O Tribunal do Júri condenou o frentista Antônio Aluízio da Conceição Maciano a 20 anos de reclusão pela morte de Emily Bispo da Cruz, de 20 anos, nesta quinta-feira (10). O crime aconteceu em 16 de março deste ano, no bairro Pedra 90, em Cuiabá, quando Emily levava o filho, de 4 anos, para escola e foi abordada pelo frentista que desferiu 15 facadas na jovem, na frente da criança.
A decisão foi proferida pela presidente do Tribunal do Júri de Cuiabá, a juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, após o julgamento do acusado. A juíza negou a possibilidade do condenado recorrer em liberdade. A pena será cumprida inicialmente em regime fechado.
Antônio está preso desde o dia do crime e responde por feminicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel, mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Durante o julgamento, ele permaneceu em silêncio.
“Não há dúvida de que o crime foi friamente planejado e executado de forma atroz e covarde”, diz trecho da decisão.
Segundo a magistrada, a série de violações sofridas por Emily não foram inéditas, segundo as testemunhas ouvidas em plenário. As agressões foram agravadas durante o tempo de relacionamento.
“Em decorrência das agressões sofridas, a vítima vivia em constante pânico, tanto que chegou a pernoitar em residências vizinhas, com medo das ameaças proferidas pelo ex-namorado se concretizarem, como infelizmente ocorreu”, disse a decisão.
Ele não pode recorrer em liberdade, de acordo com determinação da juíza.
“O fato de o crime haver sido cometido diante do filho da vítima caracteriza circunstância que transborda o tipo penal, justificando o aumento da pena”, aponta trecho do documento.
Ao ter impossibilitado a defesa da vítima, o Conselho de Sentença reconheceu esse ponto como qualificadora, e os demais motivos, como torpe, meio cruel e violência doméstica, entraram no processo como agravantes.
Foram selecionadas cinco testemunhas. No entanto, duas foram dispensadas pela defesa do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT). Os jurados são quatro mulheres e três homens.
Julgamento
Ao todo, foram ouvidas três testemunhas no julgamento, sendo a tia da vítima, a amiga dela e um homem que presenciou o crime. Após os relatos das testemunhas, seria a vez de Antônio depor, mas ele optou por ficar em silêncio.
O Promotor de Justiça Vinícius Ghayva disse que não há culpa na vítima e em qualquer familiar, somente o réu. Além disso, ele relatou que, em nenhum momento, Antônio mostrou arrependimento. Ele teria culpado a vítima pelas agressões.
Relembre o caso
Emily foi morta na manhã do dia 16 de março deste ano, no bairro Pedra 90, enquanto levava seu filho para a creche. A vítima morreu em uma unidade de saúde do bairro, por choque hipovolêmico hemorrágico.
Uma câmera de segurança registrou o momento em que Emily foi morta pelo ex-namorado. Nas imagens registradas pela câmera, é possível ver o momento em que o suspeito, em uma moto preta, aborda a vítima, que caminhava com o filho.
Eles têm uma breve discussão. A criança permanece segurando a mão da mãe durante toda a conversa, mas, em seguida, Emily solta do filho e é atingida por vários golpes de faca.
A faca usada no crime foi encontrada na calçada de uma casa onde a vítima teria sido atingida. Antônio foi preso horas depois do crime. Ele estava escondido em uma casa abandonada no Bairro Parque Cuiabá, na capital.