Ferrogrão, o debate continua

Alfredo da Mota Menezes

ARQUIVO PESSOAL

Suposta pressão é um assunto que deve ser tratado com responsabilidade

Apareceu informação de que existem interesses empresariais não revelados contra a construção da Ferrogrão, a ferrovia entre Sinop e Miritituba. Que esses interesses estariam até usando a questão ambiental para impedir o início das obras dessa ferrovia.

É uma fala muito forte. É preciso que esse assunto seja destrinchado e a sociedade saiba quem estaria por trás de um ato desses e quais os motivos que levam a esse posicionamento. É tão melindroso o assunto que não dá para especular e com isso cometer equívocos.

É difícil fazer qualquer movimentação em torno da ferrovia, e tudo fica paralisado, se não for definitivamente resolvido uma ação que está no STF. Quem iria colocar dinheiro num empreendimento desse porte com algo não resolvido na instância máxima da justiça brasileira?

Já tem um fato desse tamanho e agora aparece informação que outros interesses estariam querendo impedir essa obra e, mais interessante ainda, usando a questão ambiental para fazer esse estranho jogo.

Ambientalistas sinceros trabalhando nessa direção devem ser respeitados. Mas outros interesses, incluindo empresarial, usar esse tema para impedir a obra da Ferrogrão é uma anomalia que chama a atenção mesmo.

Mas até esse apontar de dedos sobre o meio ambiente contra a construção da Ferrogrão merece reparos. O que polui mais hoje: carretas aos milhares cortando o estado jogando na atmosfera poluição constante com queima de óleo ou uma ferrovia? A resposta parece óbvia: carretas gigantes poluem muito mais que qualquer ferrovia.

Quem já trafegou por rodovias norte-americanas deve ter notado que não existe transporte de grãos por esse caminho. Praticamente tudo vai por ferrovia. No Brasil, principalmente em Mato Grosso, é que se faz a maior poluição com tantas carretas para transportar grãos ao invés de ferrovias.

Mato Grosso será uma potência econômica com uma ferrovia até Lucas, outra no Araguaia e mais a Ferrogrão. Os camionheiros não vão perder com isso.

Continuariam a ter um bom mercado com o frete no transporte de bens do campo para embarcar nas ferrovias.

É ganho por todos os lados e ainda vem gente querendo boicotar a construção de mais uma ferrovia no estado. Mostrem quem são esses interesses.

Ah, mas tem o caso da comunidade indígena onde a Ferrogrão vai passar. Para reforçar esse ponto de vista, outro dia um cacique dessa comunidade, numa audiência com o Papa no Vaticano, pediu que ele interferisse para que não seja construída a ferrovia.

Mas voltando para o concreto do assunto. É verdade que a ferrovia corta terras dessa comunidade ou passaria somente perto dessa área? Se passar perto, ou em pequeno trecho, não seria mais inteligente para a comunidade indígena buscar meios para ter algum beneficio por isso?

Um ganho material que ajudasse essa comunidade a não depender de cestas básicas ou coisa parecida da Funai? Fazer como fizeram os indígenas dos EUA para terem ganhos com obras como essa da Ferrogrão. 

Alfredo da Mota Menezes é analista político.

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