Da “cadeirada” a reflexões sobre a Governança

 CRISTHIANE BRANDÃO Não há mais como qualquer um de nós se isentar das responsabilidades com o futuro do planeta. Estamos em meio às eleições municipais que vão definir o destino de mais de 5 mil municípios brasileiros no mês de outubro, mas será que está na nossa agenda debater questões essenciais como segurança alimentar, energética e climática? Ou será que vamos seguir o caminho mais fácil e novamente jogar tal responsabilidade nas costas dos outros: do agronegócio, dos políticos ou de qualquer outra empresa/pessoa que não seja nós mesmos? Acompanhei estarrecida, nesta semana, o episódio de violência física e verbal entre dois candidatos à maior prefeitura do Brasil, São Paulo, que deixaram de focar no essencial, que é um debate de ideias e propostas para melhorar as condições de vida da população e, deste modo, definir os caminhos da grande metrópole que é exemplo para todo país, para travar uma guerra de egos. Ainda não acredito que aquela cena da cadeira aconteceu. Lamentável. Na segunda-feira, mais uma decepção. Uma nova batalha, agora ‘instagramável’ de memes, frases de efeito, piadinhas irônicas, manchetes sensacionalistas e a viralização do vídeo. Quem ganhou com isso? Ninguém ganhou. Aliás, se pararmos para pensar, todos nós perdemos. Trouxe essa questão para dizer o quanto é fundamental que cada um se coloque como parte do problema e da solução para as questões que afligem o Brasil e o mundo. Precisamos abandonar essa visão de bem versus mal, porque, afinal, se a natureza tivesse voz, provavelmente nos diria que estamos coletivamente destruindo suas reservas, e que ela muito em breve irá colapsar! A lógica teria que ser. Vamos ter bons líderes, afinal, repensar o modelo de produção e de vida que vivemos hoje (e que nos expõe à extinção) exige pessoas adultas, preparadas e éticas em espaços de poder. Gente que consiga se sentar em mesas e cadeiras sem atirá-las em ninguém, seja nos candidatos da oposição, seja nos demais setores com quem terá de negociar em busca de soluções. Em vez de tentar eliminar quem pensa diferente, necessitamos de uma oposição forte, inteligente, igualmente ética, que possa colaborar com novas soluções, fiscalizando e cobrando transparência, como propõe a estrutura das Governanças Corporativa e Familiar. Ou seja, a profissionalização da gestão pública e privada se faz cada vez mais urgente para que possamos vislumbrar um futuro! Vamos alcançar a marca de 10 bilhões habitantes nos próximos 25 anos, o que significa um incremento de 25% e uma demanda de 60% a mais na produção de proteína animal. Como produzir mais mantendo as fronteiras agrícolas e adotando crédito associado a práticas sustentáveis? De que maneira incluir os 4,8 milhões pequenos produtores – que representam 5,1 milhões de unidades rurais – e, ainda promover a inclusão produtiva (jovens e mulheres)? Além disso, temos que incluir o risco climático nas análises de riscos de todas as cadeias e segmentos. Um exemplo é Botswana, país africano produtor de um dos melhores sorgo do mundo, que em 2024 conseguiu plantar 60% do potencial de seus campos, mas irá colher somente 10% em função dessas questões climáticas extremas. Outro alerta: completamos, este ano, 12 meses consecutivos de recorde de temperatura global (Climatempo). “Alimento é paz e poder”, destacou Renata Miranda, secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e Pecuária, durante o evento Global Agribusiness Fórum (GAF), a maior e mais renomada conferência do agronegócio mundial, que desde 2012 reúne autoridades de mais de 60 países, e da qual fiquei extremamente impactada de participar neste ano pelo alto nível de discussões. Voltei da conferência imbuída de replicar e trabalhar tudo que vi e ouvi, de alertar pessoas, amigos, familiares, clientes, conhecidos e a sociedade em geral (como estou fazendo por meio deste artigo). Como dizem, ‘se correr o bicho pega, se ficar o bicho come’. Não tem como fugir dos desafios desse momento planetário que traz uma crescente vulnerabilidade no processo de produção. Não importa onde estamos, o sistema vai nos afetar de alguma maneira, seja como consumidores e/ou empresários. Compreender que precisamos de uma mesa equilibrada com os três pilares (ambiental, social e econômico) é essencial. Fica o convite, participe com afinco das decisões coletivas e individuais adotando prioridades que se alinhem a um modo de vida mais ético e a um consumo consciente. A mudança que esperamos começa conosco!  CRISTHIANE BRANDÃO é Conselheira de Administração, Consultora em Governança para Empresas Familiares e Coordenadora do Capítulo Brasília/Centro Oeste do IBGC. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Antes da Lei Maria da Penha: Algumas mulheres nos procuram para contarem as suas vivências

Rosana Leite Nessa semana, mais uma vez, recebi a Maria no Núcleo de Defesa das Mulheres. Mulher de 56 anos, que passou por dois relacionamentos amorosos. É assistida da Defensoria Pública, em razão de ter sofrido violência doméstica e familiar no segundo relacionamento amoroso.             Algumas mulheres nos procuram, após tomarmos conhecimento das muitas violências que foram vítimas, para contarem de forma pormenorizada as suas vivências. O relato do primeiro relacionamento data de 19 anos atrás, antes da entrada em vigor da Lei Maria da Penha.             Maria confessou que essa não foi a primeira vez que passou por violência em casa. Aliás, disse que suportou as violências do segundo relacionamento, pois no primeiro foram muito piores. Em meio a muitas lágrimas, contou que veio de berço bastante carente. Na adolescência, convivia com um pai que sempre desejou a “entregar” para um homem bem mais velho que ela, e que tinha um pedaço de terra. De tanto o pai a “prometer” para o tal homem, ela vinha sendo bastante assediada e aliciada pelo proprietário de terras.             Pelo temor de ter que se casar com quem não queria, quando conheceu o primeiro marido, que por ela se interessou, entendeu que seria melhor com ele se casar. Logo no primeiro mês de casada, fritou uma batata com muito óleo, e o seu marido a jogou com força um cadeado na cabeça, que lhe causou ferimento. Procurou o pai, para informar sobre a violência que havia sofrido e ouviu dele que não poderia a receber em casa novamente, pois já era mulher. Disse ela: “Tinha os cabelos compridos. Amarrei de forma a esconder o machucado, por um bom tempo”.             Desse primeiro relacionamento, advieram três filhas. Falou que o homem era muito agressivo, de forma a nunca ter ouvido dele palavras carinhosas. As filhas, quando o pai chegava em casa, chegavam a urinar de medo. Em determinada ocasião, uma das filhas deixou a manteiga fora da geladeira. O pai, quando percebeu o que ele entendeu ser um “erro” da filha, a jogou com força contra a parede.             Segundo ela, apanhava de ficar roxa sempre. E era obrigada a manter relação sexual, muitas vezes, cheia dos hematomas. Com o tempo, conseguiu o retirar de casa, concordando que se separassem. Mas, não o proibiu de frequentar a casa que ela vivia com as filhas do casal. Ele nunca concordou com a separação. Certa vez, ela precisou ser operada. O homem, então, esteve em sua casa, e, na frente das filhas a agrediu sobremaneira com uma toalha molhada. E, para encerrar as agressões, naquela data fatídica, a deixou despida e introduziu o seu braço nas partes íntimas dela. Aos gritos, foi socorrida pelas filhas de aproximadamente 7, 9 e 12 anos. Se lembra perfeitamente que, enquanto era espancada pelo homem, os amigos dele acompanhavam e o esperavam olhando por cima do muro. Levada ao Pronto Socorro, precisou passar por cirurgia, com a finalidade de reconstrução.             Após muito tempo de toda essa tragédia, conheceu o seu segundo companheiro. Narrou que, de início, foi muito bem tratada. Com o passar dos anos, segundo ela, apenas “apanhava de vez em quando”. Recebia migalhas de carinho, vez ou outra.             Quando conheceu a Lei Maria da Penha, percebeu que não era comum as situações vivenciadas em seus dois relacionamentos amorosos.             Não esquece das pessoas que a ampararam. Recebeu apoio de pessoas queridas, tal como da jornalista Margareth Botelho, que segundo ela, registrou em uma matéria jornalística a necessidade de ajuda para o enxoval da filha caçula, tendo recebido muitas doações.             Maria é nome fictício. E ela assim encerrou a nossa conversa: “Por tudo que passei, penso que outras mulheres podem vencer.”   Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Quebrando o silêncio e encorajando: “Se precisar, peça ajuda”

VIRGINIA MENDES Falar sobre saúde mental é algo desafiador nos tempos que vivemos, mas precisamos quebrar o silêncio e abordar esse assunto. Quantas pessoas estão, neste momento, passando por agonia, sem saber por onde começar? Muitas questões estão acumuladas no subconsciente, transformando a vida em uma aflição, quando, na verdade, a vida é um presente, uma dádiva. No Brasil, o mês de setembro passou a ser dedicado a essa discussão a partir de 2015, por diferentes entidades que buscam esclarecer a população sobre o tema, usando a cor amarela. Assim surgiu o “Setembro Amarelo”. No entanto, uma campanha internacional teve início nos Estados Unidos após a trágica morte do jovem norte-americano Mike Emme, que tinha 17 anos. A família e os amigos não perceberam que Mike precisava de ajuda, e ele acabou tirando a própria vida. Recentemente, a família do jovem norte-americano concedeu uma entrevista a um veículo de comunicação e compartilhou a dor da perda, que nunca tem fim para a família e os amigos. Contudo, ao olharem para a mobilização gerada pela morte do filho e a compaixão em ajudar outras pessoas a enfrentar problemas semelhantes por meio das campanhas, o sentimento de dor se transformou em uma missão de ajudar o próximo. Histórias como essa estão por toda parte. Como mãe, esposa e atualmente servindo à população como primeira-dama do Estado, tenho a responsabilidade de falar sobre o assunto. Quero encorajar as pessoas a olhar mais para o próximo. Não estou falando de cuidar da vida do outro, mas de tentar perceber sinais que podem estar atormentando aqueles ao nosso lado. Da mesma forma, encorajo as pessoas que estão passando por problemas a encontrar um porto seguro e conversar com alguém; esse é o primeiro passo. Os sintomas do suicídio são silenciosos, e o escape se dá com a depressão, e nem sempre conseguimos identificar esses sinais. Especialistas alertam que a depressão é uma doença psicológica grave e frequentemente subestimada, que pode levar ao suicídio. Caracterizada por alterações de humor, às vezes uma pessoa que demonstra uma alegria constante pode estar escondendo uma dor; tristeza profunda; baixa autoestima e sensação de falta de perspectiva. A depressão pode ter várias causas, incluindo fatores genéticos, perdas pessoais, desilusão amorosa e abuso de substâncias. A doença faz com que a pessoa se sinta envergonhada, rejeitada e solitária, e, devido à sua subestimação social, pode levar a pensamentos suicidas como uma forma de escapar das angústias. É crucial buscar acompanhamento profissional para o tratamento da depressão, o qual pode reduzir significativamente o risco de suicídio. Se você está passando por um momento difícil, saiba que não está sozinho(a). Pedir ajuda é um ato de coragem. Converse com alguém de confiança, procure um profissional e, se precisar, ligue para o CVV: 188. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), no Brasil, 12,6% dos homens, a cada 100 mil, em comparação com 5,4% das mulheres, a cada 100 mil, morrem devido ao suicídio. A única maneira de ajudar uma pessoa que está com pensamentos suicidas é o apoio de pessoas próximas e profissionais. Se precisar, peça ajuda; esse é o melhor caminho. Nem sempre conseguimos superar nossas fragilidades sozinhos. Além dos familiares e amigos, procure um profissional habilitado. O processo não é fácil, mas, com determinação e fé, a superação é uma questão de tempo. Quem acompanha meu trabalho sabe que já passei por inúmeros desafios com minha saúde, momentos delicados. A única coisa que eu pensava era como superar algo que não dependia apenas de mim. Todas as doenças que enfrentei e a minha superação diária vão além da minha força de vontade. No meu caso, a fé em Deus, a minha família e a ajuda profissional foram primordiais, pois há momentos em que o corpo e a mente cansam. É nesse momento que precisamos ser humildes o suficiente para dizer: “Sim, eu preciso de ajuda”. A vida é maravilhosa; a vida é um presente diário. “Se precisar, peça ajuda.” VIRGINIA MENDES – é economista, mãe de três filhos, primeira-dama de MT e voluntária nas ações de Governo na área social por meio da Unidade de Ações Sociais e Atenção à Família (UNAF). Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

O STF, o Júri e a Vida

César Danilo Ribeiro de Novais A vida é o bem supremo e a base de todos os direitos humanos. No Brasil, onde o número de homicídios é alarmante, a proteção à vida não pode ser apenas um ideal, mas uma ação concreta e urgente. Cada vez que uma pessoa é assassinada, a humanidade é ferida e a estrutura social, abalada. O Tribunal do Júri, composto por cidadãos comuns, desempenha um papel crucial ao ser o espaço onde a sociedade reafirma seu compromisso com a defesa e proteção da vida.   Ao condenar assassinos, o Júri não apenas aplica a lei, mas reafirma que a vida é o ponto de partida de todos os direitos. Sem sua proteção, não há garantias jurídicas ou morais. A filosofia de Albert Schweitzer, que prega a reverência pela vida, torna-se ainda mais relevante em uma sociedade marcada pela violência. Ao punir aqueles que atentam contra a vida, o Tribunal do Júri reafirma que o respeito à vida é não apenas um imperativo moral, mas uma exigência de justiça.   Cada condenação no Tribunal do Júri é uma mensagem clara: a vida não pode ser violada sem consequências. A impunidade não é apenas uma falha da justiça, mas uma traição aos direitos humanos. Quando o Júri pune um assassino, ele reafirma o compromisso com a dignidade humana e fortalece a confiança de que viver em sociedade é viver protegido.   No Brasil, onde a banalização da violência é uma realidade, a punição séria e grave de quem ataca a vida de outro ser humano é uma resposta firme e necessária. O Tribunal do Júri se torna um espaço de resistência moral, uma defesa da existência humana. A justiça não é apenas o peso da lei, mas o sopro que reafirma o pacto civilizatório.   O recente julgamento do Supremo Tribunal Federal, que determinou a execução imediata da pena imposta pelo Tribunal do Júri, fortalece a legitimidade desse processo. Ao garantir que os vereditos sejam respeitados e imediatamente executados, a Corte Suprema reafirma a importância da justiça rápida e eficiente, combatendo a impunidade e protegendo a vida.   Em cada veredicto, o Júri reafirma a essência da humanidade: enquanto a vida for reverenciada, haverá esperança de convivência em uma sociedade civilizada e justa. César Danilo Ribeiro de Novais – é promotor de Justiça do Tribunal do Júri em Mato Grosso. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Setembro amarelo: o acolhimento

Willer Zaghetto Quem pensa no autoextermínio o faz por acreditar que essa é a única solução Imagine um adolescente que acabará de terminar o seu primeiro relacionamento. Findado está aquele amor que seria único e para a vida toda. Uma situação capaz de causar desesperança, uma sensação de que dali em diante tudo será amargura e dor. Em nada ajudam os dizeres  do tipo: “já vocês voltam”, “você vai arrumar outra pessoa”, “isso ainda vai acontecer muito”, e assim por diante. É preciso acolher! Aquele que passou por algo semelhante, ao reviver suas memórias, percebeu que a tormenta daquele momento o cegava para realidade que vivia. Na vida adulta, isso também acontece, e com frequência. O sofrimento é um fenômeno complexo e sua intensidade é dada pela significação que cada um faz da sua realidade, ou seja, como a pessoa percebe e interpreta o mundo ao seu redor, aliado a outras variáveis, como a capacidade de resiliência. Quem pensa no autoextermínio o faz por acreditar que essa é a única solução para sua dor, não sendo capaz de visualizar outras saídas. Isso decorre da alteração da realidade causada pelo intenso sofrimento, não permitindo, a percepção do real motivo da aflição. Dizeres como “você tem tudo”, ou “isso é falta de fé”, ou “quer chamar a atenção”, somente pioram o quadro.  Existe uma enorme dificuldade em pedir ajuda, mas muito pior é quando um pedido de socorro surge e fica sem acolhimento. Acolher, é um modo de receber alguém, que exige apenas empatia. É preciso mostrar a pessoa aflita que ela não está sozinha! Sempre haverá alguém que possa ser uma rede de apoio. Nesse sentido, deve-se investigar as coisas ou familiares que dependam dela pra estar bem, como filhos, animais de estimação, amigos, e outros, demostrando como ficaria a situação desses caso ela partisse. Essa estratégia é muito eficaz, pois nesse momento de atribulação é mais fácil perceber a dor do próximo do que a sua própria, sedimentando as razões para viver. Ainda, auxiliar na percepção de outras possibilidades de resolução das dificuldades. Afirmar que aquele sofrimento é uma fase, e que como outras, boas ou ruins, também passará. Que tem problemas, mas não é os seus problemas, e sua vida possui inúmeros outros aspectos. Caso não se sinta seguro para acolher, indicar um profissional sempre é a melhor saída. Willer Zaghetto é médico, formado pela UFMT, e atua como perito oficial médico legista. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Seguidores: Deixe que Deus entre e serás transformado para viver uma vida plena

Francisney Liberato No mundo moderno, as redes sociais movimentam bilhões de reais anualmente. As pessoas querem ter muitos seguidores em seus perfis virtuais. Quanto mais seguidores, mais popularidade elas têm. Quando Cristo viveu neste mundo, Ele viveu para salvar, para ajudar, para curar, para transformar vidas de seres humanos que estavam na miséria, como também indivíduos que tinham influência, posses e poder. Ele veio para auxiliar e ajudar essas pessoas, não importando a classe social, idade, sexo, cor e etnia. Mesmo Cristo não estando mais entre nós fisicamente, na atualidade, Ele tem milhões de seguidores, e se tivesse uma conta nas redes sociais seria um influencer de muito prestígio, que atrairia milhões e milhões de seguidores. A mulher que estava sendo condenada por ter cometido adultério, como já vimos, teve a sua vida transformada e a ela foi concedido o direito a uma segunda chance. Aquela mulher não estava somente feliz pela segunda chance, mas ela decidiu ser uma seguidora do Mestre, não importando as dificuldades que deveria enfrentar. É interessante refletir: se praticarmos bons atos, é provável que atraiamos muitas pessoas ao nosso redor, e assim, seguiremos os preceitos ensinados pelo Mestre. Aquela mulher seguiu Jesus Cristo por todos os dias da Sua vida, porque Ele foi responsável por resgatá-la das profundezas do pecado. Nada mais importava para ela a não ser ficar aos pés do seu Salvador. O livro “O Desejado de Todas As Nações” enfatiza esse momento: “Essa arrependida mulher tornou-se um de Seus mais firmes seguidores. Com abnegado amor e devoção, retribuiu-Lhe a perdoadora misericórdia”. Não há como permanecer a mesma pessoa quando se tem um encontro genuíno com Jesus Cristo. Seguir o Mestre era um amor incalculável para aquela mulher. Essa sim é a escolha mais sensata que podemos fazer nos dias atuais. Ao invés de seguir aquelas pessoas que falam de coisas vãs, o melhor a se fazer é seguir aquEle que um dia nos salvou, nos curou, nos perdoou e nos restaurou. Vale lembrar que Ele nos dá vida todos os dias! Francisney Liberato é auditor do Tribunal de Contas. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Do verde ao cinza

WELLINGTON FAGUNDES Acostumados a apreciar os cenários naturais de Mato Grosso, onde três biomas se juntam para conferir belezas não encontradas em nenhum outro lugar do planeta, vemos nesta época do ano quase tudo se cobrir de cinza – consequência dos incêndios que devastam nosso estado sem poupar vidas, nem patrimônios naturais ou privados. Entre os resultados estão os problemas de saúde da população pela má qualidade do ar, voos cancelados, rodovias bloqueadas, famílias inteiras correndo o risco de perder a casa, aldeias incendiadas, atrativos turísticos fechados, animais feridos ou mortos e perda de biodiversidade. Isso sem contar lavouras inteiras que foram consumidas pelos incêndios. Qual o prejuízo de um voo que não pôde chegar ao seu destino? E dos compromissos adiados? E do reencontro com pessoas queridas que ficou para depois? Qual o prejuízo de uma rodovia bloqueada? Qual o valor das cargas que deixaram de chegar? E do tempo perdido pelos passageiros que ficaram parados esperando a fumaça e as chamas se dissiparem? O que fazer com os turistas que vieram até de outros países para conhecer as belezas naturais de Mato Grosso e, chegando aqui, ficaram decepcionados ao não poder visitar uma cachoeira, uma caverna ou avistar um animal? Quanto custa a saúde comprometida pela fumaça e a má qualidade do ar, que afetam principalmente nossas crianças e idosos? Vejo com tristeza os rios Araguaia e Paraguai, sempre tão abundantes de vida, com os menores níveis de água de toda a história. O pantanal com a pouca água sendo disputada por animais que lutam para sobreviver. O prejuízo não é só para o meio ambiente, mas para todos nós e em vários aspectos, inclusive o econômico. E esse cenário foi anunciado há muito tempo. A ciência no alertou. Eu mesmo, chamei a atenção para isso muitas vezes e decidi tomar algumas atitudes, como a construção de poços artesianos na Transpantaneira para abastecer de água os caminhões do Corpo de Bombeiros e matar a sede dos animais, além de destinar recursos para equipamentos, mobilizar os órgãos federais e chamar a atenção de autoridades, de cientistas e da população quanto à necessidade urgente de ações em benefício da vida, além de apresentar uma legislação para o nosso pantanal. Estamos no limite de comprometer a vida de gerações que estão por vir. Qual é o legado que vamos deixar? Não podemos continuar com essa situação. Vamos nos unir e fazer algo para salvar o nosso Mato Grosso, salvar o nosso planeta. WELLINGTON FAGUNDES é senador da República e presidente da Subcomissão do Pantanal no Senado Federal.

Vaidade: A maioria dos conselhos dos velhos não encontra acolhida nos moços

Renato de Paiva Segundo a Bíblia, Salomão foi um homem poderosíssimo, dono de riqueza incomparável e sabedoria incomum. Admirava o vinho e as mulheres. Contam os textos sagrados que tinha um harém com mais de mil delas à sua disposição. Do vinho foi apreciador imoderado. Também a tentação era grande, diante de tão variada adega, abastecida por safras generosas. Bens materiais conquistou como ninguém: “Possuí bois e ovelhas mais do que possuíram os que antes de mim viveram em Jerusalém”, escreveu. Desfrutou como quis do luxo e do poder: “Plantei para mim vinhas e pomares”, […] “Tudo quanto desejavam meus olhos, não lhes neguei”. Um belo dia – agora já é imaginação do cronista – já entrado nos anos, acorda Salomão com dor de cabeça, passa o dia meio acabrunhado e à noite dispensa a beldade da vez, para o espanto do vassalo encarregado da preparação da alcova. “Perdão, majestade, quer que eu traga outra?” “Deixa pra lá” Salomão deve ter respondido em hebraico, que era a língua que ele falava, suponho. “Aceita um vinho daquela vossa reserva especial?” Insiste o alcoviteiro. “Não enche o saco” talvez agora tenha dito em Aramaico ou outra língua qualquer, das muitas que o rei dominava. O assessor chama o eunuco chefe do harém e o manda levar de volta a mercadoria recusada. “Uai (eunuco mineiro?) Sua Alteza tá mal hem!”, malicia o chefe do harém. Alastra-se o buchicho no palácio, começando pelos eunucos, sentindo-se agora um pouco vingados de sua incapacidade sexual provocada. Com as vozes aflautadas, fruto da emasculação precoce, divertem-se com as mulheres de que cuidam, cantando uns versinhos improvisados:                       “O rei tá meio gá gá                        Já deu o tinha que dá.” O fato, não a gozação – que dela não ficou sabendo – mas a falhada, leva o rei à reflexão, porque sábio reflete, diferente de nós que ordinariamente, no máximo, pensamos. Olha-se no espelho e vendo a cara enrugada e as olheiras escuras, murmura: “Pô, Salomão, V. Majestade não é mais o mesmo.”  E não era mesmo. O vinho já lhe fazia mal e a disposição na alcova diminuía a cada dia. O fim se anunciava. “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade”, cunha então a famosa frase e passa a aconselhar sobre a futilidade das posses, da sabedoria, do poder… Não consta que tenha se privado de alguma regalia: não abdicou do trono, não doou a fortuna e nem se desfez do harém. “Com os anos não diminui em nós a vaidade, e se muda, é só de espécie” ensina Matias Aires, o primeiro filósofo brasileiro. O mesmo filósofo afirma: “Há vícios que raramente deixamos, se eles primeiro nos não deixarem; e quando com o tempo seguimos o exercício de obrar bem, não é porque o conhecimento, ou a experiência nos determine, mas porque continuamente os anos nos vão fazendo incapazes de obrar mal; e assim virtudes há que primeiro começam pela nossa incapacidade, do que por nós mesmos.” A maioria dos conselhos dos velhos não encontra acolhida nos moços. Poderia ser diferente?  À vaidade de fazer coisas, acumular bens e ter poder, a idade nos acrescenta outra: a mania de aconselhar, nem sempre amparada no próprio exemplo. Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor.  Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Marie Popelin: A história reconhece a importância dela para a criação do feminismo na Bélgica

Rosana Leite Antunes Nasceu na cidade de Scherbeek, na Bélgica, em 16 de setembro de 1846, tendo falecido aos 66 anos. Feminista, advogada, professora e ativista política, tornou-se a primeira mulher belga doutora em direito. Após a conclusão do curso em direito, Marie fez requerimento para ser admitida na ordem dos advogados e advogadas, o que lhe permitiria atuar na profissão. Todavia, seu pedido foi indeferido, mesmo não havendo norma a proibir explicitamente o exercício da profissão por mulheres. Todavia, ela não logrou êxito, nem mesmo na Suprema Corte, tendo causado um certo “barulho” na imprensa belga e estrangeira. A sociedade da época passou a entender que mesmo as mulheres podendo cursar o ensino superior, lhes era vedado o exercício da profissão. Assim, apenas a educação superior não era possível solucionar a imensa “vala” que existia entre o ser e o poder. A situação adversa enfrentada pela ativista contribuiu para a transição do feminismo educacional para o político. Algumas mulheres que estavam cursando o ensino superior, narra a história, desanimaram inicialmente. Foi no ano de 1922 que as mulheres belgas puderam exercer a advocacia. Popelin esteve ativamente em duas conferências em Paris em 1889, quando a semente do feminismo estava sendo lançada mundialmente. Assim, ela foi a responsável por fundar a Liga Belga pelos Direitos das Mulheres, no ano de 1892. A ativista não conseguiu o seu desiderato imediato à época. Mas, sem dúvida, incentivou as mulheres que a sucederam na educação e na política. A sua morte se deu no ano de 1913, quando as mulheres rogavam pelo primeiro direito a ser alcançado: o sufrágio universal. A história belga reconhece a respectiva importância dela para a criação do feminismo na Bélgica. Nada de novo, porquanto, até a presente data, é visível a desigualdade de gênero. As conquistas são inúmeras, tendo em vista as muitas “Maries” que teimam em pensar nas futuras gerações. De outro lado, os muitos obstáculos persistem a “olho nu”, pelos estereótipos e a dominação masculina que fazem com que as desigualdades alimentem as violências. Marie Popelin recebeu homenagens após a sua passagem. No ano de 1975, declarado como o Ano Internacional da Mulher, o seu rosto foi estampado em um selo dos correios do seu país natal. Em 2011, estampou a moeda comemorativa de dois euros do país, em comemoração ao centenário do Dia Internacional da Mulher. O programa televisivo “De Grootste Belg”, no ano de 2005, a elegeu entre uma das maiores personalidades de todos os tempos.   Cyndi Lauper foi precisa: “Eu apenas acredito que as mulheres fazem parte da espécie humana, com os mesmos direitos que todos”. Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Medo de cigarras

Luiz Fernando Durante muito tempo tive medo de cigarra, explico. Morava em Chapada dos Guimarães e na praça cantavam alegres cigarras. Pensando na situação hoje, deveriam ser animais pequenos e inofensivos, mas para uma criança de 6 anos eram enormes e extremamente mortais seguindo naquele voo desgovernado a me procurar. Meus “amigos” costumavam correr atrás de mim com aqueles aliens cheios de patas  musculosas. Sabiam do meu ponto fraco e aproveitavam para me aterrorizar. Era uma correria danada. Lembro que um dia, já adulto, fui fazer uma reportagem numa fazenda. Lá pelas tantas fomos dormir e eis que do nada uma cigarra enorme entra no meu quarto. Dei um grito de socorro e não demorou muito para o dono da fazenda entrar no quarto perguntando se eu havia visto uma cobra. Eu estava embaixo dos lençois e apenas respondi, não, é uma cigarra, o que de pronto retirou dele uma bela gargalhada. Tive que vencer esse medo. A vida precisava seguir, afinal aquele menininho que morava em Chapada dos Guimarães já não existia mais, era agora um adulto.   Assim são os nossos medos. Barreiras intransponíveis num momento, pequenos obstáculos em outros, coisas insignificantes a seguir. E quero aqui que você se atente para um fato. Já pensou que nossos medos são de fato aquilo que vai se transformar em nossa realidade. A barata voadora só senta em quem tem medo de barata, o rato vai pro lado de quem tem medo de rato, o cachorro só morde quem tem medo, a cigarra chega no quarto de quem tem medo e por aí vai. Isso mostra de forma inequívoca que nossos medos tendem mesmo a se transformar em realidade, criamos uma frequência energética que comanda tudo. Conversando com um amigo esta semana falávamos disso, do medo. Ele me contou uma história que ilustra muito bem isso que estamos tratando.A bateria do carro dele arreou, ele não teve medo, seguiu como se não houvesse amanhã. Na segunda acordou cedo, pediu uma bateria nova e tudo se resolveu. Chegou bem ao trabalho e a semana começou como se nada tivesse acontecido. Mas e se ele tivesse medo? Medo de não conseguir trocar a bateria a tempo. Medo de chegar atrasado ao trabalho. Medo, medo, medo. Se assim fosse, tenho certeza que tudo teria colaborado para que as coisas dessem errado, mas não foi assim. Ele simplesmente relaxou em Deus, confiou e no final tudo deu certo.  Nossos medos são nossos maiores fantasmas, não se esqueça disso. Confiar sempre vai ser a melhor escolha. Se você quer que alguma coisa dê certo, apenas confie. Existe uma afirmação de merecimento que quero compartilhar com você. É simples, rápida e eficaz. Poucas palavras que ativam em nós nossa capacidade de merecimento.  Diga quantas vezes puder e quiser ao longo do dia: Eu escolho e autorizo o aumento imediato do meu nível de merecimento. E assim já é. Desta forma vamos vencendo nossos medos e produzindo em nós a capacidade de merecer de fato tudo aquilo que está à nossa volta. Bençãos, alegrias, paz, harmonia, amor, saúde, tudo que pode interferir de forma positiva no nosso viver. O medo pode ser bom para evitar que enfrentemos uma onça ou nos joguemos de um penhasco, ele é o catalisador da coragem, precisamos virar a chave, a coragem que nasce do medo vai fazer com que gritemos com a onça e que vençamos o penhasco, e por aí vai. Mas os pequenos medos do dia a dia, podem nos lançar num mundo de eterno conformismo e apatia. Pense nisso e deixe a cigarra entrar em seu quarto, que seu canto traga a chuva para sua vida, renove seu solo e seu coração. Que a barata siga seu voo cego e não te encontre e que o rato simplesmente passe por você. Sentir medo é saudável, ter medo pode ser extremamente prejudicial para você e pra mim. E a propósito, perdi meu medo de cigarra, sei que ela existe e eu também e que podemos conviver juntos no mesmo ambiente sem que pra isso eu tenha que gritar por socorro. Liberdade e coragem são irmãos da paz que excede todo o entendimento.   Luiz Fernando é jornalista em Cuiabá, palestrante, terapeuta holístico e criador do método CURE que auxilia no tratamento para a bipolaridade. @luizfernandofernandesmt  Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias