Intolerância: um aprendizado diário

NEILA BARRETO

ARQUIVO PESSOAL

Em época de grandes avanços tecnológicos, vivemos a cada dia que passa momentos de muita falta de paciência. As relações pessoais, a cada dia que se passa torna-se mais difícil. Vaidades, ciúmes, autopromoções, narcisistas, autoelogios, opiniões que não respeitam opiniões, mentiras, teatros de vaidades, um horror. Opiniões não podem ser contrariadas. Basta um argumento diferente para a pessoa se enfurecer. Dias difíceis! Tempos difíceis.

Essa intolerância, agrava-se, no momento, onde a agressão é dirigida às crianças indefesas em espaços coletivos. Pais necessitam trabalhar para dar sustento às famílias. As escolas não ensinam mais educação, moral e cívica, organização social brasileira, ensino religioso, educação artísticas, esportes para todos. Crianças agridem professores, professores agridem alunos. Pais agridem professores, vizinhos agridem crianças. Difícil! E a intolerância, como saber lidar?

Sem contar que, as famílias ao se recolherem em condomínios pensam estar protegendo as suas crianças, os seus velhos, os seus portadores de necessidades especiais, entre outros. Quanto engano! Só o bigbrothers das câmeras para vigiarem esses monstros.

Para o dicionário Intolerância é a dificuldade de conviver com as diferenças; opiniões, crenças, valores e contextos diferentes. E é com frequência que escutamos … ou Intolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões.

A falta de habilidade no trato do dia a dia se torna cada vez mais difícil. Quantas vezes você já foi agredido por emitir opinião diferente? Já se sentiu hostilizado ou menosprezado em uma reunião, inclusive, com opiniões mentirosas para sobrepor? Eu já. É muito difícil. Tem muita gente assim! Tempos difíceis.

Para Ana Maria Logatti Tositto, pessoas intolerantes apresentam dificuldades em aceitar pensamento, sentimento e comportamento diferentes. Dessa forma, eles têm dificuldade em aceitar que outras pessoas tenham diferentes visões e filosofias. Com isso, eles se afastam do diferente. Ou, sem refletir, agridem.

Nos condomínios residenciais há muitos exemplos de violências contra crianças e adolescentes. Pais intolerantes, criam filhos intolerantes, estimulam a violência, parabenizam os filhos por baterem em outros. Onde vamos parar! Ainda penso que o único caminho é a educação.

Nas relações sociais difíceis, o intolerante tem muitas dificuldades. Tudo isso advém da falta ou como resultado da falta de empatia. Com isso o intolerante pode ter muitos problemas sociais. Afinal, ele se sente obrigado a dominar, corrigir e impor seu ponto de vista. Com isso, as relações se tornam difíceis e penosas. Ele cria uma cerquinha imaginária e para dialogar com ele, ou você sai fora ou tem que ficar dentro da sua cerquinha, senão apanha.

Para Tositto, pessoas intolerantes têm relacionamentos difíceis. Geralmente, eles acabam por criar situações conflituosas, tornando-se pessoas ofensivas, agressivas e perigosas. Assim, é muito importante você não aceitar esse tipo de relação, de tratamento. Dessa forma, você deve se retirar desse convívio, conversa ou situação. Porém, é importante que a retirada seja feita de modo a não agravar a situação. Ou seja, você deve fazê-la com delicadeza e elegância. Resista com delicadeza a esses confrontos. Não se deixe intimidar, até porque é difícil identificar essa atitude em você próprio. Mas se sentir assim, procure um psicoterapeuta, vai lhe ajudar. Já experimentei e gostei. Mas, e as crianças! Como ensiná-las a se defenderem! E se for portadora de necessidades especiais, o que fazer! E os idosos! O que fazer?

A educação é onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo, de acordo com Hannah Arendt.

NEILA BARRETO – é jornalista, historiadora e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.

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