Fatos sobre os feminicídios: Mulheres e meninas têm mais chances de serem mortas por pessoas próximas

Rosana Leite No afã de trazer a lume as muitas situações e fatos que envolvem a violência contra as mulheres, e que redundam em feminicídios, o estudo tem prestado papel primordial. Unindo forças para esse enfrentamento, foi divulgada uma ação global com a coalização do Fórum Geração Igualdade, Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime e a ONU Mulheres para a publicação da segunda edição conjunta do relatório sobre o assassinato de mulheres e meninas relacionado ao gênero. Esses dados foram apresentados no ano de 2022, antes do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher e dos 16 Dias de Ativismo contra o Fim da Violência de Gênero. Mas, sem dúvida, são dados bastante atualizados. Pela pesquisa, cinco descobertas foram chave, e podem ser vislumbradas em tantas outras: mulheres e meninas têm mais chances de serem mortas por pessoas próximas a elas; o feminicídio é um problema universal; a verdadeira escala do feminicídio é provavelmente muito maior; alguns grupos de mulheres e meninas enfrentam riscos; e o feminicídio pode e deve ser prevenido.    Apurou-se que cerca de 48.800 mulheres e meninas foram mortas em todo o mundo por seus parceiros íntimos, ou por outros familiares próximos. Fazendo a média, aproximadamente 133 mulheres e meninas são assassinadas diariamente por alguém bastante próximo. É de se aquilatar, ademais, que os principais autores dos feminicídios têm sido os atuais e antigos parceiros íntimos, em 55%. É o feminicídio um problema que afeta o mundo.  São lamentáveis os números de mulheres e meninas assassinadas por pessoas próximas: a África teve o registro de 20.000 vítimas; a Ásia 18.400 mulheres vítimas; nas Américas 7.900 vítimas; na Europa 2.300; e na Oceania 200 meninas e mulheres assassinadas. Apesar de dados bastante significativos, não refletem a realidade. O estudo apontou que de quatro a dez assassinados de meninas e mulheres, as informações são insuficientes a apontar se entrará nas estatísticas do delito de feminicídio. O Escritório das Nações Unidas e a ONU Mulheres buscam superar as subnotificações através de estruturas para “medir” esses assassinatos relacionados ao gênero, tendo sido aprovada pela Comissão de Estatísticas das Nações Unidas. Quanto ao segmento de mulheres alvo, destaca o estudo que cada país ao identificar as meninas e mulheres em maiores riscos, devem aprimorar os mecanismos de proteção e prevenção. Fora a violência doméstica e familiar, alguns grupos tem se destacado como alvo: mulheres com perfil público; mulheres na política; defensoras de direitos humanos; e jornalistas. Outro segmento bastante visibilizado é o das mulheres indígenas, porquanto o Canadá e a Austrália têm se destacado como locais onde elas têm sido desproporcionalmente mortas, cinco vezes mais.      Dentre os episódios, a prevenção aos feminicídios, por ser um crime anunciado, é o que torna o Poder Público ciente e responsável da iniciativa de combate. A vida das mulheres é de “encargo” público. Assim, segundo a ONU Mulheres, é preciso a revisão detalhada dos múltiplos atores desses assassinatos de meninas e mulheres. Completando a pesquisa: há necessidade de envolvimento das famílias e redes sociais das vítimas, com o objetivo de aprimorar as respostas institucionais e prevenir futuras mortes. Em Mato Grosso as instituições e poderes atuam em um Comitê Para a Análise dos Feminicídios que por aqui aconteceram. Pesquisas estão sendo realizadas com familiares e pessoas próximas das vítimas desses crimes. A finalidade é a prevenção, com a propositura de políticas públicas, através do resultado das análises. É de Djamila Ribeiro: “Minha luta diária é para ser reconhecida como sujeito, impor minha existência numa sociedade que insiste em negá-la.” Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Eleições em Cuiabá: Abílio Ou Lúdio?

Fábio Henrique Alves O momento é oportuno para uma profunda reflexão sobre qual candidato está mais preparado para servir ao povo de Cuiabá. Como se sabe eleição municipal é a mais calorosa que existe.O momento é oportuno para uma profunda reflexão sobre qual candidato está mais preparado para servir ao povo de Cuiabá. Como se sabe eleição municipal é a mais calorosa que existe. Para além das paixões partidárias e ideológicas o que está em jogo é o futuro de Cuiabá. Cabe ao eleitor analisar os candidatos e decidir quem contratará – mediante o voto – e entregará as chaves da cidade para cuidar do povo a partir de 1º de janeiro de 2025. Nesse processo de escolha a comparação entre os candidatos é natural. Será analisado qual candidato pode trazer menos problemas, qual deles tem menos aspectos negativos e quem é mais bem preparado para governar a cidade.  Em regra para ser eleito é preciso ter currículo e prometer resolver problemas importantes do eleitorado. O eleitor não é bobo, apesar de vez ou outra ser enganado por políticos que ao invés de se propor a resolver os problemas reais da cidade, somente criam confusão e levam o eleitor a acreditar em conversa de cerca-lourenço. Um bom exemplo é o grave problema na saúde que Cuiabá vem passando. Qual dos candidatos tem autoridade, tem o currículo, que permite antever que ele realmente vai tentar resolver esse problema?A vida real das pessoas acontece na cidade e os problemas a se resolver são múltiplos. Para resolver esses problemas qual dos candidatos tem maior capacidade de dialogo ? Infelizmente, uma briga política entre o atual Prefeito de Cuiabá e o Governador, trouxe muitos prejuízos ao povo de Cuiabá. É hora de virar essa triste pagina, não havendo utilidade alguma em se fazer julgamentos.  A verdade é que quando um não quer, dois não brigam. A pergunta é qual dos candidatos tem condições de virar essa pagina ? A população de Cuiabá não quer guerra, é um povo ordeiro e de paz. É fato que existe político que somente vive de confusão e se beneficia de criar divisões. Cabe a população escolher se quer nos próximos 4 (quatro) anos, ter um prefeito que se preocupa com problemas imaginários ou ter um prefeito que busque resolver os problemas reais da população.  Não existe buraco na rua de esquerda ou de direita. Não existe remédio no posto de saúde de esquerda ou direita. Não será o Bolsonaro e nem o Lula quem vão administrar Cuiabá. Chegado à reta final dessas eleições é o momento para refletir qual dos candidatos esta preparado para ser prefeito de Cuiabá? Queremos voltar a normalidade ou buscar mais guerra ? Espero que o eleito, promova o desenvolvimento econômico de Cuiabá, sem deixar de lado o social. Que Cuiabá seja administrada para as pessoas que mais necessitam dos serviços públicos, tendo a vida como centro de qualquer projeto e que seja assegurado aos mais necessitados o direito humano à vida em sua plenitude.  O mais belo da democracia é que na eleição é o momento em que todos tem o mesmo poder, cada pessoa tem apenas um voto. Caberá a população de Cuiabá fazer a soberana escolha.  Analisando o perfil dos dois candidatos, não troco o certo pelo duvidoso. Cuiabá não pode perder a oportunidade de eleger o Lúdio.                 Fábio Henrique Alves é advogado. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Etarismo, você sabe o que é?

Luiz Fernando Nasci no dia 01/01/1972 na cidade de Francisco Beltrão no Paraná. Naquela época não existiam muitos recursos e a tecnologia ainda era coisa de ficção científica. Poucas casas tinham televisão e o telefone fixo era um artigo de luxo. A expectativa de vida do brasileiro era de 57,6 anos. Foi um pouco antes disso, em 1969, que o gerontologista, psiquiatra e autor norte-americano, Robert Neil Butler (1927–2010), criou o termo etarismo.. Butler comparou o etarismo ao racismo e sexismo, destacando que, assim como essas formas de preconceito, o etarismo perpetua estereótipos e limita as oportunidades para certos grupos, em especial os idosos. Ele enfatizou que esse tipo de discriminação pode ser sutil, como a desvalorização da experiência e sabedoria de pessoas mais velhas, ou explícita, como a exclusão social e a negativa de direitos básicos. Mas foi só muito recentemente que o termo passou a ser usado ,seguindo as melhorias nas condições de vida e saúde pública, o que contribuiu para o aumento constante da expectativa de vida ao longo das décadas. Para comparação, em 2021, a expectativa de vida no Brasil alcançou 76,8 anos. Segundo as projeções do IBGE, a população brasileira vai atingir seu pico em 2047, com cerca de 233 milhões de habitantes. Após esse ponto, começará a diminuir gradualmente. Em 2060, espera-se que o Brasil tenha uma proporção significativa de idosos, com 40 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, representando 25% da população. As crianças e adolescentes (até 14 anos) serão uma minoria, com projeção de 30 milhões de pessoas nesse grupo etário até 2060. Esses dados mostram que o Brasil está enfrentando um rápido processo de envelhecimento populacional, impulsionado pela queda da fecundidade e pelo aumento da expectativa de vida. Essa transição demográfica trará uma série de desafios, especialmente em áreas como previdência, saúde pública e integração de idosos no mercado de trabalho. Contudo, também abre oportunidades para políticas voltadas ao bem-estar da população idosa e para o desenvolvimento de setores econômicos que atendam às necessidades dessa faixa etária crescente. Com o envelhecimento da população, há também uma mudança na força de trabalho. Muitos brasileiros mais velhos continuam a trabalhar após a aposentadoria, tanto por necessidade financeira quanto por desejo de se manterem ativos. No entanto, o preconceito etário no mercado de trabalho ainda é uma barreira significativa para que idosos permaneçam empregados. Ainda segundo o IBGE, o Brasil está envelhecendo a uma velocidade superior à média global. Enquanto países como França e Estados Unidos tiveram quase um século para adaptar suas políticas ao envelhecimento, o Brasil está passando por essa transição de forma muito mais acelerada. Com o crescimento de movimentos sociais e o uso de mídias digitais, especialmente em fóruns e redes sociais, questões como o preconceito etário ganharam mais visibilidade. Pessoas idosas, influenciadores, acadêmicos e ativistas têm usado essas plataformas para denunciar o etarismo, trazendo histórias e experiências que ajudam a conscientizar a sociedade sobre essa forma de discriminação. E a propósito se for jogar bola e bater a canela, passe álcool com arnica, receitas da vó Esmeralda, ela estava certa. Embora o estado de Mato Grosso como um todo esteja envelhecendo, o processo não é homogêneo em todas as regiões. As áreas urbanas apresentam uma maior concentração de idosos devido a melhores serviços de saúde, enquanto as áreas rurais ainda possuem uma população mais jovem, mas também começam a sentir os efeitos do envelhecimento populacional. É chegada a hora de se colocar esse assunto na mesa e não varre-lo para baixo do tapete. O envelhecimento está batendo em nossa porta, precisamos começar a traçar políticas públicas que garantam que essa população não seja excluída e que os valores e conhecimento amealhados ao longo do tempo não sejam desperdiçados. Minha saudosa vó Esmeralda, falava que velho é trapo, quando nos deixou aos quase 90 anos estava lúcida, costurava, fazia tricô como ninguém e era uma exímia contadora de histórias. Sempre com o álcool com arnica pronto para curar desde unha encravada, arranhões e outros machucados. Sabedoria que se foi, mas que foi valorizada pela família e pelos amigos que a amavam. É isso amigos, o combate ao etarismo começa comigo, com você e com o do lado. Afinal daqui a pouco seremos nós aqueles que vamos sofrer na pele a barbarie desse tipo de discriminação. O tempo é implacável, não para nunca, passa pra todos. O que não passa são os livros lidos, o conhecimento, a criatividade, a força e a coragem, os feitos, os amores vividos. Que sua bagagem seja vista de longe por aqueles que muitas vezes nada carregam, e que está bagagem abra as portas do mercado, dos postos de trabalho e da vida. Cabelos prateados pelo tempo precisam do nosso respeito, da nossa gratidão e reverência. Se Deus permitir que eu chegue lá, se permitir que você também chegue, que seja pleno. E a propósito se for jogar bola e bater a canela, passe álcool com arnica, receitas da vó Esmeralda, ela estava certa. Luiz Fernando – é jornalista em Cuiabá, palestrante, terapeuta holístico e criador do método CURE que auxilia no tratamento para a bipolaridade. @luizfernandofernandesmt Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Rio Cuiabá: Um elemento de paisagem

NEILA BARRETO Nas várias versões da história da Vila Real do Bom Jesus de Cuiabá e da cidade de Cuiabá, o rio homônimo foi roteiro de aventuras esplendorosas, de epopéias trágicas e grandiosas, de práticas cotidianas quase invisíveis a viajantes e desbravadores. É um elemento principal de paisagem, representa vida para a cidade. Vivemos em contato com ele, vivemos dele, somos íntimos dele. A nossa culinária está ligada a ele. O nosso linguajar está ligado nele. O nosso peixe advém dele. As hortas estão em seu entorno, a cerâmica, as redes, a cana e a rapadura, cuja cidade Karl von den Steinen assim descreveu o seu olhar sobre a cidade de Cuiabá: …uma linda cidade balneária alemã, numa tarde de domingo, quando toca a banda militar. Imaginou encontrar-se num vilarejo da Turíngia ao constatar “a liberdade patriarcal do bom gado”, ao verificar a sem cerimônia com que porcos cabritos e, outros animais andavam pelas ruas. No Cuiabá, a rede de rios e seus afluentes que cortam o Estado de Mato Grosso, em todas as direções é grande, oferecendo recursos hídricos dos mais caudalosos. Dentre as bacias que cortam este território, as três principais são: Bacia Amazônica, ao norte, cujos rios vão desaguar no maior rio do mundo, em volume: o Amazonas; Bacia do Paraguai, a oeste, tendendo para o sul; Bacia do Paraná, a sudeste, também tendendo para o sul, encontrando-se fora do Estado com a do Paraguai. Foi e é reservatório de inspiração para a construção cotidiana das culturas ribeirinha e urbana. Nele, as artes, a música, a literatura, a poesia, as festas, as danças têm perene fonte de inspiração. Festas e danças como siriri, cururu, São Gonçalo, as lavações de São João, a festa de São Pedro, padroeiro dos pescadores, a honra a São Benedito e ao Senhor Divino para os cuiabanos não são tradições, são vivências. Comer peixe, principalmente os mais nobres como o pacu assado, a moqueca feita do pintado com a mandioca, a pacupeva cozida acompanhada do arroz sem sal, o bagre ensopado e a piraputanga recheada com farofa de banana da terra, não são pratos típicos da culinária cuiabana, são pratos do dia-a-dia, oriundos das famílias ribeirinhas. São comidas que invadiram os lares cuiabanos e se tornaram costumes e culinárias tradicional, regional e nacional. Cultuar os santos como Nossa Senhora, Santa Rita, São Benedito, Senhor Divino, São Pedro, São Gonçalo, São João, festejá-los, lavá-los hoje, nas águas do rio Cuiabá ou, como outrora, em suas fontes, poços, chafarizes e bicas não são folclores, mas costumes que marcam as relações profundas dos córregos, rios, das suas águas com os moradores, num encontro de vida com as suas águas doces potáveis sagradas e profanas. Precisamos cuidar das nossa águas. Precisamos cuidar do Rio Cuiabá, seu principal elemento de paisagem e de vida. Viva Cuiabá! NEILA BARRETO é membro da AML e presidente do IHGMT desde setembro/2020 aos dias atuais. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

25 anos servindo com garra

 VÂNIA ROSA No último sábado 12/10 entrei para as fileiras da reserva da Polícia Militar. Dia de Nossa Senhora Aparecida, data que me deixa com o coração quente graças à devoção. É justamente essa fé que caminhou comigo nos 25 anos de servindo o Estado de Mato Grosso com objetivo de trazer a sensação de segurança para o nosso povo. Aos 44 anos, sinto que posso ir além da segurança pública e entregar para a sociedade uma gestão de qualidade, sem crime, sem corrupção. Por isso embarquei como candidata a vice de Abilio Brunini, com objetivo de entregar ações concretas para a sociedade cuiabana. Na carreira militar passei por diversas cidades e funções. Dediquei boa parte da minha carreira na área de Ensino da PMMT nos cursos de formação de novos policiais (Praças e Oficiais) e também no Colégio Militar Tiradentes na Capital. Uma das lutas mais marcantes foi em 2019, quando me licenciei e por conta própria estive no movimento de militares que foram para Brasília para debater sobre o projeto de Lei 13.954/19 que alterava as regras de Previdência para as Forças Armadas, policiais militares e bombeiros estaduais, atuando de forma que os militares tivessem o menor prejuízo com a Lei que foi sancionado pelo presidente Jair Messias Bolsonaro no final daquele ano. Em reconhecimento pela luta da causa que beneficiou mais de 15 mil militares no Estado, em 2020, fui convidada para participar da gestão da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso (ASSOF-MT). Já comando da Patrulha Maria da Penha em Cuiabá conheci de perto a realidade das famílias mais vulneráveis de nossa cidade. Mais de 1,2 mil mulheres no ano de 2022, número igual ao de atendimentos realizados no primeiro semestre de 2023. Ir para a reserva não se trata apenas do encerramento de um ciclo, mas também do início de outro alicerçado na política.Como vice-prefeita de Cuiabá, fora da carreira militar, o raio de atendimento à nossa sociedade é ampliado e tenho muito a contribuir para colocar Cuiabá no caminho certo. O primeiro turno dessa batalha já concluímos com a excelência dos 126.944 votos, que precisam ser honrados. Agora travamos um turno ainda mais forte, principalmente no campo ideológico, onde a bandeira vermelha tenta camuflar suas cores a fim de enganar a população e não vamos nos acomodar. Cuiabá merece mais. Nossa capital, a cidade dos nossos filhos e pais, será liberta de toda podridão, criada principalmente pela corrupção. Se passei 25 anos servindo a sociedade dentro do militarismo, tenho garra, competência e força para outras dezenas de anos lutando pelo meu povo através da política.  VÂNIA ROSA é coronel da Polícia Militar e candidata a vice-prefeita de Cuiabá pelo partido NOVO. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Como a Geração Z está transformando o mercado imobiliário

CÉSAR SANTOS O mercado imobiliário de Mato Grosso está vivendo um momento promissor, e um dos fatores de destaque é o crescente interesse da Geração Z (nascidos a partir de 1995). Essa geração, que valoriza o consumo sustentável e é exigente na compra de produtos e serviços, tem se tornado um público relevante para o setor. Um dos fatores que impulsiona essa geração em direção à compra de imóveis é o desejo crescente de sair da casa dos pais. Para muitos jovens da Geração Z, a independência financeira e a autonomia pessoal são objetivos primordiais. Seja para morar sozinhos ou para começar uma vida a dois, o interesse por ter seu próprio espaço tem aumentado consideravelmente. Com isso, surge uma demanda específica por imóveis que atendam às necessidades dessa transição. Eles buscam por apartamentos compactos, bem localizados, e que ofereçam soluções modernas e sustentáveis. Além disso, o aumento no custo dos aluguéis e a instabilidade do mercado de locação têm incentivado muitos jovens a considerar a compra de imóveis como uma alternativa mais estável e segura a longo prazo.  A MRV realizou um levantamento em 2023 que apontou que, em Mato Grosso, jovens entre 18 e 30 anos já representam 47% dos clientes que adquiriram imóveis. Esse dado reflete uma tendência de crescimento na participação da Geração Z no mercado imobiliário, que está diretamente relacionada ao desejo de se estabelecerem em suas próprias casas. Programas de financiamento habitacional, como o Minha Casa Minha Vida (MCMV), desempenham um papel essencial na acessibilidade à compra de imóveis, oferecendo prazos de até 35 anos e juros mais baixos. Isso facilita a aquisição do primeiro imóvel por jovens em início de carreira. Além disso, o programa SER Família Habitação, do governo de Mato Grosso, concede subsídios de até R$ 20 mil, acumuláveis com os benefícios do MCMV, gerando descontos que podem chegar a R$ 75 mil. Essas iniciativas tornam a compra mais acessível para a Geração Z, mesmo em um cenário econômico desafiador. CÉSAR SANTOS é gestor comercial da MRV em Mato Grosso. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

A Umbanda não faz milagres, a Umbanda desperta a fé, e a fé faz milagres!

SORAYA MEDEIROS A Umbanda é uma religião que, muitas vezes, é mal compreendida. Alguns buscam nela a promessa de milagres instantâneos, esperando que suas dificuldades sejam resolvidas por intervenções divinas sem esforço pessoal. No entanto, a Umbanda não é um caminho de soluções mágicas, mas sim uma prática espiritual que desperta algo mais profundo e poderoso: a fé. E é essa fé, quando ativada em sua essência, que opera os verdadeiros milagres. A fé, nesse contexto, não é uma crença cega ou passiva. Pelo contrário, é uma força transformadora que exige entrega, confiança e ação. Ao despertar a fé, a Umbanda ensina que o milagre não vem de fora, mas de dentro. A cura, o alívio, a mudança de vida – tudo isso não é concedido como uma dádiva, mas conquistado por meio de uma jornada de autoconhecimento, alinhamento espiritual e trabalho interior. Dentro dos rituais da Umbanda, as entidades espirituais não agem como meros “fazedores de milagres”. Elas são guias, orientadores, que nos mostram o caminho e nos ensinam a utilizar as ferramentas que já temos: nossa fé, nossa força interior e nosso potencial divino. Os caboclos, pretos-velhos e outros espíritos que se manifestam nas giras, oferecem aconselhamentos e curas, mas sempre reforçam que o poder de transformação está em nossas mãos. A caridade e o trabalho social ocupam um papel central na prática da Umbanda, sendo considerados expressões da fé e do amor ao próximo. Para além dos rituais e das giras, a Umbanda nos ensina que a espiritualidade se manifesta também por meio de ações concretas de ajuda e solidariedade. A caridade, nesse contexto, não é vista como um ato de superioridade, mas como uma oportunidade de exercitar a humildade e contribuir para o bem-estar coletivo. O trabalho social, seja por meio de atendimentos espirituais ou de auxílio material a quem mais necessita, é uma forma de praticar o amor incondicional e o respeito à dignidade humana, elementos fundamentais na filosofia umbandista. Ao praticar a caridade, os filhos de fé vivenciam o ensinamento de que, ao ajudar o outro, também estão se curando e fortalecendo a própria fé, criando um ciclo virtuoso de troca e evolução espiritual. O milagre, então, é fruto de um despertar. Quando nos permitimos sentir a presença do divino e nos conectamos com o propósito da nossa existência, algo profundo acontece. A fé, que muitas vezes é adormecida pelas dificuldades da vida, ganha nova força e nos faz enxergar que somos capazes de superar desafios, curar nossas feridas e encontrar paz. É essa fé que abre os caminhos para que os milagres aconteçam. Assim, a Umbanda não é uma religião de promessas vazias ou de expectativas irreais. Ela nos ensina que, ao despertarmos a fé em nossos corações, somos capazes de mover montanhas. O verdadeiro milagre não é algo externo, mas o processo interno de transformação, de despertar para a força divina que já habita em cada um de nós. Em vez de esperar que algo aconteça, a Umbanda nos convida a sermos co-criadores da nossa realidade. A fé que é despertada não é uma passividade diante das dificuldades, mas sim uma força ativa, que nos motiva a agir, a cuidar de nós mesmos e a buscar o melhor caminho para nossa evolução. O milagre, portanto, está em cada passo que damos, com fé e confiança, sabendo que a espiritualidade está ao nosso lado, mas que a jornada é nossa para trilhar. A Umbanda não faz milagres. Ela nos desperta para a fé, e é essa fé, viva e pulsante, que realiza os milagres. Ao nos entregarmos a essa verdade, compreendemos que somos parte do divino e que, com fé, podemos realizar qualquer coisa que desejarmos. O milagre, afinal, é o reflexo de nossa fé em ação. SORAYA MEDEIROS – é jornalista com mais de 22 anos de experiência, possui pós-graduação em MBA em Gestão de Marketing. É formada em Gastronomia e certificada como sommelier. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Câncer de mama e exercícios físicos

Dr. João Lombardi A prática regular de exercícios físicos está associada a uma melhor qualidade de vida O câncer de mama é um dos tipos mais comuns de câncer entre mulheres em todo o mundo. Diversos estudos têm explorado a relação entre a prática de exercícios físicos e a incidência, progressão e prognóstico do câncer de mama. Este artigo visa apresentar uma revisão da literatura sobre os benefícios dos exercícios físicos para pacientes com câncer de mama, abordando a prevenção, o tratamento e a qualidade de vida. Evidências sugerem que a prática regular de exercícios físicos pode reduzir o risco de desenvolvimento de câncer de mama. Estudos epidemiológicos indicam que mulheres fisicamente ativas têm um risco 25-30% menor de desenvolver câncer de mama comparadas às sedentárias. Os mecanismos propostos para essa proteção incluem a redução dos níveis de estrogênio, melhora da função imunológica e manutenção de um peso corporal saudável. Para pacientes diagnosticadas com câncer de mama, os exercícios físicos podem ser integrados ao tratamento, oferecendo vários benefícios. Exercícios podem ajudar a mitigar os efeitos colaterais de tratamentos como a quimioterapia e radioterapia, incluindo fadiga, náuseas e dor. Além do que, a atividade física ajuda a prevenir a perda de massa muscular e força, comum durante o tratamento. Vale ressaltar que exercícios de alongamento e força podem prevenir e tratar a limitação de movimento, especialmente após cirurgias como a mastectomia. Qualidade de vida A prática regular de exercícios físicos está associada a uma melhor qualidade de vida em pacientes com câncer de mama porque reduzem a fadiga relacionada ao câncer, podem ajudar a reduzir sintomas de depressão e ansiedade, comuns em pacientes oncológicos e proporcionar uma sensação de controle e bem-estar, melhorando a autopercepção e a autoconfiança. Importante! A prescrição de exercícios deve ser individualizada, considerando o estado de saúde, estágio do câncer e tratamento do paciente, devendo prevalecer uma combinação de exercícios aeróbicos (caminhada, corrida, ciclismo e natação) com exercícios de força (treinamento com pesos ou resistência, duas a três vezes por semana, para manutenção e ganho de massa muscular) e exercícios de flexibilidade (alongamentos diários para manter a amplitude de movimento, especialmente para pacientes pós-cirurgia). Os exercícios físicos desempenham um papel crucial na prevenção, tratamento e melhora da qualidade de vida de pacientes com câncer de mama. É fundamental que profissionais de saúde incentivem e orientem a prática de atividades físicas, adaptando-as às necessidades individuais de cada paciente. Dr. João Lombardi – é médico do exercício e do esporte pela Unifesp, Pós em fisiologia do exercício e metabolismo pela USP de Ribeirão Preto, mestrando pela UFMT, médico do Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio e Paris, médico assistente do Comitê Paralímpico Brasileiro e diretor do Instituto Lombardi, em Cuiabá (MT). Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

O segredo da longevidade

Dr. Arnaldo Sérgio Patrício O equilíbrio hormonal desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde A longevidade tem sido tema de crescente interesse à medida que a população mundial envelhece e a expectativa de vida aumenta. O segredo para viver mais e com qualidade, no entanto, não é uma fórmula única, mas sim uma combinação de fatores genéticos, ambientais, hormonais e comportamentais. Como endocrinologista, posso afirmar que o equilíbrio hormonal desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde ao longo dos anos, e a regulação adequada dos hormônios pode ser um dos principais fatores para garantir uma vida longa e saudável. Os hormônios são substâncias essenciais que regulam inúmeras funções no organismo, como o metabolismo, o crescimento, a resposta ao estresse e a reprodução. Eles agem como mensageiros químicos, comunicando-se entre as células e órgãos para manter o corpo em equilíbrio. Ao longo da vida, os níveis hormonais mudam significativamente, o que pode impactar tanto a saúde física quanto mental. Com o envelhecimento, por exemplo, há uma diminuição na produção de certos hormônios, como o hormônio do crescimento (GH), a testosterona nos homens e o estrogênio nas mulheres. Essa queda pode estar associada a um aumento da massa gorda, diminuição da massa muscular, perda de densidade óssea e redução da vitalidade. Entretanto, o simples declínio hormonal não determina, por si só, a qualidade do envelhecimento. Estudos mostram que manter uma alimentação balanceada, praticar atividade física regularmente e adotar hábitos de vida saudáveis podem minimizar os efeitos negativos dessas mudanças hormonais. Uma dieta rica em nutrientes antioxidantes, como frutas e vegetais, ajuda a combater os danos causados pelos radicais livres, que são responsáveis por acelerar o processo de envelhecimento celular. Além disso, a prática de exercícios físicos não só ajuda a manter o peso corporal adequado, como também estimula a produção de hormônios anabólicos, como a insulina e o hormônio do crescimento, que são essenciais para a manutenção da massa muscular e da saúde óssea. Outro aspecto importante relacionado à longevidade é o controle dos hormônios do estresse, como o cortisol. O estresse crônico pode levar ao aumento persistente dos níveis de cortisol, o que está associado ao envelhecimento precoce e ao desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Técnicas de gerenciamento de estresse, como meditação, yoga e uma boa qualidade de sono, são fundamentais para manter o cortisol em níveis controlados e, assim, promover um envelhecimento saudável. A reposição hormonal, um dos temas mais discutidos na endocrinologia, é uma abordagem que pode ser considerada para aliviar os sintomas relacionados ao declínio de certos hormônios com o avanço da idade. No entanto, é essencial que a reposição seja feita de forma criteriosa e individualizada, levando em consideração os riscos e benefícios de cada caso. Em algumas situações, a reposição hormonal pode melhorar a qualidade de vida e prevenir complicações, mas deve ser sempre orientada por um médico especializado. Além dos fatores hormonais, a genética também desempenha um papel importante na longevidade. Pesquisas sugerem que indivíduos cujas famílias têm um histórico de longevidade podem ter maior predisposição a viver mais. No entanto, os genes não são o único fator determinante. Estilo de vida, hábitos alimentares e o ambiente em que se vive têm um peso significativo na forma como os genes se expressam, influenciando diretamente a saúde e a longevidade. É importante ressaltar que, embora muitos busquem uma fórmula mágica para prolongar a vida, o verdadeiro segredo está na combinação de fatores: manter um equilíbrio hormonal adequado, adotar hábitos de vida saudáveis, gerenciar o estresse e cultivar relacionamentos positivos. O segredo da longevidade não reside apenas nos avanços da medicina, mas na adoção de um estilo de vida equilibrado, que integre corpo e mente em harmonia, permitindo que cada etapa da vida seja vivida com plenitude. Dr. Arnaldo Sérgio Patrício – é Especialista em Medicina Interna e Radiologia. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Eu errei e agora

Luiz Fernando Diz o ditado popular que “Errar é humano, persistir no erro é burrice”. Mas a frase original é um pouquinho diferente, ela é atribuída ao filósofo e médico francês, Georges Canguilhem (4 de junho de 1904 – Marly-le-Roi, 11 de setembro de 1995) que escreveu: “Errar é humano; persistir no erro é diabólico”. Ao longo do tempo ela foi ganhando variações, um dia desses um  amigo me disse, “Errar é humano, colocar a culpa nos outros é mais humano ainda.” Interessante que este pensamento ignora uma série de fatores, um deles é o tempo que alguém pode demorar para aprender, e logo poderia sim persistir no erro, não por maldade ou burrice, mas por algum tipo de limitação. Nos lança na urgência e nos cobra uma ação imediata, como se o aprendizado fosse uma tecla que ao ser apertada uma única vez acenderia uma luz em nossa mente. Não quero aqui contestar o brilhante filósofo, mas quero sim lançar mais uma luz sobre o tema, tirar o peso de nossas costas e libertar nossa mente para o novo, talvez até criar mais uma variante da frase famosa. Quando erramos é sinal de que estávamos tentando acertar ou pelo menos aprender. Algumas tarefas ou ações vão demandar sim tempo para que sejam feitas com excelência e não vejo nada de diabólico nisso. Temos esse direito e nada pode nos tirar essa oportunidade. Lembro quando me lancei numa aventura de aprender a voar de parapente com o competente instrutor de voo livre Fernandes Falcon, um dos profissionais mais competentes do Brasil. Apesar da didática perfeita e da prática apurada, demorei um bom tempo para entender como tudo funcionava. Errei muito até colocar o parapente em cima da cabeça, mais ainda para decolar pela primeira vez. Não era nada diabólico e tão pouco burrice, era maturação. Se eu tivesse me cobrado tanto penso que não teria voado, e saibam que voei muito e aproveitei demais. Muitas pessoas vivem assim, se cobram demais e acabam não voando. Como disse no início desse escrito. Canguilhem nos lança na urgência do acerto e nos tira o direito do aprendizado, afinal, um pode voar em um dia e outro demorar um mês, mas ambos quando estiverem lá em cima serão iguais, sem cobranças, sem neuras, só curtição. Pare de se massacrar em busca da perfeição. Lembre-se que cada um terá seu tempo e isso precisa sim ser respeitado. Existe um ensinamento em Alcoólicos Anônimos que fala o seguinte: “Vá com calma, mas vá”, penso ser esta frase a mais coerente.  Ela nos mostra que não importa o desafio, devemos seguir em frente sempre. Não deixe um pequeno erro te impedir de avançar. Em tempos atuais até parece que tempo é tudo que não temos, mas o peso que as coisas podem ter em nossa vida pode ser imensurável. É claro que não estou falando aqui dos erros produzidos pela falta de caráter, como uma traição conjugal, uma atitude desonesta ou o famigerado jeitinho. Estou me referindo a coisas sérias, novas habilidades e por aí vai. Da próxima vez que você errar, não se sinta burro ou diabólico. Todos nós temos esse direito, mas nem por isso vamos relaxar. Estar alerta e tentar fazer o seu melhor, vai ser melhor sempre. Fico imaginando se meu instrutor de parapente tivesse me dito essa frase, eu jamais teria visto o mundo lá de cima. Mas ele me tratou com amor e me fez voar. Esse mesmo amor eu quero que você sinta agora, afinal se eu consegui, você também vai. Não se sinta burro, inapto ou despreparado. Vá com calma, mas vá, no final o céu é o limite para todos nós.  Tenha força, tenha coragem, se esforce, treine, existe um mundo precisando e esperando por você. Passo a passo, dia a dia e os erros vão ficando para trás. Agarre as oportunidades e se prepare para viver o extraordinário. Vou agora dar a minha versão para a frase inicial: “Errar é humano, persistir no erro pode ser só uma questão de tempo, pois quando o aprendizado chegar e erro foi apenas um companheiro da caminhada que te levou ao topo”.  Luiz Fernando é jornalista em Cuiabá, palestrante, terapeuta holístico e criador do método CURE que auxilia no tratamento para a bipolaridade. @luizfernandofernandesmt Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias