Alimentos que devem ser evitados em Altas Temperaturas

MAX LIMA Com o calor intenso que estamos vivendo nos últimos dias, nossa alimentação pode ter um impacto significativo no bem-estar. Certos alimentos podem ser mais pesados para o organismo, especialmente durante os dias quentes. Veja quais alimentos devem ser evitados nas altas temperaturas, com base em evidências científicas, e como essas escolhas podem ajudar a manter a saúde. Alimentos a serem evitados 1. Alimentos Gordurosos e Fritos: Por que evitar :Alimentos ricos em gordura, como frituras e pratos pesados, demandam mais energia do corpo para serem digeridos, o que pode gerar sensação de cansaço e mal-estar em dias quentes. – Alternativa saudável: Opte por preparações grelhadas, assadas ou cozidas, que são mais leves e ajudam na digestão. 2. Bebidas Alcoólicas: Por que evitar: O álcool desidrata o corpo e pode aumentar a temperatura interna, dificultando a regulação da temperatura durante o calor. Estudos mostram que o consumo excessivo pode levar à desidratação e outros problemas de saúde. – Alternativa saudável:Prefira água, chás gelados sem açúcar ou sucos naturais. Essas opções ajudam na hidratação e refrescam. 3. Alimentos Processados e Ricos em Sódio: Por que evitar: Alimentos como embutidos, salgadinhos e refeições prontas geralmente contêm muito sódio, que pode causar retenção de líquidos e inchaço, especialmente em climas quentes. – Alternativa saudável: Opte por alimentos frescos, como frutas e vegetais, que não só são saudáveis, mas também ajudam a manter a hidratação. 4. Doces e Açúcares Refinados: – Por que evitar:Alimentos ricos em açúcar, como bolos e refrigerantes, podem provocar picos de glicose seguidos de quedas bruscas de energia, fazendo você se sentir mais cansado e letárgico em dias quentes. – Alternativa saudável: Frutas frescas são uma excelente escolha para satisfazer a vontade de doces e ainda oferecem fibras e vitaminas. 5. Cafeína em Excesso: – Por que evitar:Bebidas como café e refrigerantes à base de cola podem ter um efeito diurético, contribuindo para a desidratação. Em altas temperaturas, é importante evitar o consumo excessivo. – Alternativa saudável: Considere bebidas sem cafeína, como chás de ervas gelados, que são refrescantes e hidratantes. Conclusão Durante os meses quentes, prestar atenção ao que comemos é fundamental para manter a saúde e o bem-estar. Ao evitar alimentos pesados e optar por opções mais leves e nutritivas, você pode ajudar seu corpo a lidar melhor com o calor. Lembre-se: hidratação e escolhas alimentares adequadas são aliados importantes para um verão saudável. Aproveite a estação e cuide de sua saúde com sabedoria! MAX LIMA – é médico especialista em cardiologia e terapia intensiva, conselheiro do CFM, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia de Mato Grosso(SBCMT), Médico Cardiologista do Heart Team Ecardio no Hospital Amecor e na Clínica Vida Diagnóstico e Saúde. CRMT 6194 Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Arautos do evangelho: A verdade

O juiz deve agir com isenção, equilíbrio, dentro do princípio da isonomia O escopo do processo é a pacificação. Decorre que o juiz deve agir com isenção, equilíbrio, dentro do princípio da isonomia. A ele são oferecidas as garantias de independência, imparcialidade e determinados casos de suspeições e impedimentos. Por outro lado, temos os órgãos de apuração, o Ministério Público, o Advogado indispensável à administração da Justiça, a Defensoria Pública para atender, gratuitamente, aos necessitados, Advocacia Pública, previstos na Constituição Federal, artigos 127 a 135 e 5º, LXXIV, determinante da comprovação de insuficiência de recursos. Todos devem agir pautados na moral e na ética. Como ensina Ronald Dworkin, “Los derechos em serio”, pp. 397 a 411, certas decisões apresentam argumentos opostos e igualmente bons. O juiz elege uma decisão, não imposta pela razão, mas a aceita ou aceitável. O que o público deve esperar é a eleição sincera, tomada em momento de calma, livre de prejuízos ou fanatismo. A convergência de todos os agentes nas atitudes dirigidas ao bem e ao certo, visando a duração e a celeridade processual, art. 5º, LXXVIII, da Constituição Federal, aliadas à correta aplicação dos recursos, embargos, agravos, para revisões, correções, oferecerão a prestação jurisdicional desejada, justa e aceitável, à pacificação como escopo do processo. Todavia, quando nos referimos à moral, lembramos do bem e do mal. A ética conduz ao certo e ao errado. Assim, poderemos praticar o bem corretamente ou o mal consciente de estarmos errados. Em certos casos, a imoralidade e a falta de ética são tão grandes, violentas e desproporcionais que não existem palavras suficientes, para reduzir a termos, o nível de maldade, de algumas pessoas, senão um vocabulário considerado baixo. A reação proporcional à ação. São denúncias infundadas, fantasiosas, maldosas, vinganças, retaliações, doutrinário – ideológicas, genéricas, contraditórias, vagas, sem provas, contrárias aos fatos, mentirosas e ilegais. Envolvem cárcere privado, trabalho escravo, abuso psicológico, abuso sexual e crimes.. Apesar de constituírem denúncias vagas, sem indicar autoria (CF. art, 5, IV), na base do ouvir dizer, de a mesma pessoa apresentar uma acusação ao jornal e outra às autoridades, de divergências entre denunciantes, a retratação de outros, o uso da máquina pública, inclusive do Poder Judiciário, por algumas pessoas ou grupos que nunca participaram das instituições atacadas, as acusações inverídicas e graves, com finalidade de injuriar, difamar, caluniar a Instituição, têm causado impacto negativo na mídia. Ao tratarmos da corrupção legalizada, poderemos encontrar grupos influentes que conseguem aprovar normas, favorecendo a eles próprios em detrimento dos demais, longe do bem e do certo, aproximando-se do mal e do errado. São atos imorais, antiéticos, mas protegidos pela lei. Quem praticar os mesmos atos, mas não previstos legalmente, será punido. A imoralidade e a prática são as mesmas. O exercício tautológico de repetição das mesmas causas, pela mesma pessoas ou núcleo, com uma construção teratológica, monstruosidade para tergiversar, procrastinar, em alguns municípios, estados e no exterior, como na Colômbia, contraria as autoridades que decidiram a favor dos denunciados, arquivaram por falta de provas, rejeitaram por ilegitimidade, enfim nada encontraram, caracteriza a litigância de má-fé, com prejuízos irreparáveis, apesar dos esforços para restaurar a honra e a dignidade. Pode-se exemplificar com o “Caso Escola Base”. A comparação com o tristemente célebre “Caso Escola Base” é inevitável. Na década de 1990, uma escola de educação infantil foi alvo de acusações infundadas de abuso sexual, amplamente divulgadas pela mídia, antes de qualquer análise judicial. O caso resultou na destruição da reputação dos envolvidos e no fechamento da escola, apenas para anos depois, se descobrir que as acusações eram falsas. A precipitação na divulgação de denúncias poderá ser reeditada uma tragédia similar. Lawfare. É outro exemplo. No ano de 2009, uma decisão do Conselho Nacional de Justiça considerou que um certo recordista nacional na propositura de ações judiciais vinha atuando “com demasiada frequência”, o que levantava a possibilidade de “abuso do direito de petição”[1]. Essa possibilidade era reforçada pelo fato de que, em nenhum dos procedimentos provocados, tinha havido “categoricamente qualquer condenação ou punição imposta aos reclamados/requeridos”. A decisão considerou que tal fato indicava “a possibilidade de uso abusivo da máquina estatal para a prática de perseguições de índole pessoal” [2]. Já em 2023, o Ministério Público acusou essa pessoa de integrar organização criminosa, cujo método consistia em utilizar-se de abuso do acesso à Justiça, com “ajuizamento de diversas ações e remédios processuais (…) consubstanciando-se em verdadeira litigância de má-fé”, em detrimento de mais de 500 vítimas, que chegaram a constituir uma associação denominada “Associação das Vítimas de Eduardo Bottura”[3]. De qualquer forma, nesse caso, o que se vê são “perseguições de índole pessoal”, como afirmou o CNJ, e feitas sem grande estardalhaço – inclusive, ele costuma processar veículos de mídia que espalham notícias a seu respeito. Mas e se, em um sentido mais amplo, alguém resolvesse também utilizar o aparato judicial “com demasiada frequência”, mas para finalidades mais amplas como, por exemplo, perseguições de índole política ou ideológica, e, ademais, não enfrentando a mídia, mas usando-a de modo desvirtuado para colocar a opinião pública a seu favor? É justamente o que ocorre nos casos de ‘lawfare’. Sabe-se que o conjunto de atividades e métodos relacionados à guerra – em inglês recebe o nome de ‘warfare’ – adquiriu diversas vertentes ao longo da história. Termos como ‘guerra convencional’, ‘guerra eletrônica’, ‘guerra psicológica’, ‘guerra biológica’ sempre foram estudados como tendo um conjunto de métodos próprios. E recentemente, a ‘guerra jurídica’ também entrou nesse rol. No ano de 2001, ao analisar as modernas formas de conflito, o Coronel das Forças Armadas dos Estados Unidos, Charles J. Dunlap Jr., cunhou a expressão ‘lawfare’, que se refere à junção da palavra law (lei) e o vocábulo warfare, e significa guerra jurídica. O termo pode ser definido como o uso ou manipulação das leis e jurisdições como ferramenta de guerra, por vezes desrespeitando os procedimentos legais e os direitos do indivíduo ou grupo que se pretende eliminar. A particularidade do ‘lawfare’, é que, juntamente com os meios jurídicos, geralmente utiliza-se de ampla cobertura

Voto não perde validade

Rui Perdigão Não se deixe enganar por quem lhe disser que se votar de determinada maneira o seu voto terá mais valor Na porta de mais uma eleição municipal no Brasil, somos questionados sobre o nosso voto, mais concretamente em quem vamos votar. Eu tenho respondido igual minha mãe sempre nos respondeu, mesmo depois de longos e calorosos debates em família, ou seja, que o voto é secreto e livre. No entanto, ao observar quanta estranheza essa resposta causa nas pessoas e não querendo ser interpretado como estando zuando com elas, vou agora expressar o meu sentido de voto, na esperança de que a curiosidade alheia se dissipe. Assim, manifesto que irei votar novellu. Em língua portuguesa, estou dizendo que pretendo votar em algo de novo. Não “de novo” por repetição, mas pela característica intrínseca de algo próprio na existência e na materialidade. Certamente alguns dirão que esse voto não é novo, mas é o voto de quem está cansado do que é repassado aos jovens, a quem sempre dizemos desejar o melhor, mas para quem disponibilizamos somente cargos de estagiário na aridez de uma terra queimada e sem trincheiras. É também oportuno dizer a quem pergunta, que não venderei meu voto, que também não darei um voto útil nem um voto contra, nem mesmo o farei por emoção ou fé. Reafirmo assim pretender votar em algo diferente na forma e no conteúdo e que se os jovens se dispuserem a votar na humanidade posso muito bem juntar-me a eles de bom agrado. Penso poder afirmar que os velhos permanecem semelhantes aos de outrora, mas que os jovens de hoje, estão muito diferentes dos de ontem. Sempre me atento quando faço generalizações, mas colocadas as devida reticências, compreendo que o novo pode despertar incertezas ou pior, medos em face do desconhecido. Mas queiramos, isso não é uma perspectiva jovem. A cada nova eleição estou mais exigente e preocupado com o voto estar a apresenta-se para os jovens como algo inútil, o que é deveras perigoso. Querendo ou não, se se reunirem as condições para uma ruptura no processo de transmissão geracional a democracia estará sendo posta em causa. É imperioso que consigamos passar o testemunho sem o deixar cair, sem fazer dele um poderoso freio de mão. Chegados aqui, acredito que mais cedo ou mais tarde os jovens assumirão maior protagonismo no coletivo através de uma performance de conhecimento. O Mindset Fixo instalado por aí é produto de uma minoria de zeros que só está se dando bem nas periferias deste caldeirão em que assamos felizes e contentes. Não tem como continuar a arrastar os jovens a reboque para um mundo que eles desaprovam e que, arrisco-me dizer, todos nós reprovamos a cada dia que passa. Jovem, novo, visionário, inovador, instruído, são predicados que despertam a minha atenção nesta eleição, na qual nunca esqueço que o meu voto é igualzinho a qualquer outro. Vale exatamente o mesmo. Não se deixe enganar por quem lhe disser que se votar de determinada maneira o seu voto terá mais valor. Isso não existe. O que existe é a possibilidade do cara estar a querer o seu voto só para se promover, uma vez que o sentido de serviço público é quase que inexistente. Se até na carreira está difícil, imagine fora dela. Rui Perdigão é administrador, geografo e presidente da Associação Cultural Portugueses de Mato Grosso.

História através das experiências e perspectivas das mulheres

Através da sanção da Lei nº 14.986/2024, publicada no último dia 26 de setembro do corrente ano, será obrigatório no país o estudo sobre as contribuições das mulheres para a humanidade.  A norma acrescenta novo artigo na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, determinando que durante os nove anos do ensino fundamental e os três do ensino médio, em todas as escolas, públicas e particulares, garantam em seus currículos a apresentação de variados aspectos femininos da história, da ciência, das artes e da cultura, no Brasil e no mundo.  Não raro são lançados nomes de mulheres que contribuíram para a história e ciência. Todavia, ao manusear os livros de história e geopolítica, poucas delas são lembradas. Em datas pontuais, geralmente um nome ou outro tem sido lembrado. Todavia, essa não tem sido a realidade a ensinar as crianças e adolescentes. As meninas e mulheres precisam de incentivo diuturno, para que possam estar e ocupar lugares de destaque. Em época de campanha política, por exemplo, mulheres estão a desistir dos sonhos, por conta do temor em saírem “a campo” e passarem a sofrer inúmeras situações de constrangimentos e humilhações causadas pela violência política. Mulheres extraordinárias e geniais não foram rememoradas ao longo do tempo. Outras, com feitos importantes e contribuições marcantes, só conseguiram reconhecimento post mortem. Seria formidável que os obstáculos e desafios fossem democráticos, para além dos gêneros. Porém, o que se tem visto são retratos de diferenças expostas, castigando e ferindo mulheres historicamente. Inúmeras delas foram chamadas de bruxas e incineradas em fogueiras. Foram tachadas de imprimirem mimimi. Tantas outras desrespeitadas, conhecidas por loucas ou histéricas, e por aí afora, quando ousaram contribuições ou transformações sociais. Essas foram pechas até os dias atuais que são colhidas, a ponto de as desencorajar a estarem, realmente, em todos os lugares.   Mato Grosso, por exemplo, quantas mulheres deixou de homenagear e fazer com que esses nomes pudessem adornar avenidas, pontes, travessias, viadutos, trincheiras, as rememorando? E quantas outras o foram, e tiveram os nomes retirados, e fadados ao esquecimento? Reflexos da falta de abordagem sob a perspectiva de gênero.     O ano de 2025 será de grande importância para o início do estudo, pois a valorização da história das mulheres é premente. Os livros de história não têm sido benevolentes e nem justos, com o gênero feminino.  A novel norma ainda instituiu a Semana de Valorização de Mulheres que Fizeram História no âmbito das escolas de educação básica do país, na segunda semana do mês de março. E nessa semana, são muitas as atividades que podem ser desenvolvidas, no afã de trazer o diálogo franco e aberto a permear a história das mulheres.  A história é fascinante! E quando retrata a realidade, de que nunca se concentrou apenas em contribuições masculinas, se torna indescritível! A nova norma mostrará que devemos ter orgulho de muitas mulheres! Mostrará, ademais, algumas tentativas de trazer esquecimento à história. Falando nisso, em Mato Grosso: cadê a Escola Bernardina Rich?   ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS – é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Fogo Cruzado: A Nova Legislação que Penaliza o Produtor e Isenta o Governo dos Incêndios Florestais

Na última sexta-feira, 20 de setembro, o Governo Federal deu mais um passo para tentar se isentar da responsabilidade pelos crescentes incêndios florestais, promulgando o Decreto Presidencial n°. 12.189, que altera dispositivos do Decreto Federal n°. 6.514/2008. As mudanças mais notáveis dizem respeito à criação de novas infrações relacionadas ao uso do fogo, com severas punições: 1. Realizar queimadas em florestas nativas – multa de R$10.000,00 por hectare; 2. Realizar queimadas em florestas plantadas – multa de R$5.000,00 por hectare; 3. Não tomar as medidas preventivas exigidas pela legislação – multa de R$5.000,00 até R$10.000.000,00. À primeira vista, essas medidas parecem um esforço legítimo para combater os incêndios mas, ao analisar mais de perto, nota-se que as duas primeiras multas não são exatamente uma inovação. Desde 1998, o uso de fogo em áreas rurais é considerado crime, e desde 1999, é classificado como infração administrativa. Portanto, essas punições já estavam previstas na legislação. A grande novidade é a criação de uma terceira infração, que envolve a omissão em tomar medidas preventivas contra incêndios, com multas que variam entre R$5.000,00 e R$10.000.000,00. No entanto, essa medida surge como uma ação que parece visar o agronegócio de forma revanchista, além de dar a impressão de que o verdadeiro objetivo é desviar a responsabilidade do Governo. As medidas preventivas, que variam de Estado para Estado, geralmente se limitam à criação de aceiros – faixas de terra limpas ao redor da propriedade, que servem como barreira para o fogo. Entretanto, a eficácia dessa medida é questionável. O tamanho autorizado para os aceiros é de apenas 6 metros de largura, insuficiente para impedir a propagação de incêndios de grande escala. Para exemplificar, não é incomum observar incêndios em ambos os lados de uma rodovia. E rodovias pavimentadas têm, muitas vezes, mais de 6 metros de largura e ainda assim não conseguem conter as chamas. Isso ilustra a fragilidade dessas medidas de prevenção. Outra alteração significativa do decreto é a ampliação das condições de embargo de propriedades rurais, especialmente no caso de incêndios. Isso significa que, além de ter sua propriedade destruída pelo fogo, o produtor pode ser multado e ter sua área embargada, enfrentando sanções administrativas severas. Essa abordagem ignora o fato de que o produtor rural é, muitas vezes, uma das maiores vítimas dos incêndios, junto com o meio ambiente, e não o agressor. O aumento das multas e a dificuldade em determinar a responsabilidade pelos incêndios certamente trarão consequências negativas para os produtores. Na prática, será mais fácil culpar o proprietário do imóvel do que punir efetivamente quem provocou o incêndio, seja por negligência, como no caso de uma bituca de cigarro jogada na beira de uma rodovia, ou por outros fatores que fogem ao controle direto do produtor. Enquanto as penalizações ao setor do agronegócio se intensificam, os investimentos em estrutura para combater os incêndios continuam aquém do necessário. Embora o Governo Federal tenha anunciado um aumento de 118% no efetivo para combate aos incêndios – de 1.600 para 3.500 profissionais – esse número é insignificante diante das dimensões territoriais do Brasil. O país abriga a maior floresta tropical, além da maior planície alagada do mundo e conta com mais de 7 milhões de propriedades rurais cadastradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Isso equivale a aproximadamente 2.000 propriedades para cada profissional contratado pelo governo. Além da carência de pessoal, os equipamentos disponíveis são insuficientes. De acordo com o presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, o Brasil possui cerca de 2.600 aeronaves privadas utilizadas para pulverização agrícola, mas apenas 20 estão adaptadas para combate a incêndios. O IBAMA conta com apenas 30 aeronaves, sendo que algumas delas são usadas para transporte de pessoas e não para o combate direto ao fogo. Os incêndios que enfrentamos hoje, assim como a falta de estrutura para combatê-los, são fruto de pelo menos duas décadas de gestão pública inadequada. Não é justo atribuir toda a responsabilidade ao Governo Federal atual, tampouco jogar o peso desse problema nas costas dos produtores rurais. A pergunta que devemos nos fazer é: essas novas regras realmente protegem o meio ambiente, ou servem apenas como uma forma de isentar os verdadeiros responsáveis, penalizando aqueles que trabalham arduamente para sustentar o país? O debate é complexo e exige soluções estruturais, que incluam desde investimentos em prevenção e combate a incêndios até uma abordagem mais justa e equilibrada na responsabilização pelos danos causados. Afinal, proteger o meio ambiente é uma responsabilidade de todos, e não apenas daqueles que estão no campo. Fernando Zanchet – é  advogado atuante no setor do Agronegócio há mais de 10 anos, especializado em Direito Ambiente e Processo Civil, membro da UBAA e Comissões de Direito do Agronegócio e Ambiental, e sócio do escritório Paschoal e Zanchet Advogados. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Plantar hoje, colher amanhã: o legado de plantar uma árvore

Em setembro, celebramos o Dia da Árvore, uma data que nos lembra não apenas da importância de preservar o meio ambiente, mas, acima de tudo, de plantar mais árvores, com a visão clara de que estamos cultivando um futuro melhor para as próximas gerações. O ato de plantar vai muito além do presente, ele é um compromisso com o amanhã, pois as árvores que plantamos hoje serão a sombra e o ar puro que nossos filhos e netos irão desfrutar. Embora saibamos dos desafios ambientais que enfrentamos, há também boas notícias: ainda há tempo de agir e fazer a diferença. Cada árvore plantada, cada área recuperada, cada pequena atitude sustentável pode transformar o cenário para as próximas décadas. A mudança climática, com todas as suas consequências, é um chamado para analisarmos as possibilidades de corrigirmos o curso. E o que isso nos mostra? Que juntos, com ações concretas, temos o poder de reverter o caminho. Um exemplo disso é o Projeto Recuperando Nascentes, que a cooperativa Sicredi Integração Mato Grosso, Amapá e Pará iniciou em 2012. Por meio dessa iniciativa, plantamos mais de 138 mil mudas em áreas de nascentes degradadas ou em ameaça, levando vida de volta a essas regiões. As árvores, além de preservarem a biodiversidade, ajudam a regular o clima local, melhoram a qualidade do ar e garantem a continuidade das fontes de água. Os resultados em 120 propriedades beneficiadas são visíveis: mais água, recuperação de áreas antes degradadas e uma melhora significativa no ambiente ao redor. Essas ações nos mostram que cada passo conta e é importante. Cada árvore plantada é uma nova possibilidade de um futuro mais sustentável e saudável para todos. Pode parecer um pequeno gesto diante de um desafio global, mas somado a tantas outras iniciativas pelo país e pelo mundo, ele ganha força e faz a diferença. Acredito profundamente que o futuro que queremos – um futuro de ar puro, água abundante e ecossistemas equilibrados – depende das nossas escolhas de hoje. O plantio de árvores é um desses caminhos: uma ação simples que se transforma em um legado poderoso para as próximas gerações. Juntos, podemos plantar não apenas árvores, mas também esperança e transformação. Marcos Túlio Duarte Soares – é presidente da Cooperativa Sicredi Integração MT/AP/PA. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Uma cidade verde possível

ZIDIEL COUTINHO “Recuperar o título de Cidade Verde.” Essa é a promessa que os cuiabanos ouvem a cada quatro anos. No entanto, após o período eleitoral, a realidade se revela bem diferente: a capital se transforma em um lugar cada vez mais cinza, com áreas verdes em declínio e pouco comprometimento da classe política com a arborização urbana. O plantio de árvores em Cuiabá não pode ser tratado como uma simples promessa ou uma moeda de troca por votos. A falta de comprometimento com o Plano Diretor de Arborização, que já existe desde 2007, reflete uma desconsideração pela qualidade de vida da população. Em um contexto de urbanização desordenada, a cidade enfrenta desafios significativos, agravados pela escassez de áreas verdes e pelo calor intenso que a caracteriza. Mas a quem cabe cobrar a execução do plano de arborização? Assim como em outras áreas do município, essa responsabilidade é fundamentalmente dos vereadores. Eles têm o dever de fiscalizar o Executivo, assegurando que as leis sejam cumpridas e que as promessas feitas em campanhas se transformem em ações concretas. A população também deve se engajar, cobrando e participando ativamente desse processo. É por isso que, mais do que fazer promessas, faço compromissos. Se eleito, atuarei para garantir que Cuiabá volte a ser a “Cidade Verde”. Isso é possível por meio de iniciativas que aliem o trabalho técnico à participação dos cuiabanos. Uma das alternativas, por exemplo, é a criação do IPTU Verde, que ofereceria benefícios fiscais àqueles que plantarem e cuidarem de árvores em suas regiões. Essa medida não só incentivaria o cuidado com o meio ambiente, mas também fortaleceria o sentimento de comunidade e responsabilidade coletiva. Além disso, é fundamental incentivar empreendimentos verdes. A verticalização de Cuiabá é cada vez mais evidente e, com as propostas certas, podemos garantir que esses importantes projetos contribuam para melhorar o conforto térmico e a qualidade do ar da nossa cidade. A integração de espaços verdes em novos empreendimentos pode transformar áreas antes esquecidas em oásis urbanos. Economia e sustentabilidade andam lado a lado, e Cuiabá não pode ficar para trás. Um futuro sustentável depende do nosso engajamento coletivo, e isso inclui tanto a ação dos representantes eleitos quanto a participação ativa da sociedade. É hora de transformar promessas em compromissos reais e de unir forças para recuperar a essência verde de nossa cidade. A luta pela arborização de Cuiabá é, na verdade, uma luta pela saúde, pelo bem-estar e pelo futuro de todos nós. ZIDIEL COUTINHO é advogado e candidato a vereador por Cuiabá pelo partido Solidariedade. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

O doce

A vida é amarga ou doce? Ela perguntou depois de provar um brigadeiro. Ela mesma respondeu, é doce! A vida é amarga e doce, respondi, mas só no pensamento. Toda vida leva no seu dentro o amargo, o doce e outras coisas, tudo é inevitável complemento. Não era momento ainda de falar sobre isso com ela, mas ela descobriria, com o tempo, que há em nós forças que nos impulsionam a viver, e outras a morrer. Energias que nos levam a transcender e outras a não-ser. Ah, menininha! Existem muitas coisas dentro da gente. Tem muitas coisas no espaço posterior das coisas que vemos. A gente tem a vida toda para encontrá-las – nem se tivéssemos sete vidas! E não pense que o amargo é sempre amargo ou exclusivamente amargo e o doce é eternamente doce ou puramente doce. É tudo uma confusão num sossego. É tudo muito cantável e muito silêncio. Tira e dá. A vida é alguma coisa mais que a gente, como a poesia é algo mais que os poetas. Sim, eu sei, menininha, toda comparação diminui o que foi comparado. Mas escrever é sempre incompleto. A vida amarga e doce é assaz genérica para exprimir a autenticidade da vida. Escrever é de uma pobreza evidente. Por isso componho por riso, brincadeira, por graça. Não sei mesmo se é assim, estou só começando. Guimarães Rosa, que já tinha passado da metade e revelado muita coisa, sempre apontou que as coisas são ocultadas demais. Ah, menininha! Ainda há a imaginação, a imaginação criante. Esta ajuda a gente a sair, até a sair da gente mesmo. Mas só tem um jeito de sair da gente mesmo, é tomando conta da gente mesmo por dentro. Ocorre que quando há doce cá dentro, há doce lá fora, e quando há doce cá fora, pode haver doce lá dentro. É isso menininha, tome o amargo e o doce naturalmente, não estranhe se encontrar os dois na mesma paisagem, já que há montanhas e planícies, florestas e desertos, chuva e sol. E há uma força muito forte, a sua escolha, e você já disse: é doce! Emanuel Filartiga é promotor de Justiça em Araputanga Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Meu pé de figueira

Luiz Fernando Fernandes Um ditado chinês diz o seguinte: ”Não volte para onde um dia você foi feliz, é uma armadilha da melancolia, tudo terá mudado e nada será igual, nem mesmo você”. Engraçado que a gente tende a fazer exatamente isso, e na maioria das vezes quebramos a cara. Lembro de uma casa que moramos em Chapada dos Guimarães. Havia um pé de figueira enorme que eu queria de todo jeito revisitar. Um dia tomei coragem e subi a serra. Cheguei na cidade e fui direto para aquele local onde tão boas lembranças havia guardado. Cheguei, bati palmas e o dono da casa veio todo solícito. Expliquei que havia morado ali na infância e que se possível gostaria de ir até a figueira nos fundos do quintal. Ele prontamente autorizou minha entrada e chegando então ao pé da mais frondosa árvore que tive contato em minha vida me decepcionei. A árvore em questão não era tão frondosa assim. Eram minhas lembranças de criança que me traíam. Era bem menor que minhas memórias poderiam supor e sai dali decepcionado. Assim somos nós no dia a dia. Adultos tentando voltar para um tempo onde fomos felizes, para lugares que acalentaram nossa felicidade, para amores que um dia deram certo, e por aí vai. Você já tentou voltar para um lugar, uma pessoa ou uma situação? Percebeu que a felicidade de outrora já não estava lá a te esperar? Fomos feitos para seguir em frente, para avançar, para experimentar o novo e o renovo, sempre. Voltar, além de frustração pode desencadear uma série de sentimentos negativos, afinal você nunca vai encontrar a felicidade de volta. O carro nos ensina muito sobre isso. Qualquer veículo, seja um popular ou um de luxo supremo, terá um parabrisa enorme e dois retrovisores pequenos. Isso mostra que devemos olhar sempre para frente e usar os retrovisores apenas como referência em alguns momentos. Quem olha demais para trás tende a se envolver num acidente. Quando vamos estacionar os retrovisores são necessários, mas estamos parando. Se estamos em movimento o olhar deve estar atento pra frente, por isso o para-brisa é grande e oferece um grande ângulo de visão. Não tente voltar, viver do passado pode ser uma prisão. A verdadeira liberdade está no hoje no bom que estamos vivendo. O amanhã é uma incerteza, mas o ontem não tem como ser revisitado. É comum pessoas voltarem a viver em cidades onde foram extremamente felizes em algum momento de suas vidas. Mas ao fazerem isso se frustram pois não encontram aquilo que foram buscar. Não se engane, a verdadeira felicidade está no hoje. Então aproveite e vá viver. Existem milionários se achando pobres e pobres que são milionários e sequer sabem disso. Momentos felizes vamos viver todos os dias. Ao apreciarmos o nascer do sol, ao ouvirmos uma música de boa qualidade e até mesmo ao tomarmos um café. E que tal se pudermos fazer todas essas coisas juntas? Imagine você logo cedo tomando um café, ouvindo uma boa música e aguardando o nascer do sol. Só quem já fez isso sabe o que é ser milionário. O ontem já se foi, se o hoje chegar, aproveite. Vá viver a vida. Você é maior do que suas lembranças e é capaz de viver algo muito maior neste exato momento.  Pense nisso e viva o agora.    Luiz Fernando é jornalista em Cuiabá, palestrante, terapeuta holístico e criador do método CURE que auxilia no tratamento para a bipolaridade. @luizfernandofernandesmt Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Empowerment e accountability

FRANCISNEY LIBERATO O foco dirigido visando resultados satisfatórios depende do envolvimento dos líderes e dos liderados com a implantação das ideias do empowerment e accountability. Infelizmente, a cada dia, quanto mais informações e dados disponíveis temos para usar da melhor maneira possível, no intuito de gerar grandes resultados para a organização, não dá certo e muitos pecam nesta missão. Para conseguir alcançar essa missão, é indispensável que o líder se revista do empowerment, cujo termo em inglês significa dar poder, força, fortalecimento, empoderamento, capacidade para cada indivíduo. Não apenas o líder deve se revestir do empoderamento, mas também é uma forma de utilização do capital intelectual dos colaboradores da empresa, por isso a liderança, por intermédio da delegação de competência, coloca essa ideia em prática. Outro termo também em inglês é o chamado accountability, cuja ideia é a de que o líder tenha responsabilidade pelos seus atos e na condução de sua liderança, porém não devemos parar por aqui, essa responsabilidade deve ser disseminada e transmitida para os liderados da entidade. Perceba que ao colocar em prática a ideia expressa pelos dois termos em inglês nós construiremos uma empresa mais participativa, organizada, descentralizada, decidida, com pessoas motivadas e que tragam excelentes resultados para a organização. O líder deve despertar essas ideias e disseminá-las para construção de uma organização mais saudável e que faz as coisas acontecerem. O site “Valor Econômico”, em matéria publicada no dia 20/1/2021, traz a seguinte explicação: “Para garantir a existência da responsabilidade é importante desenvolver o empowerment trazendo e desenvolvendo pessoas que possuam accountability, ou seja, que assumem a responsabilidade e a obrigação de fazer o que precisa ser feito, sentindo-se comprometidas com os resultados, assumindo as consequências, sem nunca se colocarem como ‘vítimas’ do processo. Os líderes eficazes sabem identificar pessoas com as habilidades necessárias, atraí-las, engajá-las e motivá-las para que deem o melhor de si”. Tanto os líderes como os liderados jamais devem se colocar em uma posição de “vítima” para não fazer o que precisa ser feito e ainda para os resultados desastrosos que ocorrem. É necessário dividir e assumir as responsabilidades com todos e se empoderar, com vistas a reconstruir novos resultados satisfatórios para a organização. Cabe ao líder sensibilizar os seus colaboradores para entender as ideias propostas pelo empowerment e o accountability, visando ter colaboradores motivados, que tenham poder, mas sobretudo responsáveis, que tragam excelentes resultados para a entidade. FRANCISNEY LIBERATO é Auditor do Tribunal de Contas. Escritor. Palestrante. Professor. Coach e Mentor. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa. Bacharel em Administração, Bacharel em Ciências Contábeis (CRC-MT) e Bacharel em Direito (OAB-MT). Membro da Academia Mundial de Letras. Autor dos Livros: “Mude sua vida em 50 dias”, “Como falar em público com eficiência”, “A arte de ser feliz”, “Singularidade”, “Autocontrole”, “Fenomenal”, “Reinvente sua vida” e “Como passar em concursos – Vol. 1 e 2”, “Como falar em público com excelência”, “Legado”, “Liderança”, “Ansiedade”, “Mude sua vida em 50 dias Premium”, “Inteligência Emocional”, “Manual do Concurseiro”, “Sabedoria”, “Discípulos”, “Educação Financeira”, “Recordar é Viver”, “Manual de Oratória”, “Lições para a vida” e “Inteligência e Gestão da Emoção”. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias