Cotonicultores mato-grossenses já levaram as sementes de algodão para 77,05% da área destinada nesta safra 2023/24. O avanço supera a média histórica dos últimos cinco anos de 60,87%. Tal “antecipação” do plantio, segundo especialistas, requer atenção quanto ao manejo da lavoura.
A semeadura do algodão em Mato Grosso tem avançado a passos largos nas últimas semanas. Entre os dias 19 e 26 de janeiro, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), houve um avanço de 20,57 pontos percentuais.
O levantamento divulgado na última semana revela ainda que a safra 2022/23 estava com 47,81% da sua área semeada em 27 de janeiro.
O avanço com os trabalhos nas lavouras de algodão em Mato Grosso resulta do adiantamento do ciclo da soja, ocasionado pelas adversidades climáticas pelo fenômeno El Niño, como a falta de chuva e elevadas temperaturas.
O levantamento do Imea mostra que a região sudeste já plantou 77,81% da área destinada para a fibra, enquanto a nordeste 77,56%. A celeridade nos trabalhos pode ser vista também na região oeste com 77,48% da área semeada e no médio-norte com 77,11%.
No centro-sul do estado 76,22% da área já conta com as sementes. Já a região noroeste semeou 69,63%.
Manejo é essencial para bom desempenho
Os cuidados com os processos da semeadura são considerados fundamentais para se obter um bom estabelecimento da lavoura, salientam especialistas na área de algodão, bem como o manejo no pós-plantio.
“O plantio é onde tudo se inicia. Escolher variedades adequadas para sua realidade, fazer o preparo da área que vai receber as sementes e realizar o bom plantio são práticas que ajudam a ter um bom estabelecimento de lavoura”, diz Warley Palota, gerente sênior de Marketing Algodão na Basf.
Segundo ele, produtores que decidiram antecipar a safra devem optar por variedades mais tardias, que são mais rústicas e suportam melhor as condições de solo.
“Com uma variedade mais precoce, o volume de chuvas característico da época pode prejudicar os frutos, ou seja, as maçãs do algodão, que podem apodrecer”, alerta.
Outro cuidado com as lavouras é quanto a incidência de pragas, como como tripes, pulgão e mosca-branca, e de plantas daninhas. Palota destaca que é no início de safra que o manejo deve ser feito, visando preservar o potencial produtivo da cultura, sem causar “competição” entre a planta do algodão e demais agentes externos.
“Semear ‘no limpo’ é sempre uma boa escolha. As pragas do algodão vêm aumentando ano após ano e causando prejuízos”.
No que tange ao controle de doenças, Palota reforça a importância do manejo preventivo com fungicidas, que deve começar entre 25 a 30 dias pós-semeadura.
“As primeiras aplicações visam controlar o desenvolvimento de doenças, principalmente ramulária e mancha-alvo. Fazer as aplicações iniciais de forma correta, seguindo as boas práticas agrícolas e instruções da bula, pode facilitar o manejo de fungicidas ao decorrer da safra”.
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