Luiz Fernando
Durante muito tempo tive medo de cigarra, explico. Morava em Chapada dos Guimarães e na praça cantavam alegres cigarras. Pensando na situação hoje, deveriam ser animais pequenos e inofensivos, mas para uma criança de 6 anos eram enormes e extremamente mortais seguindo naquele voo desgovernado a me procurar.
Meus “amigos” costumavam correr atrás de mim com aqueles aliens cheios de patas musculosas. Sabiam do meu ponto fraco e aproveitavam para me aterrorizar. Era uma correria danada.
Lembro que um dia, já adulto, fui fazer uma reportagem numa fazenda. Lá pelas tantas fomos dormir e eis que do nada uma cigarra enorme entra no meu quarto. Dei um grito de socorro e não demorou muito para o dono da fazenda entrar no quarto perguntando se eu havia visto uma cobra. Eu estava embaixo dos lençois e apenas respondi, não, é uma cigarra, o que de pronto retirou dele uma bela gargalhada.
Tive que vencer esse medo. A vida precisava seguir, afinal aquele menininho que morava em Chapada dos Guimarães já não existia mais, era agora um adulto.
Assim são os nossos medos. Barreiras intransponíveis num momento, pequenos obstáculos em outros, coisas insignificantes a seguir.
E quero aqui que você se atente para um fato. Já pensou que nossos medos são de fato aquilo que vai se transformar em nossa realidade.
A barata voadora só senta em quem tem medo de barata, o rato vai pro lado de quem tem medo de rato, o cachorro só morde quem tem medo, a cigarra chega no quarto de quem tem medo e por aí vai. Isso mostra de forma inequívoca que nossos medos tendem mesmo a se transformar em realidade, criamos uma frequência energética que comanda tudo.
Conversando com um amigo esta semana falávamos disso, do medo. Ele me contou uma história que ilustra muito bem isso que estamos tratando.A bateria do carro dele arreou, ele não teve medo, seguiu como se não houvesse amanhã.
Na segunda acordou cedo, pediu uma bateria nova e tudo se resolveu. Chegou bem ao trabalho e a semana começou como se nada tivesse acontecido.
Mas e se ele tivesse medo? Medo de não conseguir trocar a bateria a tempo. Medo de chegar atrasado ao trabalho. Medo, medo, medo. Se assim fosse, tenho certeza que tudo teria colaborado para que as coisas dessem errado, mas não foi assim. Ele simplesmente relaxou em Deus, confiou e no final tudo deu certo.
Nossos medos são nossos maiores fantasmas, não se esqueça disso. Confiar sempre vai ser a melhor escolha.
Se você quer que alguma coisa dê certo, apenas confie. Existe uma afirmação de merecimento que quero compartilhar com você. É simples, rápida e eficaz. Poucas palavras que ativam em nós nossa capacidade de merecimento. Diga quantas vezes puder e quiser ao longo do dia: Eu escolho e autorizo o aumento imediato do meu nível de merecimento. E assim já é.
Desta forma vamos vencendo nossos medos e produzindo em nós a capacidade de merecer de fato tudo aquilo que está à nossa volta.
Bençãos, alegrias, paz, harmonia, amor, saúde, tudo que pode interferir de forma positiva no nosso viver.
O medo pode ser bom para evitar que enfrentemos uma onça ou nos joguemos de um penhasco, ele é o catalisador da coragem, precisamos virar a chave, a coragem que nasce do medo vai fazer com que gritemos com a onça e que vençamos o penhasco, e por aí vai. Mas os pequenos medos do dia a dia, podem nos lançar num mundo de eterno conformismo e apatia.
Pense nisso e deixe a cigarra entrar em seu quarto, que seu canto traga a chuva para sua vida, renove seu solo e seu coração. Que a barata siga seu voo cego e não te encontre e que o rato simplesmente passe por você.
Sentir medo é saudável, ter medo pode ser extremamente prejudicial para você e pra mim.
E a propósito, perdi meu medo de cigarra, sei que ela existe e eu também e que podemos conviver juntos no mesmo ambiente sem que pra isso eu tenha que gritar por socorro.
Liberdade e coragem são irmãos da paz que excede todo o entendimento.
Luiz Fernando é jornalista em Cuiabá, palestrante, terapeuta holístico e criador do método CURE que auxilia no tratamento para a bipolaridade.
@luizfernandofernandesmt
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