O mototaxista de aplicativo Daferson da Silva Nunes, de 36 anos, foi encontrado morto nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (22), em uma estrada vicinal na região do Sucuri, em Cuiabá. A vítima, que estava com as mãos amarradas e apresentava marcas de tiros. Segundo informações preliminares, ele havia sido acusada de estuprar uma jovem durante uma corrida por aplicativo, ocorrida na noite de segunda-feira (20).
Segundo a polícia, documentos e cartões bancários foram localizados junto ao corpo, o que permitiu sua identificação ainda no local.
A Polícia Civil trata o caso como homicídio com características de execução, já que não houve sinais de roubo e todos os pertences de Daferson foram preservados.
Dois dias antes de ser encontrado morto, Daferson havia se tornado alvo de uma denúncia de estupro feita por uma jovem que utilizou o serviço de transporte por aplicativo.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado pela mulher, ela teria solicitado uma corrida por volta das 23h30 de segunda-feira (20), saindo do Shopping Estação, em Cuiabá, com destino ao bairro Paiaguás, em Várzea Grande.
Durante o trajeto, o motociclista teria alterado a rota e seguido por uma estrada de chão próxima à Estrada da Guarita. Segundo o relato, ele perguntou se ela tinha namorado, mandou que descesse da moto e, em seguida, a violentou sexualmente.
Após o crime, a jovem disse que o agressor perguntou se ela “gostou”. Abalada, registrou a ocorrência e o caso começou a se espalhar rapidamente pelas redes sociais, com mensagens, fotos e o nome de Daferson circulando em grupos de motociclistas e aplicativos.
A defesa do mototaxista
Na manhã de terça-feira (21), menos de 24 horas antes de sua morte, Daferson procurou a Delegacia de Polícia Civil para negar as acusações e denunciar difamação.
Em seu depoimento, o mototaxista afirmou que havia sido alertado por um primo sobre mensagens com sua foto e nome circulando em grupos de motociclistas, acompanhadas de um áudio o acusando de estupro.
Daferson confirmou que realizou uma corrida para uma passageira com o mesmo nome da denunciante, mas contou uma versão completamente diferente dos fatos. Segundo ele, durante o trajeto, a mulher teria o assediado, tocando em sua cintura.
Diante da situação, disse ter pedido para que ela “se comportasse de forma adequada”, momento em que a jovem começou a chorar e pediu para descer da moto. Daferson relatou ainda que cancelou a corrida para evitar prejuízo à passageira e negou qualquer tipo de agressão sexual.
O mototaxista registrou a ocorrência para formalizar sua defesa e pediu providências, afirmando que as publicações estavam “destruindo sua imagem” e colocando sua vida em risco.
O desaparecimento e a execução
Poucas horas após o registro na delegacia, Daferson desapareceu. Na desta quarta-feira (22), seu corpo foi encontrado em uma estrada de difícil acesso na região do Sucuri, zona rural de Cuiabá.
Equipes da Polícia Militar e da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) estiveram no local e isolaram a área para os trabalhos da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Segundo os investigadores, as características da cena, mãos amarradas, tiros à curta distância e ausência de roubo reforçam a hipótese de execução.
O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para a realização dos exames de necropsia.
Até o momento, nenhum suspeito foi identificado ou preso, e o inquérito segue sob sigilo.
