O gergelim segue ganhando espaço em meio as lavouras em Mato Grosso, principalmente no Vale do Araguaia, região nordeste. Em Canarana, considerada a capital nacional da cultura, estimativas apontam a destinada de aproximadamente 200 mil hectares para o grão nesta safra 2023/24.
Entre os fatores para o crescimento da produção do grão em Mato Grosso, principalmente nesta temporada, estão o custo de produção e a remuneração. Entretanto, conforme os produtores, ainda há muito a ser aprendido para extrair o máximo potencial da cultura.
Em Canarana, de acordo com o presidente do Sindicato Rural, Alex Wish, em 2019 a área destinada ao gergelim no município era de 96 mil hectares. De lá para cá, a extensão chegou a recuar para 60 mil hectares, subiu para 80 mil e hoje as estimativas apontam cerca de 200 mil hectares.
“Apesar de tudo isso, somos insignificantes na produção. Vão falar que aumentou a área, vai cair o preço. Não! O Brasil poderia plantar um milhão e meio, dois milhões de hectares de gergelim que mesmo assim a gente não alteraria em nada o preço lá fora”.
Produtor no município, Arlindo Cancian comenta ao Canal Rural Mato Grosso que o custo menor de produção foi um dos pontos que o levaram a apostar na cultura, somada a necessidade de pouca chuva.
“Eu observei este ano que o pessoal investiu em ter mais tecnologia, então vamos ver como serão os próximos passos para ele. Temos muito o que aprender no gergelim. O milho a gente já sabe, mas o gergelim ainda temos muitos detalhes para aprender. Mas, é uma cultura que veio para ficar”.
O agricultor conta que Canarana já conta, inclusive, com empresas que limpam, ensacam etiquetam o grão para a exportação.
Remuneração do gergelim impulsiona cultivo
Além destes atrativos, a remuneração considerada satisfatória também fez com que o agricultor destinasse 100% da área da segunda safra para a cultura este ano. Espaço que antes era dividido pela metade com o milho.
“No início saiu contratos a R$ 6, R$ 5,50 o quilo do gergelim. Isso a grande parte vai para exportação. E está se expandindo para outras regiões também, em função do custo de produção”.
É o caso do município de Água Boa, onde o gergelim deve ocupar nesta temporada a maior parte das áreas de cultivo da segunda safra em muitas propriedades.
“Diminuiu muito a área de safrinha e aumento muito a área de gergelim. Eu acredito que vai ser uma cultura muito rentável esse ano, porque os produtores plantaram mais cedo do que nos outros anos. Sempre ficava após a janela do milho. Talvez nos ajude a pagar muitas contas que vão ficar para trás na soja. Mas, no geral diminuiu muito a área de milho em função de valor e do tempo. O produtor atrasou o plantio da soja e atrasou a janela da safrinha”, comenta o gerente técnico da Agropecuária Jerusalém, Felipe Zmijevski.
De acordo com as estimativas da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), divulgadas agora em maio, a produção de gergelim em Mato Grosso na safra 2023/24 deve ser 110,7% maior que na temporada passada. As projeções apontam para uma colheita de 191,1 mil toneladas. Em termos de área o salto é de 185,5 mil hectares para 382,1 mil hectares, ou seja, 106% de ampliação.
Mato Grosso é o maior produtor do grão. Atrás do estado, mostra a Conab, surge o Pará com 70,2 mil toneladas, Tocantins com 26,1 mil toneladas e Goiás com 1,5 mil toneladas. A perspectiva é a safra brasileira de gergelim 2023/24 registra uma produção de 288,9 mil toneladas, 65,8% a mais que a passada.
Diversificação complementar para a lavoura
Os produtores do Vale do Araguaia em Mato Grosso afirmam que a cultura do gergelim é uma excelente opção de diversificação para complementar o milho, considerado o principal protagonista em termos de produtividade e lucratividade nas fazendas na segunda safra, mas que hoje atravessa um momento de incertezas em relação ao futuro na região.
O presidente do Sindicato Rural de Água Boa, Geraldo Delai, conta que a área de gergelim no município triplicou neste ano, em detrimento ao momento vivido com o milho.
“Acredito que o gergelim vai dar uma boa colheita e vai dar um alívio para os produtores que estão endividados, principalmente”, frisa Geraldo ao Canal Rural Mato Grosso.