No próximo dia 24 de julho é comemorado o Dia do Suinocultor, setor de extrema importância nacional, que nos últimos anos impulsionou a economia do país. Mato Grosso é um dos estados com maior produção, possui aproximadamente 120 mil matrizes. O mercado suíno no Estado, teve uma leve queda nos últimos dois anos, mas a Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), afiliada da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), lançou no início de mês o programa “Rede Suíno Forte”, que visa melhorar a competitividade e superar os momentos difíceis do setor.
Cuiabá Notícias entrevistou o presidente da Acrismat, e da Rede Suíno Forte MT, Frederico Tannure Filho, suinocultor no município de Primavera do Leste ( a 240 km de Cuiabá). Frederico explicou que houve uma leve redução na produção nos primeiros meses de 2023, mas que o mercado e a produção continuam em crescimento.
“O mercado e nossa produção segue crescente. Este ano desacelerou um pouco, devido aos anos anteriores terem sido muito acentuados com a visibilidade de fornecer carne para China, que na época estava com problemas de peste suína africana que acabou diminuindo o rebanho dela, isso fez com que a produção do Brasil aumentasse visando suprir a demanda dela naquele momento. Mas como agora a China normalizou a produção e isso já não requer tanta importação”, explica Frederico.
O rebanho do estado hoje possui aproximadamente 120 mil matrizes, desse total, 60% são de suinocultores independentes. A suinocultura independente é comumente como atividade de pequeno e médio porte, estando as granjas de grande porte, onde a sua produção (suínos terminados aptos ao abate) é vendida para abatedouros/frigoríficos de suínos, que em sua maioria das vezes, abastece o mercado nacional e regional com carnes fresca carcaças e cortes.
“Na suinocultura no dialeto do dia-a-dia a gente fala muito em matriz, quando se refere a um reprodutor de rebanho, por exemplo, um produtor de soja e milho fala em sacas. Cada matriz produz cerca de 30 leitões por ano, hoje existem cerca de 120 mil matrizes, 60% dessas matrizes são de suinocultores independentes e outros 40% estão integrados à BRF na região norte do Estado”, explica.
As exportações de carne suína aumentaram nos dois primeiros meses deste ano, um volume de 15% a mais. A exportação na sua grande maioria são feitas pelas grandes indústrias, tanto de carne in natura quanto produtos industrializados.
“Esse aumento de mais 15% na exportação da carne suína trouxe um cenário positivo para cadeia como um todo. Nós temos dois cenários a nível de Brasil comparado a Mato Grosso. Aqui temos uma peculiaridade de ser um Estado que contempla, na maioria suinocultores independentes, ou seja, aqueles que não estão ligados diretamente à indústria. Então como o suinocultor de Mato Grosso, na sua maioria são independentes, ele está exposto às intempéries do mercado, tanto no que tange ao preço de venda do produto quanto ao custo de matéria prima. No segundo é que o Brasil hoje está exportando bem, esses primeiros seis meses foram muito positivos para setor agregado muito para suinocultura brasileira. A exportação tá indo bem, isso significa que diretamente ou indiretamente vai chegar para o produtor. Em algum momento ele vai conseguir vender melhor seu suíno devido a grande procura do mercado aquecido. Traz esse alento dessa esperança positiva, e também faz com ele faça o seu dever de casa quanto a qualidade do seu suíno”, explica Frederico.
Frederico destaca a importância do setor para economia, ressaltando que a carne suína é, hoje, a mais consumida em todo o mundo, e o Brasil vem se consolidando como um dos maiores produtores globais dessa proteína.
“O suinocultor merece o respeito da sociedade pelo fato de produzir uma carne de altíssima qualidade, que o mundo inteiro reconhece. De ser um produtor que ama o que faz, ser persistente, ele é resiliente, ele suporta crises e acaba seguindo em frente, porque ele sente essa missão de produzir. Nós produzimos uma carne suína de altíssima qualidade, rica em uma proteína que é contemplada no mundo inteiro. Mas ao mesmo tempo o suinocultor é um povo de uma atividade sofrida de altas e baixas, bastante exigente, então para ser suinocultor você tem que amar realmente o que faz e ter bastante resiliência para suportar esses altos e baixos, e se manter na atividade por longos períodos. Se o suinocultor fosse fraco, vamos dizer assim, se não tivesse essa perseverança já abandonaria o barco com uma certa previsibilidade. Se manter buscar alternativas, também mostra essa força que suinocultor tem de manter essa atividade”, disse.
A produção independe de suinocultura geralmente abastece o mercado interno e interestadual.
“Essa carne fresca que o consumidor encontra nos supermercados, açougues, essa carne é produzida pelo produtor independente, ele vende para os frigoríficos que fazem o abate do animal e a entrega para o consumo de carne in natura, ou seja, carne fresca. Já as indústrias transformam os suínos em cortes congelados, presunto, mortadela, calabresa e uma série de produtos industrializados que também consumimos”, conta.
REDE SUÍNO FORTE MATO GROSSO
A recém lançada, a Rede Suíno Forte Mato Grosso, é um hub de negócios que surge para transformar necessidades individuais em coletivas nas demandas da cadeia produtiva no mercado. Inicialmente a Rede conta com 19 suinocultores que são associados da Acrismat, que totalizam mais de 60 mil matrizes e estão localizados em 10 municípios mato-grossenses (Campo Verde, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Poxoréu, Primavera do Leste, Rondonópolis, Santo Antônio do Leverger, Sinop, Sorriso e Tapurah).
O modelo de rede de negócios é uma ferramenta que dá mais competitividade ao setor, principalmente nas questões de comercialização, com aumento de escala na compra e venda de produtos. Esse modelo de trabalho já é implementado e tem sucesso em outros estados produtores, como é o caso da Cooperativa dos Suinocultores Ponte Nova e Região (Coosuiponte), ligada à Associação dos Suinocultores do Vale do Piranga (Assuvap), em Minas Gerais.
E para fechar a matéria o Cuiabá Notícias traz duas receitas com carne suína preparadas pelo chef especialista em suínos, parceiro da Acrismat, André Vitaliano.
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