Alfredo da Mota Menezes
Por muito tempo se comentou neste espaço sobre as possiblidades de comércio de Mato Grosso na América do Sul ou além dela. Fatos recentes mostram, até que enfim, que sonhos antigos estão se transformando em realidade.
Na Hidrovia Paraguai-Paraná noticia mostram que os portos de Paratudal e Barranco Vermelho caminham para se concretizarem. Até agora o porto na hidrovia era na cidade de Cáceres. Agora terão dois outros com maior capacidade e usando meios e tecnologias do momento. O transporte na hidrovia vai aumentar bastante.
Mato Grosso do Sul tem dois portos e aproveita a hidrovia para comércio com os países do Mercosul. Isso agora poderia acontecer com este Mato Grosso também. Lá transportam grãos, minérios, produtos industrializados e também fertilizantes. Usam historicamente a hidrovia de maneira mais forte do que Mato Grosso.
Não esquecer que a hidrovia passa nos países do Mercosul, a integração econômica entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Integração econômica é lugar de trocas comerciais mais em conta porque diminuem as taxações nessas transações. Mato Grosso vai aproveitar disso e também com dois portos novos e apetrechados para aumentar comércio e relacionamento na área sul americana.
Essa hidrovia vai aos poucos voltando à importância histórica que tinha antes. Foi por ali que chegaram os primeiros bandeirantes, lá atrás na história, que deu base para se criar este estado politica e economicamente. Agora ela pode ajudar também a aumentar comércio, exportações, importações e a aproximação entre interesses na região.
Outra alternativa para MT é a aproximação e comércio com países andinos e através deles chegar até mesmo à China. É que está sendo concluído em Chankay no Peru um gigantesco porto construído pelos chineses para levar e trazer bens da Ásia.
Através do porto de Chankay a distância para se chegar a países da Ásia, principalmente da China, pode encurtar em até 10 dias. O ganho é enorme. Ao invés de ir a Santos ou a Miritituba, para depois caminhar para China e a Ásia, se teria um porto que faria diminuir custos e tempo.
Ao levar cargas para o porto o transporte brasileiro vai trazer também produtos da China e de países dos Andes. Vai ainda, aos poucos, vender produtos ali e quem sabe uma parte poderia ser industrializada.
E, se o sonho permite, existe especulação de que a China poderia, junto com governos da área, construir uma ferrovia que cortaria a América do Sul para levar bens para o porto no Peru. E, claro, produtos da China entrariam por ai também.
É a famosa tentativa dos chineses de fazer uma rota mundial por diferentes meios para recriar a famosa Rota da Seda que houve num passado distante. E se tem essa nova tentativa de se conectar com o mundo, a América do Sul no mapa e o Brasil pode ser o grande beneficiado na região com essa aproximação.
Até que enfim o sonho de unir a região, ter comércio e meios para atingir outros lugares do mundo começa a se concretizar mesmo. Do sonho à realidade.
Alfredo da Mota Menezes é analista político.