Eleição aqui e do outro lado da ponte

 Alfredo da Mota Menezes Como é natural em época de eleição as ilações aparecem aos montes Como é natural em época de eleição as ilações aparecem aos montes. Em Cuiabá é parte do cotidiano de tantas pessoas. Quando se aproxima o dia da votação e com o horário gratuito no ar, a coisa pega mais ainda. Algumas conjecturas do momento.                 A pergunta mais constante é saber quais candidatos vão para o segundo turno na capital. É aceito que isso vai acontecer, que não tem candidato com votos sufi entes para levar no primeiro turno.                 Uns colocam o Eduardo Botelho no segundo turno e aí começam as análises de quem iria com ele. Alguns acham que é o Abílio Brunini. Que a eleição vai polarizar entre os dois e que, no final, iriam para uma disputa extra. Outros erguem que não é bem assim. Que o Botelho e Abílio dividem determinado segmento do eleitorado, o chamado centro-direita. Que um tira voto do outro.                 Aparecem outros arguindo que o segundo turno poderia ir um dos dois e o Ludio Cabral. Que o candidato do PT é um pouco mais para a esquerda e que se tem um eleitorado na capital que vota sempre por aí. E que, se houver a divisão de votos entre Abílio e Botelho, o Ludio poderia ir para um suposto segundo turno. Acrescentam ainda que a economia está indo bem e que isso pode refletir num candidato do Lula na capital. Arguem mais de que, se o Ludio fosse para segundo turno, o lula poderia vir a comício na capital.                 Domingos Kenedy recebe observações também. No geral é de que é um bom nome, mas não é conhecido e o tempo para fazer isso acontecer pode não ser suficiente.                 Outro item avaliado nesse converseiro é o número de candidatos a vereadores em apoio a cada candidatura. Quem tem mais coligações, em tese, pode ter mais candidatos a vereador e que eles podem ajudar no dia a dia dessa ou daquela candidatura. E, claro, entra nas conversas a fala de que quem tem mais dinheiro, republicano ou não, para ajudar na candidatura, leva vantagem também.                 Tem outras falas, como aquela de que quando alguém diz que fulano está no segundo turno ou que pode ganhar a eleição, outro vem e diz que poderia vir no meio da campanha uma bomba atômica de denuncia que machucasse esse ou aquele candidato.                 Em Várzea Grande, ali do outro lado da ponte, no segundo colégio eleitoral do estado,  a eleição é sempre motivo de muitas conversas em Cuiabá.                 Uma delas é a união das famílias Baracate e Campos na política local. Eram adversários, um da UDN e o outro do PSD, hoje estão juntos. Talvez com receio de que gentes de fora ganhassem a eleição para prefeito.                 Chama a atenção nas conversas, o número grande de eleitores da cidade, que não estavam ali no passado, e que interessantemente ainda votam nos nomes antigos da politica dali. Será que isso é pelos erros dos que já entraram e não satisfizeram o eleitorado local?  Alfredo da Mota Menezes é analista político. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

A privacidade e a segurança de dados são possíveis na era da IA?

RUBIA COIMBRA A inteligência artificial (IA) está impulsionando cada vez mais diversos setores da indústria e a privacidade e a segurança dos dados continuam a ser questões centrais para as empresas nesse sentido. O desenvolvimento acelerado de tecnologias, como a IA generativa, trouxe oportunidades incríveis para inovação e eficiência, mas também criou desafios complexos relacionados à proteção das informações sensíveis. Afinal, em um cenário em que a IA está transformando o modo como trabalhamos e fazemos negócios, é possível garantir a segurança e o controle total dos dados? A resposta é sim, mas com certos cuidados. A proteção de dados na era da IA não é uma tarefa simples, mas com uma abordagem estratégica, é viável. As empresas que adotam um ecossistema de IA generativo precisam equilibrar a inovação com a responsabilidade. Este equilíbrio começa com a compreensão clara do ciclo de vida dos dados e o desenvolvimento de uma infraestrutura de informações que priorize tanto a segurança quanto a privacidade desde o início. A IA generativa, técnica que possibilita a criação de modelos capazes de gerar novos conteúdos, ideias e insights, tem gerado novas preocupações sobre quem controla as informações e como elas estão sendo utilizadas. As organizações precisam responder a perguntas críticas: onde estão sendo armazenados os dados? Quem tem acesso a eles? Estão devidamente protegidos? De acordo com o estudo “Cisco Data Privacy Benchmark Study”, de 2024, as empresas estão se afastando do uso da IA generativa devido a preocupações com privacidade e vulnerabilidade dos dados. Analisando as respostas de 2,6 mil profissionais em 12 regiões do mundo, a pesquisa destaca que a privacidade vai além da conformidade regulatória. No Brasil, a maioria das organizações está adotando medidas para mitigar esses riscos: 59% estabeleceram restrições na inserção de dados, 60% limitam o uso de ferramentas de GenAI pelos funcionários, e 11% suspenderam temporariamente todos os aplicativos de GenAI, ainda de acordo com levantamento. Com a ampliação de soluções de IA e o desafio crescente das redes de dados, a transparência sobre o uso dos dados é fundamental. As empresas que buscam escalar suas operações com esse tipo de tecnologia precisam garantir que a segurança seja uma prioridade desde o início da jornada. Implementar controles de segurança robustos e regulamentações que protejam as informações sensíveis não é apenas uma obrigação ética, mas uma necessidade estratégica em um ambiente de negócios em rápida transformação. A boa notícia é que a tecnologia também oferece soluções para esses desafios. As plataformas modernas de dados, como o open data lakehouse, por exemplo, que permitem um gerenciamento flexível e seguro dos dados, têm se mostrado aliadas cruciais para as empresas que desejam escalonar suas operações com IA de maneira segura. Essas plataformas oferecem controles de acesso rigorosos e criptografia de ponta, garantindo que os dados possam ser processados e compartilhados com segurança. Além disso, tecnologias de nuvem híbrida e de gestão de dados nativos para IA permitem às organizações não só expandir suas capacidades, mas também manter o controle sobre seus dados, independentemente de onde eles estão armazenados. Para não comprometer a privacidade e a segurança em nome da inovação, as instituições podem implementar políticas rígidas de governança de dados, investir em tecnologia de segurança avançada e, acima de tudo, garantir que todos os processos de IA sejam transparentes e auditáveis. Uma infraestrutura de dados bem estruturada deve permitir que as empresas escalem suas operações de IA de maneira fluida, sem renunciar ao controle sobre seus dados. É importante ressaltar, ainda, que a governança de dados tem um papel essencial na construção dessa infraestrutura. Ela garante que as organizações possam acompanhar o ciclo de vida completo das informações, desde a coleta até o processamento, armazenamento e eliminação. Com uma governança eficaz, as empresas podem criar políticas claras sobre o uso dos dados, garantindo que sejam mantidos dentro dos padrões de segurança e conformidade necessários. Outro aspecto importante é a criação de uma cultura corporativa voltada para a privacidade. A educação dos colaboradores sobre as melhores práticas de segurança de dados é fundamental para reduzir o risco de violações, sejam elas intencionais ou não. Em um ambiente onde os ataques cibernéticos estão se tornando cada vez mais sofisticados, a conscientização interna sobre a importância da privacidade de dados é uma linha de defesa importante. O futuro da IA é promissor, mas deve ser trilhado com responsabilidade. As empresas que souberem integrar um ecossistema de IA generativa com as melhores práticas de segurança e privacidade estarão bem-posicionadas para aproveitar ao máximo a revolução tecnológica que estamos vivendo. RUBIA COIMBRA é vice-presidente da Cloudera para a América Latina. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

A Nova Lei dos Concursos Públicos

FRANCISNEY LIBERATO Após duas décadas de tramitação no Senado Federal, o dia 9 de setembro de 2024 testemunhou a sanção da Lei n.º 14.965, fruto de iniciativa do Legislativo Federal. Essa legislação, que estabelece normas gerais para concursos públicos, visa modernizar e uniformizar as regras que regem esses processos seletivos, promovendo maior transparência, isonomia e segurança jurídica. Abrangendo concursos tanto para cargos quanto para empregos públicos, a nova lei representa um passo significativo na busca por uma gestão pública mais eficiente e justa. A realização de concursos públicos estará sujeita às normas estabelecidas por essa Lei, bem como por outras leis e regulamentos específicos que se harmonizem com seus princípios. Além disso, cada concurso será regido por seu próprio edital, que detalhará as regras e procedimentos específicos a serem seguidos. É importante ressaltar que essa Lei não se aplica aos concursos para carreiras específicas, como Magistratura, Ministério Público, Defensoria Pública e Forças Armadas. Além disso, também não se aplica aos concursos para empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista) que não recebam recursos do poder público. A Lei se aplica de forma subsidiária aos concursos públicos destinados à Advocacia-Geral da União (§ 2º do art. 131 da Constituição Federal) e aos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal (art. 132 da Constituição Federal), sempre que não houver conflito com as normas específicas da Constituição Federal e das leis orgânicas. Aplicação total ou parcial dessa Lei pode ser facultativa, desde que prevista no ato que autorizar a abertura do concurso. Essa possibilidade também se estende aos processos relacionados à contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (inciso IX do caput do art. 37 da Constituição Federal), aos agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias (§ 4º do art. 198 da Constituição Federal), à admissão de professores, técnicos e cientistas estrangeiros (§ 1º do art. 207 da Constituição Federal) e a outros casos não sujeitos ao inciso II do caput do art. 37 da Constituição Federal. A lei entrará em vigor em 1º de janeiro de 2028, mas sua aplicação poderá ser antecipada por ato que autorizar a abertura de cada concurso. Os Estados, DF e municípios podem optar por editar normas próprias, respeitando os princípios constitucionais e desta lei. Um dos principais objetivos da nova lei é assegurar a seleção isonômica de candidatos, por meio da avaliação de conhecimentos (provas escritas, objetivas ou dissertativas, e provas orais), habilidades (elaborar documentos, simulação de tarefas próprias do cargo e testes físicos) e competências (avaliação psicológica, exame de saúde mental ou teste psicotécnico), similar a teoria sobre Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (CHA) atribuída a Robert Katz. O concurso poderá compreender, no mínimo, provas ou provas e títulos, sendo facultativa a realização de curso de formação, exceto quando previsto em lei específica. A Lei n.º 14.965/2024 solidifica o compromisso com a igualdade de oportunidades ao vedar expressamente qualquer discriminação ilegítima em todas as etapas do concurso público. Critérios como idade, sexo, estado civil, condição física, deficiência, etnia, naturalidade, proveniência ou local de origem não podem ser usados para prejudicar ou excluir candidatos. Essa garantia se aplica a todos, exceto nos casos de políticas de ações afirmativas previstas em lei, que visam promover a inclusão de grupos historicamente marginalizados. Essa diretriz já se encontrava consagrada na Constituição Federal de 1988, que defende o princípio da igualdade e isonomia em diversos dispositivos, como o Inciso IV do Art. 3º, os Incisos I, XLI e XLII do Art. 5º, os Incisos XXX e XXXI do Art. 7º, o Inciso II do Art. 150, entre outros. A autorização para abertura de concurso deverá ser motivada, com informações sobre a necessidade do certame, os cargos a serem providos, o impacto orçamentário e a inexistência de concurso anterior válido com aprovados não nomeados. O planejamento e a execução poderão ser atribuídos a uma comissão organizadora interna ou a um órgão especializado. O edital do concurso deverá conter informações detalhadas sobre os cargos disponíveis, as etapas do processo seletivo, os critérios de avaliação, as políticas de ações afirmativas adotadas, e outros aspectos relevantes para os candidatos. A lei também prevê a possibilidade de realização do concurso à distância, caso sejam garantidas a igualdade de acesso e a segurança da informação. Um exemplo recente dessa modalidade foi o Exame de Qualificação de Despachantes Aduaneiros da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil (RFB), conduzido pela Fundação VUNESP, conforme o EDITAL/COANA n.º 1, de 26 de setembro de 2022. Panorama da Lei n.º 14.965, de 9 de setembro de 2024: Quantidade de Artigos: 13 artigos. -Capítulo I – Disposições Preliminares: Define o escopo da lei, sua aplicação e exceções. -Capítulo II – Da Autorização para Abertura de Concurso Público: Trata dos requisitos para autorização de concursos. -Capítulo III – Do Planejamento do Concurso Público: Aborda a formação e competências da comissão organizadora. -Capítulo IV – Da Execução do Concurso Público: Trata do conteúdo do edital e da possibilidade de realização do concurso à distância. -Capítulo V – Da Avaliação por Provas ou Provas e Títulos: Define as formas de avaliação e seus critérios. -Capítulo VI – Do Curso ou Programa de Formação: Regulamenta a realização e o funcionamento do curso de formação, quando aplicável. -Capítulo VII – Disposições Finais: Contém disposições sobre a impugnação de provas e critérios de avaliação e sobre a entrada em vigor da lei. As “novidades” trazidas pela Lei representam mudanças em relação aos editais e concursos públicos já realizados no Brasil, vejamos: Concursos à distância: A possibilidade de realizar concursos à distância é uma novidade que não era prevista em legislações anteriores. Essa modalidade pode trazer maior flexibilidade e acessibilidade aos candidatos, mas sua implementação dependerá de regulamentação específica, garantindo a segurança e a igualdade de condições para todos. Foco em habilidades e competências: Embora alguns concursos já buscassem avaliar habilidades e competências, a nova lei reforça essa necessidade, tornando obrigatória a avaliação desses aspectos, além dos conhecimentos teóricos. Isso exige uma mudança na forma de elaborar

Decidir quando virar a página!

SORAYA MEDEIROS A vida se desenrola em capítulos, cada um com seu início, meio e fim A vida se desenrola em capítulos, cada um com seu início, meio e fim. Assim como em um bom livro, há momentos em que precisamos escolher quando virar a página, seja em um relacionamento, no trabalho ou em qualquer aspecto da nossa rotina. Esses momentos, por mais desafiadores que sejam, são decisivos para nossa trajetória. No entanto, o impacto emocional de tomar essa decisão pode ser profundo e exige cuidado e autoconsciência.   Quando enfrentamos a necessidade de virar a página, uma enxurrada de emoções pode surgir—medo, ansiedade, tristeza, alívio, esperança. Essas emoções, muitas vezes conflitantes, podem nos deixar paralisados ou incertos sobre qual caminho seguir. A decisão de encerrar um ciclo pode significar deixar para trás algo que nos foi caro, seja uma pessoa, um sonho ou uma rotina que, por muito tempo, nos deu conforto e segurança.   Nesses momentos, equilibrar razão e intuição se torna ainda mais complexo, pois as emoções podem turvar nosso julgamento ou amplificar nossos receios. A razão nos ajuda a analisar os fatos e a tomar decisões ponderadas, enquanto a intuição nos conecta com nossos sentimentos mais profundos. Mas, para lidar com o impacto emocional dessa escolha, precisamos também adotar estratégias que nos ajudem a processar e a compreender o que estamos sentindo. O primeiro passo é reconhecer e aceitar as emoções que surgem durante esse processo. Sentir-se triste ou inseguro ao considerar virar a página é natural e faz parte do processo de mudança. Evitar ou reprimir esses sentimentos pode apenas prolongar o sofrimento. Permita-se sentir e entender essas emoções, sem julgá-las. Chorar, escrever em um diário, ou até mesmo conversar com alguém de confiança podem ser formas saudáveis de processar o que está se passando. Lidar com o impacto emocional de encerrar um ciclo é algo que não precisamos fazer sozinhos. Buscar o apoio de amigos, familiares ou até de um terapeuta pode ser crucial para enfrentar o processo com mais clareza e segurança. Compartilhar suas preocupações e medos pode trazer novas perspectivas e aliviar a carga emocional. Durante momentos de transição, cuidar de si mesmo é essencial. Praticar atividades que promovam o bem-estar, como meditação, exercícios físicos, ou hobbies que tragam alegria, pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade. O autocuidado também envolve ser gentil consigo mesmo, reconhecendo que tomar uma decisão difícil como essa exige coragem e, às vezes, tempo. Encarar a decisão de virar a página como uma oportunidade de crescimento pode transformar o impacto emocional em algo mais positivo. Cada final de ciclo traz consigo a chance de aprendizado e evolução. Reflita sobre o que você ganhou durante esse período e como essas experiências podem enriquecer os próximos capítulos da sua vida. Uma forma de aliviar a ansiedade em relação ao desconhecido é visualizar o futuro que você deseja construir. Imagine as possibilidades que se abrirão ao virar a página e como essas novas oportunidades podem trazer felicidade e realização. Esse exercício de imaginação pode fortalecer sua determinação e trazer um senso de propósito para o processo de mudança. A grande sabedoria está em encontrar o ponto de equilíbrio entre razão, intuição e emoção. Ignorar as emoções pode nos levar a tomar decisões que parecem racionais, mas que não ressoam com nosso coração. Por outro lado, ser guiado exclusivamente pelas emoções pode nos prender em ciclos que já não nos servem mais. É essencial ouvir o que sua intuição tem a dizer, validar seus sentimentos com uma análise racional e, ao mesmo tempo, acolher as emoções que surgem nesse processo. Virar a página é uma das decisões mais difíceis que podemos tomar, mas também uma das mais libertadoras. Quando feito com equilíbrio e consciência emocional, esse ato nos permite seguir em frente com confiança, abrindo espaço para novos capítulos, aprendizados e oportunidades. E assim, com cada página virada, continuamos a escrever a história única de nossas vidas—uma história que só nós mesmos podemos narrar, com a coragem de enfrentar as emoções e a sabedoria de seguir em frente. Soraya Medeiros é jornalista.

O poder do auto perdão

Olhar no espelho e não se reconhecer. Mais ou menos como o médico e o monstro Dr. Jekyll e Mr. Hyde. Atormentado pelos fantasmas do passado e as vezes do ontem. A culpa se torna uma companheira atroz e viver pode ser um peso terrível.   Sofri por muitos anos devido às coisas que aconteciam quando não estava em tratamento. Me culpava por muito e não encontrava em mim o perdão. Foi assim por muitos anos, até que comecei a me tratar e descobri o auto perdão e aí tudo mudou. A vida de uma pessoa com Transtorno Bipolar não é fácil. Como a doença afeta principalmente a capacidade de se relacionar de uma forma leve com as pessoas, às vezes uma saída de casa se torna um suplício. Viver com este transtorno sem o devido tratamento é andar 24 horas numa montanha russa emocional. Ora euforia, ora depressão, e no intervalo disso tudo muitas discussões e pessoas magoadas aqui e alí. Com o tratamento é possível levar uma vida tranquila, de harmonia e paz, mas precisamos nos lembrar que a mente, mente, então nada de interromper o tratamento. É muito comum a pessoa achar que já está curada e parar com as medicações. Esse é um erro terrível, que acaba com tudo que a pessoa vinha construindo, pois sem medicação não demora muito para os velhos padrões voltarem à tona. Com o tratamento tudo muda e vai chegar a hora de se perdoar por tudo que passou. Não é perdoar o outro, mas é exercitar o auto perdão. Não estou falando aqui em se arrepender, mas sim de se reconhecer. Brigas, discussões, problemas de relacionamento, a sua lista pode ser enorme, às vezes interminável, mas chega de se cobrar e se martirizar pelo que aconteceu no ontem. Não existe forma de amor mais profunda que o auto perdão, faz parte da nossa jornada e vai nos libertar dos momentos em que não fizemos as melhores escolhas. Quando decidimos nos perdoar, crescemos. O auto perdão é libertador, é o momento que decidimos aceitar que não somos perfeitos e que estamos aprendendo constantemente. Isso não significa que você vai ignorar o passado e as coisas que fez, mas é um sinal de que você está aceitando a sua humanidade e assim acabamos nos comprometendo em fazer o melhor da próxima vez. Carregar culpa só nos faz ficar presos a um ciclo de autocrítica e sofrimento. O auto perdão quebra essas correntes, abre espaço para o aprendizado, renovação e paz interior. Ao invés de nos afundar nos arrependimentos, esse gesto nos ensina a valorizar cada momento vivido. Seja gentil consigo mesmo. Aceite que você falhou e reuna forças para celebrar. Quando nos perdoamos, curamos nossas próprias feridas e nos tornamos capazes de perdoar e compreender o outro. O caminho para uma vida mais leve e plena começa com o amor e o perdão que damos a nós mesmos. Lembre-se, nunca vai ser sobre o outro, mas sim sobre nós mesmos. Relaxe, comece a se cuidar, tome as medicações, ria mais da vida e de si mesmo, cuide de sua energia e no final se perdoe. Esta é uma receita infalível para quem quer começar a recomeçar. Luiz Fernando é jornalista em Cuiabá, palestrante e criador do método CURE que auxilia no tratamento para a bipolaridade. @luizfernandofernandesmt

Suicídio: um tabu social e estatal, infelizmente

Sérgio Cintra Vivenciamos um mundo distópico – do não lugar – mas isso não é privilégio da contemporaneidade. Historicamente o ser humano é multifacetado e incongruente; mas jamais como neste século. Em meados do século passado, o grande conflito era o maniqueísmo Ser versus Ter e, com a Guerra Fria, Socialismo versus Capitalismo. Preponderaram o Ter e o Capitalismo. Essa conjuntura histórica, aliado aos avanços tecnológicos, mudou para sempre as relações interpessoais e a própria maneira de se enxergar em sociedade.  Vive-se um momento antieuclidiano, no qual a racionalidade é apenas um dos componentes que influenciam o indivíduo em sua relação consigo, com a sociedade e com o planeta. Parece contraditório: nunca se teve tanta interação (redes sociais) e nunca estivemos tão sós. Chico Buarque elegeu a saudade como “o pior tormento”; mas a pior das aflições contemporâneas é estar só em meio a pessoas, as consequências dessa solidão são devastadoras, implicando não apenas a profusão de transtornos mentais como também o aumento exponencial de suicídios. Segundo a Fiocruz as estatísticas brasileiras são alarmantes: “A taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% ao ano no Brasil entre os anos de 2011 e 2022. Já as taxas de notificações por autolesões na faixa etária de 10 a 24 aumentaram 29% a cada ano nesse mesmo período. O número foi maior que na população em geral, cuja taxa de suicídio teve crescimento médio de 3,7% ao ano e a de autolesão 21% ao ano, neste mesmo período. Esses resultados foram encontrados na análise de um conjunto de quase 1 milhão de dados, divulgados em um estudo publicado na The Lancet Regional Health – Americas, desenvolvido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com pesquisadores de Harvard.”   Há outras fontes e outras estatísticas; todas, invariavelmente, preocupantes. Com certeza a incompreensão do problema por parcela significativa da sociedade esteja relacionado à percepção das causas que levam alguém a atentar contra a própria vida, aliado aos tabus que cercam o tema, aliás, magnificamente retratado por Sófocles (496 – 406 a.C.) na tragédia grega “Ájax”. A melhor maneira de compreendermos as atitudes suicidas e assim podermos evitá-las não é apenas enfatizando medidas individuais profiláticas de assistência e de saúde mental; antes, devemos encará-las com um problema social. No viés sociológico temos duas leituras obrigatórias: “O Suicídio” (Émile Durkheim – 1897), bastante difundida nos meios acadêmicos e “Sobre o Suicídio” (Karl Marx/ Peuchet – 1846), pouco conhecida, inclusive nas academias. Durkheim descreveu três tipos de suicídio: o egoísta, o altruísta e o anômico, este o  mais presente na sociedade atual. Tal comportamento foi descrito, tendo como premissa o ensaio “Da Divisão do Trabalho Social”, a partir da constatação que a sociedade oriunda da 2ª Revolução Industrial estava “doente” por não conseguir reproduzir laços sociais como solidariedade, por exemplo, conduzindo o indivíduo à distopia por conta do desequilíbrio socioeconômico causado pela divisão do trabalho; porém, as “organizações” sociais poderiam mitigar o problema. Já Marx, ao contrário de Durkheim, entendia que o modo de produção capitalista e suas relações sociais eram marcadas por contradições e pela luta de classes. Assim, analisando somente quatro casos de suicídio, na França do século XIX, causados, respectivamente, por difamação; por ciúme; por gravidez avuncular e por desemprego, Karl Marx   vaticinou: “Que tipo de sociedade é esta, em que se encontra a mais profunda solidão no seio de tantos milhões; em que se pode ser tomado por um desejo implacável de matar a si mesmo, sem que ninguém possa prevê-lo? Tal sociedade não é uma sociedade; ela é, como diz Rousseau, uma selva, habitada por feras selvagens.”        Que a saúde mental e o suicídio são um problema de saúde pública é indiscutível. A Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou como principais causas de atitudes radicais como a do personagem Ájax da tragédia grega, o baixo nível socioeconômico e cultural; o padrão de vida familiar e lembranças de fatos negativos ocorridos durante a infância; o estilo de personalidade e os transtornos psiquiátricos. Causas complexas e soluções ainda mais; todavia, é mister que o Estado e a sociedade priorizem maneiras de garantir a saúde mental dos cidadãos; especialmente a questão do suicídio para evitar que tornemos normal o que sempre foi anormal: ceifar a própria vida. Sérgio Cintra é professor de Linguagens e está servidor do TCE-MT. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Dicas para o desenvolvimento socioemocional das crianças

LUCIANA BRITES A educação socioemocional serve para compreender as próprias emoções. O desenvolvimento dessa habilidade faz com que a criança aprenda conceitos como empatia e contribui para um melhor desempenho acadêmico, além de auxiliar profissionalmente no futuro. A resiliência emocional nos ensina a lidar com o estresse e frustração. Além disso, ter autoconfiança é essencial para enfrentar desafios e superar adversidades. Já a empatia, respeito e confiança ajudam a se colocar no lugar do outro e ter uma forma de agir mais solidária. Trabalhar as emoções facilita ao lidar com situações difíceis. Para isso, é vital aprender capacidades como resiliência, colaborativismo, superação, persistência e equilíbrio para estabelecer relacionamentos saudáveis e tomar decisões responsáveis e assertivas. Deste modo, é possível atingir objetivos e enfrentar situações adversas de maneira criativa e construtiva. No ambiente familiar, para que o desenvolvimento socioemocional aconteça, deve-se fortalecer a confiança e o diálogo. A escuta empática, por exemplo, constrói um diálogo familiar saudável. O desenvolvimento socioemocional das crianças é um aspecto crucial e, muitas vezes, subestimado no processo educacional. Para os educadores, é crucial desenvolver estratégias que provoquem o desenvolvimento socioemocional dos alunos, como a criação de um ambiente acolhedor e seguro, o estímulo à empatia e a resolução pacífica de conflitos. Os professores podem promover a autoconsciência ao ajudá-los a identificar e entender suas próprias emoções, incentivando a reflexão e a expressão emocional. Além disso, podem cultivar a empatia, ensinando a importância de se colocar no lugar do outro e entender suas perspectivas e sentimentos. Outra forma é capacitar os alunos a resolver conflitos de forma pacífica e construtiva, promovendo a comunicação eficaz e a negociação. Estimular o pensamento crítico, num ambiente de apoio, também gera o desenvolvimento socioemocional. Com essas dicas os educadores e pais podem criar um ambiente escolar mais positivo, colaborativo e inclusivo. LUCIANA BRITES é CEO do Instituto NeuroSaber, psicopedagoga, psicomotricista, mestre e doutoranda em distúrbios do desenvolvimento pelo Mackenzie, palestrante e autora de livros sobre educação e transtornos de aprendizagem. Instituto NeuroSaber  https://institutoneurosaber.com.br Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

E ainda a água em Cuiabá

NEILA BARRETO Como já vimos o problema da conquista da água em Cuiabá é histórica. População, governantes e administradores do assunto só lembram que o caso é sério quando inicia a falta das chuvas, o período das secas e das enchentes e, a consequente falta de água. Manobras políticas sempre existiram em torno do assunto. Ninguém quer resolver. É um eterno jogo de empurra e empurra. Entra governante sai governante o problema continua. Solução tem, basta tratar o assunto como prioridade e com seriedade, afinal o ato de abrir e fechar uma torneira é um ato de poder. Em Cuiabá, em 1876, autor de projeto de ferrovia ligando a cidade de Cuiabá à Lagoinha, Francisco José Gomes Calaça comentava a distribuição de água potável na capital da província assim: A falta de água no interior da cidade de Cuiabá é notável, apesar de se achar na margem de um rio, de tal maneira que já houve quem se propusesse a ir buscar as águas do rio Mutuca para abastece-la; projeto ao meu ver insensato, não só pela grande distância que se terá de vencer para evitar as ondulações do terreno, como também pela grande extensão de encanamentos ou aquedutos que será necessário construir-se na maior parte do terreno que é arenoso. Mil vezes preferível seria, por meio de uma Máquina Elevatória, levar as águas do rio, um pouco acima da cidade, estabelecendo-se em um ponto suficientemente elevado a caixa de distribuição para toda ela. E foi isso que aconteceu em 1882, quando a água foi aduzida do rio Cuiabá até hoje onde é o Morro da Caixa d´Água Velha, na capital. Abasteceu por um bom tempo a cidade, até 1940 mais ou menos. Em função da precariedade da água doce potável para o abastecimento da cidade em 1877, o presidente da província – Antônio José Murtinho proibiu que roupas da Santa Casa de Misericórdia e da Enfermaria Militar fossem lavadas no tanque do Baú, determinando que passassem a ser lavadas no rio Cuiabá. A intenção do presidente era preservar a água do tanque para servir a população de água potável, pois naquela época não havia produtos químicos para tratamento e nem os canos de água espalhados pela cidade de Cuiabá. Na verdade, uma espécie de “economize Água, senão vai faltar para beber”. Em 1878, novo diagnóstico realizado pelo então presidente da província frisava a questão do abastecimento público de água potável à cidade de Cuiabá, conforme relatório de João José Pedrosa enviado à Assembléia Legislativa Provincial, em Cuiabá, 01-11-1878: A maior, porém, de todas as necessidades da população desta capital é a do abastecimento d’água potável. (…) dois chafarizes (…) dentro em pouco tempo inutilizaram-se pela escassez dos mananciais que os alimentavam(…). Infelizmente para a população desta cidade, o problema continua à espera de solução (…). O engenheiro Amarílio Olinda de Vasconcelos (…) encarregado de estudar a matéria (…). Reconheceu que as vertentes existentes dentro da cidade eram insuficientes para o suprimento da água precisa para a população, calculando que tal suprimento demandava 1 024 000 litros por dia. Seu cálculo tomou por base a população de 16 000 almas, fazendo dedução dos moradores estabelecidos nas margens dos rios próximos da cidade. (…) lembrei-me de mandar vir da corte algumas máquinas artesianas para, com o auxílio delas, minorar o mal. Veremos se dão essas máquinas algum resultado profícuo, facilitando, ao menos, o aproveitamento dos poucos mananciais existentes dentro da cidade. Percebe-se pela descrição acima que a cidade adensa, lugares de fontes nativas são soterradas para receber novas moradias. Lugares de matas que sustentavam as nascentes são atingidas, desmatadas, assoreadas, com isso a quantidade de água vai tornando deficientes para abastecer os poucos chafarizes existentes em Cuiabá. Outro problema sério é a falta de energia que dificultava os trabalhos da busca da água em Cuiabá em lugares mais longínquos. Hoje, temos energia, porém, a cada dia que se passa aduzir a água para a cidade está cada vez mais caro, em função de custos com energia e produtos químicos, além da proliferação de casas, bairros, condomínios, utilizando a mesma estrutura das décadas de 70, como é o caso das duas ETAs antigas. Provavelmente as “máquinas artesianas” referidas pelo presidente sejam as máquinas perfuratrizes adequadas para as perfurações de poços com o objetivo de ajudar no abastecimento de água da cidade. Além disso, em 1879, determinou a feitura de exame das vertentes de água e dos encanamentos dos chafarizes do Rosário e da Conceição. Os encanamentos estavam “rotos” em vários pontos. No caso do chafariz da Conceição, tinham sido abertos poços “nos lugares das vertentes”. O mesmo ocorria no caso do chafariz do Rosário. Esses mananciais usados desde a primeira metade do século XVIII, forneciam já quase em fins do século XIX água “muito pouca”, “em relação à necessidade” (em decorrência do que chamaríamos hoje (“aumento da demanda”). Os poços contíguos aos mananciais também tinham seu volume de água reduzido durante os estios e mais ainda nos casos de secas, como acontece hoje. Cuiabá até hoje é abastecida por inúmeros poços, principalmente na zona rural e na região do Coxipó da Ponte. Hoje as técnicas de envelopamento desses poços são mais modernas. O perigo está nos poços artesanais e caseiros espalhados pelas cidades. Poços antigos são encontrados em várias casas do Centro Histórico de Cuiabá, à exemplo do Museu da Imagem e do Som, apenas como símbolo da existência em função da contaminação do solo. Chegava-se, assim, no fim dos anos 1879, aos limites algumas fontes de água potável que circundaram o centro da vila e da cidade de Cuiabá durante cerca de 150 anos. Mas nesse mesmo ano de 1879, empresário local teve sua proposta de reativação de uma das bicas do Prainha aceita pelo governo provincial: Consta-nos que o Exmo. Presidente aceitou os oferecimentos constantes da proposta em que o Sr. João Batista de Souza se obrigava, caso o Governo da Província quisesse, a abastecer de água uma das bicas, atualmente secas – da Prainha. Cremos que S. Exa.,

Por onde estudar leis e códigos para concurso?

Francisney Liberato Ao estudar para concurso, sempre tenha métodos que facilitem a sua vida Por onde estudar leis e códigos para concurso? A grande maioria dos concursos, em especial os jurídicos, cobra em seu conteúdo leis e códigos, mas por onde se deve estudar esse material? Existem duas formas de estudar esse material. A principal e a mais conhecida é estudar pelo Vade Mecum, que nada mais é que um grande livro no qual se encontra um compilado de leis e códigos que serve de consulta que, provavelmente, você vai precisar para estudar para a sua prova. A expressão Vade Mecum vem do latim e quer dizer “vai comigo”, ou seja, é um livro que você, geralmente, vai levar consigo para a faculdade ou para onde precisar dele. Quando se está estudando por meio do Vade Mecum, o ideal é sempre grifar e/ou fazer observações nas partes disponíveis para escrever. Isso faz com que o conteúdo fixe melhor em sua mente e que, também, fique mais fácil de achar o assunto quando você precisar revisar novamente. Isso facilita bastante a vida do estudante. É importante frisar que você deve dar preferência aos assuntos mais importantes, dando uma breve resumida em seu conteúdo, fazendo uma seleção do que pode ou não pode cair em sua prova. Nem todas as leis e artigos que estão ali vão cair em sua prova, então não é necessário que você saiba todo o Vade Mecum de cor. Há, também, a possibilidade de estudar através do Site do Planalto. Lá você tem acesso à integralidade das leis e de fácil acesso ao seu conteúdo, basta ter internet e um computador. Você pode imprimir aquilo que consta no edital e fazer um livro ou uma pasta bem organizada e encadernada para tornar as coisas mais fáceis. Assim, você pode estudar apenas aquilo que a sua banca vai cobrar, sem precisar perder tempo com outras matérias e/ou conteúdos, além de facilitar a sua vida, pois ali está o que consta no edital do seu concurso, fazendo com que o conteúdo fique de maneira compacta. É importante colocar junto desta pasta o próprio edital do concurso em questão, de preferência na frente, assim você vai saber o que vai cair com mais facilidade. Também, fazer as suas próprias anotações e grifos daquilo que você acha que é mais importante, sempre de acordo com a banca, com o cargo, o conteúdo etc. Outra maneira fácil de estudar é pegar os códigos avulsos, sem ser o Vade Mecum e estudar através deles, como, por exemplo: o Código Civil; o Código Penal; a Consolidação das Leis do Trabalho; o Código Tributário Nacional; o Código Militar etc. Sempre procurar fazer da mesma forma, fazendo observações e grifando os assuntos e partes mais importantes. Francisney Liberato é auditor do Tribunal de Contas.  Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Olheiras podem ser um fardo emocional

Simone Finke Acordar todos dias e ver olheiras no espelho é uma realidade de muitos Acordar todos os dias e se deparar com olheiras no espelho é uma realidade que muitos enfrentam no cotidiano. Para algumas pessoas, essa constatação pode não fazer a menor diferença. Para outras, essas marcas escuras nos olhos vão além de uma simples questão estética e acabam se transformando em um desafio emocional diário. A insatisfação com a própria imagem pode atingir a autoestima e, em casos extremos, afetar até mesmo a saúde mental. O que começa com um detalhe físico pode se tornar um fardo emocional com base na autoimagem. É comum ouvir de quem tem olheiras e busca formas de tratamentos frases como: “aparento sempre cansaço”, “isso me incomoda”, “não consigo me olhar no espelho”, “não consigo ficar sem corretivo” e “nada parece melhorar essa aparência de envelhecimento”. É possível perceber pelas frases a insatisfação com a própria aparência, que pode levar à insegurança extrema. A relação entre olheiras e saúde mental pode ser mais profunda do que se imagina. Cerca de 78% dos casos de olheiras, que tem o nome científico de hiperpigmentação periorbital, são em mulheres, segundo um estudo publicado na revista Surgical & Cosmetic Dermatology da Sociedade Brasileira de Dermatologia. As principais causas são: genética, hiperpigmentação, que é o acúmulo de melanina ao redor dos olhos, insônia, desidratação, tabagismo, álcool, exposição solar, envelhecimento, dieta pobre em nutrientes e alergias. As olheiras podem variar de cor dependendo da causa. As amarronzadas estão associadas à hiperpigmentação. O acúmulo de melanina na região ao redor dos olhos gera a tonalidade mais escura. Elas podem ser por fatores genéticos, exposição solar excessiva, alterações hormonais ou condições inflamatórias da pele, como dermatite. A exposição ao sol pode intensificar as olheiras amarronzadas. As arroxeadas ou azuladas são causadas, geralmente, por dilatação dos vasos sanguíneos na pele fina ao redor dos olhos. Isso pode acontecer por conta de fadiga, falta de sono, estresse, genética ou até alergias, que aumentam a circulação na região e deixam os vasos mais visíveis. As olheiras avermelhadas podem surgir por vasodilatação, alergias ou congestão nasal. Isso porque causam o rompimento dos vasos sanguíneos e deixam a região ao redor dos olhos com um tom avermelhado. Inflamações na pele também podem contribuir para esse tipo de cor. As acinzentadas, geralmente, estão associadas ao acúmulo de toxinas e má circulação. Elas podem ser agravadas por fatores como tabagismo, poluição, desidratação e má alimentação. A aparência acinzentada é um reflexo da falta de oxigenação adequada nos tecidos ao redor dos olhos. É importante compreender que cada cor de olheira pode indicar uma causa diferente. A relação é essencial para buscar tratamentos eficazes, que vão desde mudanças no estilo de vida até procedimentos estéticos. O uso de filtro solar e óculos escuros são algumas das principais formas de prevenção de olheiras. A exposição ao sol pode aumentar a produção de melanina e agravar a hiperpigmentação na área dos olhos. Mas também é possível mencionar outras formas preventivas como: dormir de 7h a 9h por noite para ajudar a reduzir o cansaço e reduzir a dilatação dos vasos sanguíneos; e manter alimentação equilibrada com o consumo de alimentos ricos em vitamina C e K, que tem antioxidantes e podem ajudar a melhorar a circulação e a saúde da pele.             Caso a rotina de cuidados naturais não seja suficiente para melhorar as olheiras, há tratamentos eficientes e sem exageros da harmonização orofacial que podem resolver a questão de forma eficiente. Há tratamentos com lasers para remover a descoloração acastanhada, minimizar a descoloração roxa ou azul ou até reduzir o aparecimento de olheiras. Outros principais tipos de tratamento são: peelings com retinol ou ácido glicólico para evitar que as olheiras piorem; microagulhamento com furos de pequenas agulhas na pele para estimular a produção de colágeno e suavizar a textura da pele sob os olhos; e preenchimentos de ácido hialurônico para aumentar o volume da pele sob os olhos e, dessa forma, tornar as olheiras menos aparentes. No caso dos preenchimentos, há riscos de hematomas ou inchaço temporários. É preciso ressaltar que as olheiras, em muitos casos, podem ser mais do que um simples incômodo estético. Elas podem potencializar a baixa autoestima e a depressão por conta da aparência pessoal e até profissional. A melhor forma de evitar olheiras é com cuidados naturais no dia a dia desde criança e com tratamentos preventivos a partir dos 20 anos em vez de esperar até os 40 anos, como é comum se propagar. A partir dos 40 anos, há menos colágeno na pele e, apesar de haver tratamentos eficazes, os resultados podem ser mais satisfatórios se a prevenção começar antes. Felizmente, hoje é possível reverter os efeitos das olheiras e devolver o bem-estar para quem tem essa questão com a sua imagem. Simone Finke é dentista, especialista em Ortodontia e Harmonização Facial Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias