retorno do Delegado à Delegacia de Combate à Corrupção – DECCOR iria favorecer ao prefeito, quando afirma que o citado delegado frearia as investigações em desfavor do prefeito, pois justificaria uma provável troca de favores ao solicitar intermediação do prefeito visando a celeridade de uma decisão por um Desembargador que por consequência agilizaria o retorno do delegado”, diz trecho do documento.
O promotor Carlos Roberto Zarour, considerou os fatos gravíssimos e usou como prova contra Emanuel para o imputar o comando da organização criminosa em questão, ainda composta pelo seu assessor executivo da Secretaria Municipal de Governo de Cuiabá e braço direito, Gilmar Cardoso e pelos ex-secretários Célio Rodrigues e Milton Corrêa da Costa.
Já a Deccor, em fevereiro deste ano, acostou tal conversa no relatório que apresentou no último dia 15, demonstrando possível manobra de Emanuel para aparelhar a Polícia Judiciária Civil em seu favor, em comunhão com o escrivão, usando da autoridade do delegado para interromper as investigações que pesaram contra si, em troca de suposta influência que teria como prefeito para conseguir decisão judicial favorável ao referido delegado.
Diante dos fatos, o desembargador Luis Ferreira, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), afastou, nesta segunda-feira (4), o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), por seis meses, pela suposta prática de organização criminosa. Para Zarour, ele é chefe do grupo que atuou com objetivo de causar “sangria dos cofres públicos”, sobretudo na pasta da Saúde municipal. O prejuízo estimado ao erário seria de R$ 350 milhões.
Afastado do cargo, Pinheiro também foi proibido de se ausentar da capital sem autorização do Poder Judiciário. Ainda conforme a decisão, Emanuel não pode manter contato, por qualquer meio, de forma direta ou por intermédio de outra pessoa, com servidores e agentes políticos, como secretários.