Defesa de assassino de advogada tenta manipular a Justiça aponta MPE

O promotor Jorge Paulo Damante Pereira enxergou no pedido de absolvição sumária feito pela defesa do ex-PM Almir Monteiro dos Reis, de 49 anos,  como uma clara “tentativa de manipular o Poder Judiciário”. Almir é acusado de estuprar e matar a advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, de 48 anos, em agosto deste ano.

A Defensoria Pública Estadual pediu a absolvição do ex-PM alegando um diagnóstico de esquizofrenia paranoide, a partir de um laudo realizado em 2016. 

Para o promotor, o pedido é “descabido” e a tentativa de manipulação acontece quando Almir é declarado “incapaz” tão e somente para não responder por seus crimes.

“Logo, por todo o exposto, é clara a tentativa de manipular o Poder Judiciário ao se apresentar como “incapaz” apenas e exclusivamente quando vê a possibilidade de arcar com as consequências penais de seus atos”, diz trecho do documento. 

O promotor explica que o laudo de sete anos atrás, por si só, não poderia ser usado. 

“Há ainda a comprovação de que o acusado trabalhava normalmente como taxista, sem haver menção de qualquer circunstância duvidosa quanto à sua higidez mental”, disse. 

Em depoimento, uma testemunha afirmou conhecer Almir há mais de trinta anos e “nunca imaginou que ele seria capaz de praticar um feminicídio”, disse que o ex-PM era uma “pessoa normal”. 

Além disso, um dia antes do crime, Almir foi visto trabalhando na Rodoviária de Cuiabá como taxista. 

“Quanto ao pedido de absolvição sumária, de imediato, com base em um exame de insanidade mental do acusado realizado no ano 2016, trata-se, com a devida vênia, de pedido descabido”, afirmou o promotor. 

Segundo Damante, ficou demonstrado que o réu “não possui nenhuma doença que o impeça de ter discernimento do que é certo e do que é errado”, disse.

O crime 

Cristiane e Almir se conhecerem poucas horas antes do assassinato, na noite do dia 12 de agosto, no Bar do Edgare, na região da Arena Pantanal. Uma testemunha, familiar da vítima, a viu com vida pela última vez por volta das 23h30, quando foi embora do estabelecimento.

Almir saiu de casa com o carro da vítima, um Jeep Renegade, por volta das 8h da manhã. Cristiane já estava morta havia pelo menos seis horas e foi colocada no banco do carona do veículo. 

Um óculos escuro foi colocado em seus olhos para dissimular que ela estava morta. Entre 8h30 e 9h, o corpo dela foi deixado no parque. 

Assim que abandonou o corpo de Cristiane, Almir pediu uma corrida de aplicativo e voltou para casa. Meia hora depois, ele recebeu uma mulher com quem se relacionava há pouco tempo. Esse era o terceiro encontro dos dois.

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