As investigações da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) concluíram inquérito sobre a morte do empresário Josinaldo Ferreira Araújo, conhecido como Naldo do Tereré. Conforme o delegado Bruno Abreu, responsável pelo caso, o empresário foi assassinado por contrabandear cigarros sem autorização da facção criminosa Comando Vermelho. Naldo foi alertado pelos integrantes e não teria obedecido às ordens. O empresário foi executado a tiros em dezembro do ano passado, dentro do Shopping Popular, em Cuiabá.
Conforme o delegado, o empresário contrabandeava cigarros do Paraguai por conta própria. Os integrantes da facção criminosa Comando Vermelho tiveram conhecimento do fato e passaram a notificar Naldo para que ele parasse com a atividade.
“No final da investigação, nós chegamos a uma motivação que foi a venda de cigarros contrabandeados do Paraguai que a vítima optou por fazer essa prática ilícita. E não estava obedecendo a diretriz do Comando, no sentido de que o Comando Vermelho, além do tráfico de drogas, começou a diversidade de vendas de produtos ilícitos, no caso de cigarro do Paraguai. E a vítima estava vendendo o cigarro por conta própria”, disse o delegado em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (2).
De acordo com as investigações, as notificações eram feitas pessoalmente e encaminhadas ao empresário por meio de mensagens que foram ignoradas pela vítima. Por este motivo, Naldo teve a morte decretada.
“Ele foi ameaçado, ele foi alertado para que não continuasse a venda e optou por vender de forma sigilosa e foi avisado pessoalmente, foi avisado por mensagem de telefone e desejou continuar com a prática ilegal, o que culminou com a sua morte”, pontuou o delegado.
Durante a Operação Unity, deflagrada nesta terça-feira (1º), a polícia prendeu Gabriel Motta suspeito de participação no crime e Lucas Leonardo Padilha, que se encontrava preso. O reeducando foi preso em maio por tráfico de drogas. Agora, ele também responderá pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e por integrar organização criminosa. O terceiro suspeito continua foragido.
Segundo o delegado do caso, Lucas foi preso pela Polícia Rodoviária Federal, tentando transportar entorpecentes para Pontes e Lacerda. Segundo a Polícia, ele é integrante da facção criminosa Comando Vermelho.
“A gente cumpriu o mandado de busca na cela da Penitenciária Central do Estado (PCE), onde ele estava. Demos o cumprimento do mandado de prisão, trouxemos ele à delegacia, onde ele prestou algumas declarações importantes. O Lucas já tinha sido preso antes, faz parte da facção. A função dele, basicamente, era recolher dinheiro. Durante a investigação, a gente conseguiu detectar que eles iam praticar o crime em uma moto, mas ela quebrou. Então o Gabriel pagou, fez um PIX para um dos suspeitos que estava lá no local”, complementou.
Já Gabriel Mota foi preso na tarde de terça-feira. Ele também estava preso por tráfico de drogas, mas foi solto recentemente, e seu mandado de prisão foi cumprido em Cuiabá. O terceiro suspeito não foi identificado pelo delegado.
Relembre o caso
O empresário Josinaldo Ferreira Araújo, de 46 anos, foi morto no dia 19 de dezembro de 2022, no Shopping Popular, no bairro Dom Aquino, na Capital, após ser abordado por uma dupla criminosa na frente de uma das lojas que ele tinha no local. A DHPP apurou, por meio de imagens coletadas e relatórios investigativos, que a dupla chegou ao centro de comércio popular e claramente demonstrava não saber quem era a vítima.
Análises das imagens mostraram que os indiciados estavam a todo momento falando com uma terceira pessoa, em busca de informações sobre a vítima. Em determinado momento, Wenderson se aproxima do parceiro e aponta para a vítima, gesticula e sinaliza ao comparsa quem era o alvo. Em questão de segundos, a dupla coloca o plano de execução em prática.
Josionaldo é abordado pelos criminosos, que começam a dialogar entre si, para dissimular, como se fossem clientes do shopping, sendo atendidos pela vítima. Os dois então se colocam de forma que a vítima fica entre eles e então, BF.S. chamou o comerciante e quando a vítima se virou, o outro criminoso sacou a arma e fez o primeiro disparo contra a cabeça da vítima, que imediatamente caiu. Em seguida, ele fez mais de cinco disparos contra Josionaldo, demonstrando um crime de execução.
Na fuga, um dos executores do homicídio, Wenderson Santos Souza, de 24 anos, entrou em confronto com policiais militares e morreu nas imediações do centro comercial. O outro criminoso, de 22 anos, foi preso em flagrante, e teve prisão convertida em preventiva.
A investigação da DHPP, baseada em análise de imagens do circuito de segurança, depoimentos e outros materiais probatórios, apurou que a dupla armada chegou ao centro comercial com a clara intenção de executar a vítima.
Em depoimento, o criminoso preso alegou que foi com seu ‘amigo’ ao local apenas para cobrar uma dívida e não sabia que seu parceiro na empreitada criminosa mataria o comerciante.