O caminho a ser tomado pelos preços da saca de 60 quilos de soja no Brasil “dependem” de uma definição da produção. O clima continua afetando o desenvolvimento da oleaginosa em diversas regiões, como é o caso de Mato Grosso, o que dificulta, inclusive, uma projeção mais assertiva para outras culturas, como é o caso do milho segunda safra.
Os reflexos das adversidades climáticas em Mato Grosso na produção de soja e milho são foram apontados pelo superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, durante entrevista ao programa Direto ao Ponto nesta quinta-feira (18).
Em Mato Grosso, dados recentes do instituto, apontam uma produtividade média de 53,59 sacas por hectare, cerca de 14% a menos que o volume verificado na temporada passada. No que tange a produção são estimadas 39 milhões de toneladas.
Conforme Gauer, ao se analisar o histórico de Mato Grosso o percentual de queda da produtividade é considerado significativo. “O clima foi bem severo e faltou água no momento em que a planta precisava. É uma coisa que não estávamos acostumados a observar nos últimos anos”.
Além da questão da produtividade, um outro fator que preocupa são os preços da soja. O superintendente do Imea pontua que a indefinição do volume do grão a ser produzido no Brasil é o principal ponto para o produtor ainda não ter visto uma reação dos preços.
“Esse ano estamos com uma dificuldade muito grande de projetar Mato Grosso. Se formos olhar [a nível Brasil], essa semana têm rodado bastante no mercado estimativas das principais consultorias e empresas variando de 135 milhões a 160 milhões de toneladas. Acredito que é o principal fator que tem impacto os preços ou o movimento de para qual lado eles devem reagir”.
Gauer lembra que, além de Mato Grosso, estados como Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins também apresentam relatos de queda na produção em decorrência da seca.
Safra de aprendizados
A safra 2023/24 está sendo vista por muitos como uma temporada de aprendizados, na qual a partir dela o produtor passará a olhar com mais cuidado para as variedades a serem escolhidas, o clima e até em qual ponto ele pode arriscar no plantio, além no manejo de solo.
“E eu colocaria mais um item importante para esse ano que é o gerenciamento de risco. Nós passamos por desafios na última safra com o preço recuando ao longo da colheita e o produtor ainda com uma expectativa de melhora”, diz Gauer.
Milho e suas incertezas
As incertezas em torno da segunda safra de milho em Mato Grosso também são muitas. O superintendente do Imea explica que o relatório divulgado na segunda-feira (15) de estimativa de safra não trouxe uma atualização, visto estar se esperando as tomadas de decisões dos produtores.
“Ainda estamos aguardando um início de fevereiro para o produtor realmente bater o martelo e dizer em quanto vai consolidar a sua área. O desafio desse ano é o clima. Passamos a primeira safra por um volume de chuvas muito abaixo do histórico e quando entramos em meados de janeiro e vemos as perspectivas para fevereiro é um volume muito acima da média histórica projetada para o período”.
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