Estudo aponta que 17 milhões de animais morreram nos incêndios de 2020 no Pantanal

Um estudo realizado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), revelou que 17 milhões de animais vertebrados morreram durante os incêndios florestais no Pantanal, em 2020. Contudo, os pesquisadores destacam que esse dado é subestimado e o número de animais mortos pode ser ainda maior. Segundo o estudo, a perda vegetação, contribuiu para o aparecimento de outras espécies típicas de áreas secas, mas o instituto ainda não sabe atestar se é benéfico ou não para o bioma. 

“A gente sabe que morreram espécies que não encontramos na metodologia que utilizamos. Então, esse número é maior (que 17 milhões). Tínhamos animais que subiam nas copas das árvores para fugir e morreram intoxicados pela fumaça, não tinham sinais de queimaduras. Tatus que saiam correndo para procurar buracos para se entocar e não tiveram tempo de chegar porque o fogo era muito rápido. Outros animais que tinham estratégia fugir para água e não encontravam. O impacto vai desde os pequenos até o topo da cadeia, como as onças”, explicou o servidor do Cenap, Christian Berlinck, que apresentou os números.

Conforme o estudo, em uma análise na estação ecológica de Taiamã, no Pantanal de Cáceres (a 225 km de Cuiabá), foi observado o aparecimento de novas espécies adaptadas ao clima somente seco, o que está se tornando o Pantanal devido à perda de superfícies alagadas, desmatamentos e os incêndios florestais.

“O Pantanal está mais seco e o fogo abriu as áreas para que essas espécies conseguissem se deslocar mais. Isso é bom ou ruim? A gente ainda não sabe. Tem que continuar analisando essa questão. O que a gente sabe é que está mais seco e essas outras espécies chegaram”, disse. 

Além disso, Christian Berlinck reforçou que o Pantanal não perdeu a diversidade de animais, mas perdeu “abundância” e que repetições de novos incêndios em grandes proporções, como já ocorreu em 2021 e 2023, podem prejudicar severamente a existência da fauna pantaneira.

“O tamanho da população diminuiu por conta da mortalidade e dos efeitos indiretos. Se coisas parecidas continuarem a acontecer, essa redução vai ficando cada vez mais acentuada até que comece sumir espécies do sistema, ou seja, extinções locais. A gente percebe que mesmo dois anos depois da ocorrência dos incêndios de 2020, as populações não retornaram ao tamanho que eram antes”, explicou. 

Conforme a pesquisa, existiram três tipos de fogo nos incêndios de 2020, sendo eles o superficial, subterrâneo e o de copa. Os mesmos se repetiram em 2021 e 2023 e essa situação dificultou ainda mais o controle das chamas, visto que, os locais são e difícil acesso e a escassez de água em razão da estigam.

O ESTUDO

O estudo foi desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Pantanal, do ICMBio, do Ibama, do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP), da Universidade do Mato Grosso (UFMT), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Fundação Meio Ambiente do Pantanal, do Instituto Smithsonian (dos Estados Unidos), e de outras instituições.

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