Efeito Matilda

ROSANA LEITE

/Divulgação

Matilda Electra Joslyn Gage, nasceu em Nova Iorque em 24 de março de 1836, sendo partido em 18 de março de 1898, aos 71 anos. Ativista pelo sufrágio universal, feminista, abolicionista e pensadora, se autointitulou como uma mulher “nascida com ódio pela opressão.”

Veio de um lar onde a mãe e o pai foram exemplos de pensadores pelo abolicionismo, deixando para ela o espaço aberto para que a intelectualidade fluísse. Com o tempo, tal como os ascendentes, passou a trabalhar “clandestinamente” ajudando escravos e escravas foragidas, com a finalidade que conseguissem se deslocar para o norte. Em muitas ocasiões, segundo narrado, abrigou em sua própria casa foragidos e foragidas da escravidão. Passou por inúmeras situações arriscadas, mas não deixava de realizar discursos públicos sobre a abolição da escravatura.

As intervenções importantes de Matilda lhe fez ser admitida no Concílio das Matrizes da Tribo Matriarcal de Nova Iorque, ganhando o apelido de Karonienhawi, ou seja, “aquela que segura os céus.”

Com o tempo de ativismo, Gage amplia a sua luta pelos direitos das mulheres. Em 1852 participou da National Women’s Rights Convention (Convenção Nacional de Direitos da Mulher), realizado em Syracuse. Presidiu a National Woman Suffrage Association, sendo a sua atuação de extrema importância para a conquista do voto para as mulheres mundialmente. Foi considerada feminista radical, contribuindo para muitos documentos confeccionados para a conquista feminina pelo voto.

Marcou época ao organizar um protesto no dia 28 de outubro de 1886, quando a Estátua da Liberdade foi inaugurada. Entendeu como hipocrisia a “liberdade” do monumento ser representada por uma mulher. As mulheres daquela era lutavam por direito, aliás, como na atualidade, de maneira que a estátua, na visão dela, por representar a liberdade, não estaria de acordo com mulheres silenciadas, maltratadas, discriminadas e ignoradas pela sociedade.

Matilda publicou, em 1893, a obra Woman, Church and State com abordagem sobre as opressões e submissões ditadas pela religião para as mulheres na sociedade, deixando evidente o poder patriarcal. No livro History of Woman Suffrage, falou sobre eventos históricos, leis, e sobre muitos dos seus discursos. A escritora aderiu à Teosofia, com estudos sobre filosofia, mística e ocultismo, onde tratou sobre os mistérios da vida,
da natureza, da divindade, e da origem do universo.

O “Efeito Matilda” é uma expressão utilizada para ponderar sobre a falta de reconhecimento das mulheres na ciência. Apesar de toda a contribuição de Matilda Gage para a literatura, política e ciência, em vida não alcançou o reconhecimento merecido.

Não obstante o grande desenvolvimento das mulheres na ciência, com inúmeros feitos, ainda são tratadas como de somenos importância. A definição da socióloga Maria Elina Estébanez para o Efeito Matilda: “Um fenômeno social em que a contribuição das mulheres no campo da ciência e da tecnologia é ignorada ou minimizada no espaço público, na história e nas instituições”.

A inspiração do referido efeito, Matilda Gage, em 1893, foi precisa: “Privada como mulher do poder político, deve enfrentar o desprezo pelo seu sexo, o desprezo aberto e dissimulado da feminilidade, alusões de desprezo pelos seus poderes intelectuais, tudo isto tendendo a dificultar a expressão do seu gênio inventivo.”

Mais atual, impossível! Sejamos, Matildas!

ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS – é Defensora Pública Estadual e mestra em Sociologia pela UFMT

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