O deputado estadual Max Russi (PSB) denunciou a atuação do Conselho Regional de Medicina (CRM-MT) por dificultar o andamento do programa “Mais Cirurgias” em Rondonópolis (a 212 km de Cuiabá). Conforme a denuncia feita durante a sessão ordinária desta quarta-feira (7), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), o órgão enviou uma notificação ao gabinete do parlamentar para que o Consórcio de Saúde, que atende 19 municípios da região sul, cortasse o vínculo com a empresa contratada para realizar parte dos 27 mil procedimentos que estão na fila.
“Nós estivemos esses dias na Santa Casa para o lançamento do Mais Cirurgias, mas, pasmem, recebi nessa semana um ofício mandando a Santa Casa desabilitar a empresa e não fazer mais cirurgias”, afirmou o deputado na tribuna.
Ainda conforme o deputado, o Ministério Público do Estado (MPMT) interferiu e orientou para que os pacientes continuassem a ser atendidos.
“É um absurdo, pois 19 cidades estão sendo atendidas. Mas o Ministerio Público está atuando junto lá e falou para continuar fazendo as cirurgias”, esclareceu Russi.
Max falou sobre a dificuldade de conseguir recursos para assinar o convênio que autorizou as cirurgias junto ao Consórcio de Saúde e fechar o contrato com uma empresa pelo valor disponível.
“Ao invés do Conselho fortalecer, ajudar, em vez de louvar que a empresa aceitou fazer pelo preço que as outras não fizeram, não, fala que tem que parar as cirurgias e a população esperar mais um ano, dois anos, três anos, morrer”, rechaçou o parlamentar.
Outro lado
Por meio de nota, o CRM se manifestou lamentando a postura do deputado ao desferir críticas à entidade. O órgão também disse que os médicos de Rondonópolis estão há cinco meses sem receber e, por isso, não incentivaram a realização das cirurgias.
“O Conselho lamenta que o mesmo deputado que, durante a pandemia da covid, foi à tribuna chamar os profissionais de saúde de heróis, hoje ignora por completo o fato de que estes mesmos heróis estão há cinco meses sem receber seus salários. O Conselho age dentro da sua atribuição legal que inclui a defesa da população e entende que as soluções para a Saúde devem ser tratadas de forma estruturada e não com politicagem”, cita trecho do documento.
Confira a nota na íntegra
Lamentavelmente, o deputado Max Russi optou por advogar para uma empresa que atua de forma antiética e decidiu atacar o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) e os médicos que atuam em Rondonópolis, que trabalham há meses sem receber seus salários. Por atuar defendendo os interesses da empresa, o parlamentar ignora por completo o atendimento à população.
O Conselho lamenta que o mesmo deputado que, durante a pandemia da Covid, foi à tribuna chamar os profissionais de Saúde de heróis, hoje ignora por completo o fato de que estes mesmos heróis estão há cinco meses sem receber seus salários. O Conselho age dentro da sua atribuição legal que inclui a defesa da população e entende que as soluções para a Saúde devem ser tratadas de forma estruturada e não com politicagem.
Não permitiremos que o deputado, de forma leviana, chame os médicos de mercenários. Ao usar estes termos, o deputado se mostra completamente enganado sobre a índole e o caráter dos médicos. Estes profissionais estão há cinco meses sem salários e durante todo o tempo não se recusaram a cumprir sua missão de atender a população. Não vamos permitir que os médicos sejam tratados de forma desrespeitosa, como tem ocorrido, ainda que os ataques partam de alguém que defende a manutenção de um contrato irregular.
Por fim, o CRM-MT informa que está à disposição para esclarecer todos os deputados do que realmente acontece em Rondonópolis e que o caso em questão será tratado no âmbito do Poder Judiciário.