Líder quilombola denúncia ameaças de morte após grupo invadir comunidade Mata Cavalo

A líder quilombola e representante da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas em Mato Grosso (Conaq-MT), Laura Silva, denunciou que está sendo alvo de ameaças de um grupo de invasores que entraram nas terras do Ribeirão da Mutuca, na comunidade quilombola do Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento (a 40 km de Cuiabá). 

O Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Cepir) afirmou que está acompanhando o caso. 

Segundo relatos de Laura, o grupo começou a invadir as terras no início de agosto, entre os invasores, ela aponta que quatro afirmaram ser policiais, e teriam alegado terem comprado a área, mas não especificaram de qual corporação eram os agentes. 

“Meu pai e meu irmão disseram que ali é nosso, é área quilombola e quem ia resolver seria a Justiça Federal. Mas alguns homens foram até a casa da minha mãe e disseram que iam me pegar. Eles foram na casa de familiares em outro município e fizeram ameaças sobre a minha pessoa e não quero que minhas lutas sejam pagas com minha vida como aconteceu com a Mãe Bernadete”, relata. 

O Cepir ainda investiga ainda outros dois casos contra pessoas dos quilombos Bocaina Izaurina, em Porto Estrela (190 km de Cuiabá) e Mata Cavalo de Cima, também em Livramento.

“Precisamos de uma reunião diretamente com a Ministra da Igualdade Racial, com o Ministro da Justiça. É inconcebível que mesmo com toda nossa mobilização, nossas lideranças continuem desguarnecidas e sem a devida proteção. Não podemos aceitar que as burocracias impeçam a celeridade e urgência nas tomadas de decisões e encaminhamentos, nossas lideranças estão sob risco de vida”, defendeu Carlos Alberto Caetano, presidente do Cepir.

O quilombo Ribeirão da Mutuca foi certificado como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares por meio da portaria n° 38930.

O Cepir defende que é preciso que os órgãos competentes, entre eles o Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MPE), Defensoria Pública da União de Mato Grosso (DPU-MT), percebam que não são casos isolados ajam em prol da garantia da vida dessas pessoas.

As ameaças contra os quilombolas de Mato Grosso ocorrem em meio às investigações do assassinato de Mãe Bernadete,  de 72 anos, no dia 17 de agosto, no quilombo Pitanga dos Palmares, em Salvador (BA). O caso ganhou repercussão nacional diante da brutalidade do crime.

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