Ex-secretário assume ter comprado aeronave que caiu em Poconé, mas nega ter usado recursos públicos

O ex-secretário adjunto de Planejamento e Operações de Cuiabá, Milton Côrrea da Costa Neto, confirmou durante a oitiva na Polícia Federal, realizada na última sexta-feira (29), ser proprietário de uma aeronave que caiu na região de Poconé (100 km de Cuiabá) por falta de combustível. O avião é citado em investigação da Operação Curare da Polícia Federal como fruto de dinheiro desviado na Secretaria de  Saúde de Cuiabá.

Conforme a defesa de Milton, o valor pago pelo bem foi R$ 270 mil. O médico desembolsou R$ 220 mil, pela aeronave prefixo PT-NHH foi comprada por ele e Sebastião Rodrigues de Arruda, amigo do médico, que não possui nenhum vínculo com as empresas investigadas na Operação Curare. A propriedade do avião inclusive está no nome de Sebastião, que investiu R$ 50 mil na compra. 

“Ele reconhece a propriedade da aeronave. Ela foi comprada com recursos próprios dele, e está reconhecida nos autos pelas testemunhas. Teve um problema na transferência na ANAC, mas a aeronave realmente é dele. Essa questão da aeronave está sendo vinculada dentro da operação, mas não existe nenhum vínculo relacionado às empresas, que alegam ter comprado a aeronave em consórcio”, explicou o advogado de defesa, Hélio Bruno Caldeira à imprensa nesta terça-feira (2).

A Polícia Federal apontou que a aeronave PT-NHH teria sido comprada com recursos transferidos pela empresa Vip Prestação de Serviços Médicos LTDA, que pertence a Douglas Castro, também alvo de investigação da Operação Curare. 

Ainda segundo a PF, o suposto grupo empresarial formado pela empresa de Douglas e Milton, com a empresa Family Medicina e Saúde Ltda, teria concorrido para o pagamento da aeronave com o valor de R$ 150 mil, cuja propriedade foi atribuída a Milton. 

Além disso, no dia do acidente com o avião, amigos e familiares do médico estavam utilizando o meio de transporte. O acidente com a aeronave aconteceu no dia 8 de agosto de 2021. Na época, o diretor técnico da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Ipase, em Várzea Grande, George da Costa Melo, 39 anos, morreu e outras três pessoas ficaram feridas.

 “O antigo proprietário da aeronave foi categórico ao dizer que as pessoas não participaram da compra desse avião, então não há porque envolver as outras empresas na compra, até porque é um fato meio que isolado, que não tem muito a ver com as investigações. Na visão da defesa que já está acostumada a lidar com essas operações, colocam esse tipo de situação para dar um upgrade, para falar e tentar fazer uma ligação, mas é tudo preliminar”, apontou o advogado de Milton.

 A defesa reforçou que com o decorrer das oitivas da operação, diversas pessoas já foram ouvidas, incluindo testemunhas que colaboraram com a compra da aeronave, e confirmaram as informações.

 

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