Ele abre os olhos em mais uma manhã de segunda-feira. O despertador há muito ficou para trás. Começa o dia atrasado, a mente confusa, o gosto de cabo de guarda-chuva na boca. Só faltava essa.
Ele se cobre novamente e começa a pensar no que fez na noite passada. A incerteza do ontem andando de mãos dadas com a certeza de que alguma coisa aconteceu.
A mão trêmula segura a gasta escova de dentes. Ele se dirige para a sala e passa longe da garrafa de café, masbem perto da garrafa de whisky, do bom, mas nada do bem. Um, dois, três goles e pronto lá se vai o primeiro copo do dia.
Que dor é essa que ele tenta de todas as formas aplacar?Uma dor que o acompanha desde muito cedo. Interações desastrosas, brigas, confusão, solidão e finalmente um dia ele encontra o álcool, poço sem fundo implorando para afogar suas mágoas.
O medo de ter cometido algo impensável o perturba. A ressaca da noitada se cura no próximo copo, mas a ressaca espiritual, essa meu amigo, é difícil de curar.
Neste exato momento aproximadamente 8 milhões de pessoas no Brasil, passam por histórias muito semelhantes ou iguais às do nosso personagem. No mundo todo esse número é ainda mais alarmante, 140 milhões de pessoas sofrem do transtorno bipolar do humor, de acordo com dados da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB).
Somente com tratamento adequado um bipolar poderá viver em paz, sem o medo do amanhã e principalmente do hoje. Buscar ajuda, fazer terapia ou procurar uma linha mais holística vai ajudar muito. O diagnóstico sempre irá partir de um médico psiquiatra, é ele que vai definir como será o seu tratamento, sua liberdade emocional, mental e espiritual.
Os pensamentos ainda são confusos? (Sim)
Brigo com todos o tempo todo? (Não)
Controlo as minhas alterações de humor e já identifico quando não estou bem? (Sim)
Estou feliz? (Sim)
Leia mais sobre o tema e perceba o comportamento das pessoas à sua volta, alguém pode estar precisando de ajuda. Estender a mão aos que ainda sofrem é um gesto nobre e bonito. Lembre-se, não precisa acenar para as câmeras e mostrar o que está fazendo, o bom disso tudo é ajudar e claro, ser discreto, apenas deixar ir, inclusive nossas vaidades.
Luiz Fernando é jornalista em Cuiabá. Criador do método CURE que auxilia no tratamento para a bipolaridade.
@luizfernandofernandesmt