Sentimentos x pensamentos x palavras: Nós emanamos tudo o que sentimos, assim como recebemos

Kamila Garcia Somos luz. Somos vibração. Emanamos tudo o que sentimos, assim como recebemos. Em essência, somos energia. A Lei da Atração nos ensina que atraímos aquilo a que dedicamos atenção, energia e concentração, seja positivo ou negativo. Imagine alguém que sempre reclama de seu trabalho: “Eu não suporto esse lugar, tudo dá errado para mim”. Essa pessoa, sem perceber, está reforçando uma vibração de insatisfação e estagnação, atraindo mais situações que confirmem seu pensamento. Por outro lado, quando alguém se foca no que quer — como desenvolver novas habilidades ou buscar oportunidades melhores —, essa energia cria um movimento transformador. Sentimentos como alegria, amor, entusiasmo, abundância, conforto, confiança e fé elevam nossa vibração, enquanto desapontamentos, solidão, tristeza, confusão, estresse e raiva a drenam. Esses sentimentos não apenas moldam nossas experiências, mas também influenciam quem atraímos para perto de nós. Pense na pessoa que, apesar das dificuldades, mantém um sorriso no rosto e uma atitude de gratidão. Naturalmente, ela atrai apoio, boas oportunidades e conexões enriquecedoras. Para transformar nossa realidade, é essencial ter plena consciência de nós mesmos. É no autoconhecimento que rompemos paradigmas da alma e encontramos equilíbrio emocional. Como disse o filósofo: “Conhece-te a ti mesmo.” Esse processo envolve aprender a reconhecer padrões de pensamentos automáticos e substituí-los por escolhas conscientes. Por exemplo, Maria estava passando por um momento de luto e, mesmo sem perceber, repetia para si mesma: “Minha vida nunca mais será a mesma. Não há mais sentido.” Um dia, ao ouvir um podcast sobre resiliência, decidiu mudar seu discurso interno. Começou com frases simples: “A dor é real, mas posso aprender a viver novamente. Minha vida pode ter novos significados.” Com o tempo, Maria não apenas superou a dor, mas encontrou forças para se reinventar, dedicando-se ao trabalho voluntário e ajudando outras pessoas em situações similares. Um bom exercício de consciência plena é observar as pequenas bênçãos diárias: o sorriso de um estranho, um céu estrelado, o cheiro de café pela manhã. Ajustar as reações internas permite alinhar o que emitimos e recebemos do universo. Esse alinhamento cria uma vibração congruente com nossos desejos. Afinal, “você é o que vibra e o que recebe”. A qualidade dos pensamentos é o ponto de partida. Pensamentos positivos e alinhados libertam sentimentos de conforto, abundância e prosperidade, trazendo-os do campo das ideias para a realidade física. O cérebro, entretanto, não decodifica a palavra “não” em termos energéticos. Por isso, ao formular desejos, opte por afirmações positivas. Em vez de “Não quero brigar com minha família”, diga “Quero harmonia e compreensão em minha casa.” Substitua “Não quero mais fracassar” por “Estou no caminho do sucesso e aprendizado.” Um exemplo inspirador é o de Paulo, que estava endividado e costumava dizer: “Não quero mais contas para pagar.” Apesar de seus esforços, as dificuldades financeiras continuavam. Após aprender sobre a Lei da Atração, ele começou a dizer: “Estou atraindo abundância e soluções para minha vida financeira.” Além de ajustar sua vibração, Paulo adotou ações práticas, como planejar suas finanças e buscar formas de aumentar sua renda. Em poucos meses, sua realidade começou a mudar. O poder da mente é infinito, mas exige responsabilidade. Manter a serenidade mental e evitar pensamentos invasivos é essencial. O primeiro passo é o autoconhecimento; o segundo, direcionar sua energia com propósito. Esse movimento é sustentado pela fé — a crença inabalável de que aquilo que desejamos será manifestado: “Pedi e recebereis.” As palavras que usamos também são fundamentais. Elas não apenas expressam nossas intenções, mas moldam o campo energético que criamos ao nosso redor. Imagine o impacto de dizer “Eu consigo!” em vez de “Eu não sei se sou capaz”. Cada palavra carrega energia e pode abrir ou fechar portas em nossa mente e no universo. Técnicas como regressão, hipnoterapia e meditações guiadas podem ajudar a alinhar emoções e pensamentos. Com a mente limpa de negatividade, atraímos aquilo que desejamos e ampliamos nosso propósito. Pensar positivamente, com plena consciência, é a chave para uma vida plena e feliz. Assim como Maria, Paulo e tantos outros, podemos reescrever nossas histórias e transformar nossa vibração. O segredo está em alinhar sentimentos, pensamentos e palavras, permitindo que a energia flua livremente em direção aos nossos maiores sonhos. Kamila Garcia é bacharel em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

O caso de um pescador…

Atuando em processos em segunda instância no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, um caso peculiar me chamou a atenção. Trata-se de um pescador abordado com quantidade de peixes incompatível com sua condição profissional e em momento de defeso. Foi condenado na instância singela a reparar os danos e teve decretada a perda de sua carteira de pescador profissional. Para recorrer é preciso que cumpra alguns requisitos objetivos e subjetivos, dentre os quais destaco o pagamento das custas e despesas processuais. O artigo 1.007 do CPC (Código de Processo Civil) estabelece a necessidade de recolhimento do preparo (que são essas despesas) no ato da interposição do recurso, e, em caso de insuficiência ou ausência, é facultado um prazo para regularizar a situação. No caso em comentário, não tendo logrado Justiça Gratuita, obteve a guia de pagamento, que deveria ser quitada até determinado dia. Quando fez o pagamento, provavelmente por não saber operar os sistemas bancários, agendou para o primeiro dia útil imediato. Contudo, a legislação exige quitação instantânea, o que faz acertadamente para evitar fraudes, como os agendamentos sem recursos na conta para quitação. Nesse caso, obteria o comprovante do agendamento do pagamento devido, mas, efetivamente, nada pagaria. Antigamente eram corriqueiros os golpes de depósito em envelopes vazios. Esse tipo de lapso pode ser corriqueiro em pagamentos de boletos, uma vez que o sistema pode gerar automaticamente o dia do pagamento como o dia do vencimento quando se faz via sistema bancário. Quando no título a ser quitado consta determinada data de vencimento pode ser preciso atenção para antecipar o pagamento. Há de se investigar, em casos concretos, a existência de má fé, o que pode ser difícil se presumir quando se trata de pessoa humilde e simples, que teria providenciado o pagamento, mas possivelmente em razão da pouca familiaridade com sistemas automatizados modernos, pode ter incorrido em erro plenamente justificável pelas suas condições pessoais. O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (Art. 1º, III, da CF) norteia todo o ordenamento jurídico e impõe ao Poder Judiciário a interpretação das normas de forma a preservar e proteger os direitos fundamentais dos cidadãos, especialmente daqueles em situação de vulnerabilidade social e econômica. No mesmo sentido, o Princípio do Acesso à Justiça (Art. 5º, XXXV, da CF) assegura que ninguém será impedido de submeter suas pretensões ao Poder Judiciário por barreiras de ordem formal ou material. Erros processuais de natureza formal, especialmente aqueles cometidos por pessoas em situação de vulnerabilidade, devem ser analisados sob a ótica do princípio da proteção do jurisdicionado, evitando prejuízos desproporcionais. Além disto, o Princípio da Igualdade Material e a necessidade de serem utilizadas e potencializadas as Ações Afirmativas (Art. 5º, Caput, e Art. 3º, IV, da CF) mostra que a igualdade formal é insuficiente para corrigir as distorções sociais que afetam grupos historicamente marginalizados, como pescadores de baixa renda, pessoas pretas, quilombolas e outros. A adoção de ações afirmativas, reconhecidas pelo ordenamento jurídico brasileiro, busca promover a igualdade material, considerando as condições socioeconômicas específicas de cada indivíduo. Daí a necessidade de interpretar normas processuais de maneira menos rigorosa, especialmente quando o erro não resulta em prejuízo à parte contrária, privilegiando-se sempre a busca da Justiça efetiva, em atenção aos princípios da instrumentalidade e economia processual. Há de se considerar as condições pessoais da parte. Sendo pessoa humilde e com pouca ou nenhuma oportunidade de acesso à educação formal e habilidades tecnológicas, que cometeu um erro ao agendar o pagamento das custas processuais, demonstrando desconhecimento técnico em informática e não dolo, não há de se aplicar a letra fria da lei. É preciso que o operador do direito dê um sopro de vida e humanidade na norma. Sua interpretação não deve nem pode contrariar os objetivos fundamentais da República, previstos no Art. 3º da CF, de erradicar a pobreza e promover o bem de todos. Assim, um erro técnico não deve ser interpretado de forma a impedir o prosseguimento do recurso, sob pena de afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa (Art. 5º, LV, da CF). Daí a importância de serem implementadas, inclusive na interpretação das normas processuais, ações afirmativas que tenham como objetivo corrigir desigualdades históricas e garantir que pessoas em condições de vulnerabilidade possam exercer seus direitos em igualdade de condições. No caso do pescador a condenação foi a perda de sua carteira de pescador profissional, ou seja, tirou dele o direito de trabalhar e sustentar sua família. Esse caso deveria ser levado, sim, à apreciação de juízes mais experientes com o objetivo tão somente de ser reanalisado o acerto da sentença do juízo de primeira instância, com o que se garantiria o acesso ao duplo grau de jurisdição. Marcelo Caetano Vacchiano – é promotor de Justiça em Mato Grosso Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

A luta por justiça e representatividade em Mato Grosso sob o olhar da Consciência Negra

Virginia Mendes Hoje é celebrado no Brasil o Dia da Consciência Negra, uma data que nasceu de um movimento de resistência e valorização da identidade afrodescendente, originado da opressão vivida durante a escravidão. O movimento ganhou força com exemplos de figuras como Zumbi dos Palmares, símbolo da luta pela liberdade, e com os trabalhos de intelectuais como Abdias do Nascimento. Na atualidade, a consciência negra continua sendo uma luta por igualdade, representatividade e pelo reconhecimento da contribuição fundamental dos negros para a formação da sociedade. Nosso estado tem uma forte identidade com essa data, pois ela está ligada à história da escravidão e à contribuição dos negros na formação da sociedade mato-grossense. As comunidades quilombolas, descendentes dos escravizados que fugiram das senzalas, são um dos maiores símbolos da resistência e da preservação da identidade negra em Mato Grosso. Em nosso estado, tenho a honra e o privilégio de trabalhar ao lado de um governo comprometido com a transformação da realidade social e com a promoção de políticas públicas que garantem direitos para todas as pessoas, valorizando a cultura e a história do nosso povo. Desde o início do primeiro mandato do atual governo, em parceria com a Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania e a Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer, temos implementado programas sociais que têm como objetivo primordial o atendimento às necessidades da população, promovendo a igualdade e garantindo o acesso aos serviços essenciais para aqueles que mais precisam, além de promover a sua cultura e história. Enquanto voluntária na Unidade de Ações Sociais e Atenção à Família, tenho me dedicado pessoalmente a acompanhar e idealizar ações que visam o bem-estar de todas as pessoas de nosso estado. O foco das iniciativas que compõem o programa SER Família é justamente atender à população de forma integral, respeitando a diversidade e a realidade de cada um, para que ninguém seja deixado para trás. Acredito que, para que um estado se desenvolva de maneira justa e equilibrada, é fundamental que as políticas públicas atendam a todos os segmentos da sociedade, especialmente aqueles historicamente marginalizados. O SER Família não é apenas um programa social; ele é um compromisso com a dignidade e o respeito àqueles que, muitas vezes, se sentem invisíveis nas políticas públicas. Ele engloba diversas ações de assistência social e cidadania, com uma atenção especial às famílias em situação de vulnerabilidade social. Desde a oferta de benefícios de assistência emergencial até a implementação de projetos que buscam garantir o acesso à educação, saúde e formação profissional, esse programa é um marco na construção de uma rede de proteção que visa à inclusão verdadeira. Sabemos que, para que a inclusão seja real, não basta apenas oferecer oportunidades, mas também promover ações afirmativas que respeitem a individualidade de cada cidadão e que possam superar as barreiras históricas que ainda existem na sociedade. Sou filha adotiva e cresci em uma família que sempre me ensinou a importância da empatia e da solidariedade. Meus pais eram negros, e tenho muito orgulho de minha origem. Essa vivência pessoal me impulsiona a trabalhar incansavelmente por políticas públicas que combatam o racismo e a desigualdade, promovendo a inclusão de todos os cidadãos, especialmente os negros e as comunidades periféricas, que ainda enfrentam desafios cotidianos em várias áreas. A minha história é um exemplo de como a diversidade e a inclusão podem ser potentes e transformadoras. Fui criada em um lar que sempre me ensinou o valor da união entre diferentes culturas, crenças e experiências de vida. Isso me fez compreender a importância de um governo que não só reconhece a pluralidade, mas também age para que ela seja respeitada e garantida em suas políticas públicas. A discriminação racial ainda é uma realidade em muitas partes do Brasil, e Mato Grosso não é exceção. Como primeira-dama de MT, tenho consciência de que é preciso ir além das palavras e investir em ações práticas que garantam a equidade e a justiça social. A luta contra o racismo é uma das prioridades do nosso governo, e temos procurado implementar políticas que combatam a discriminação racial, promovam a igualdade de oportunidades e valorizem a contribuição histórica e cultural da população negra. Esta não é uma causa de um único dia ou de um único governo, mas sim um compromisso que deve ser contínuo. E eu, enquanto primeira-dama de MT, tenho orgulho de fazer parte desse movimento, contribuindo ativamente para a construção de um Mato Grosso mais inclusivo e igualitário. Virginia Mendes – é economista, primeira-dama de MT e voluntária nas ações de Governo Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Medida protetiva: tempo indeterminado

ROSANA LEITE Há dezoito anos surgia no país a Lei n 11.340/2006, Lei Maria da Penha. A norma trouxe em seu bojo o instrumento de proteção que tem garantido a integridade física e a vida de muitas mulheres: a medida protetiva de urgência.  Com o decorrer de estudos e a aplicabilidade da Lei Maria da Penha, foi possível observar que as medidas protetivas foram pensadas pelas legisladoras e legisladores como um aparato à disposição das mulheres. São as mulheres as detentoras desse pedido. Assim, enquanto elas disserem que dela necessitam, há necessidade de que continue em vigor, válidas.  Por óbvio, muitos entendimentos começaram a surgir com o advento da Lei Maria da Penha, pois se perfazia no “desconhecido”, e com nuances um pouco diferente das demais normas. Primordialmente, ao eclodir o acontecimento da violência doméstica, é de um crime que estamos tratando. Delitos demandam lavratura de boletim de ocorrências e investigação. Todavia, não somente isso, por se cuidar de âmbito doméstico e familiar, onde as relações de afeto se desdobram. Outras demandas, não somente as criminais, são necessárias para que as mulheres possam “sair”, de fato, da violência doméstica. Comuns são após a lavratura dos boletins de ocorrência: ações de divórcio, dissoluções de união, guarda de filhos e filhas, alimentos, partilha, e por aí afora.  Ademais, pelas medidas protetivas estarem à disposição das mulheres em situação de violência doméstica, também podem ser requeridas independentemente da lavratura de boletim de ocorrências, através de pedido autônomo. Aliás, as medidas protetivas possuem o caráter de autonomia, sendo, ainda, híbridas, já que a mulher pode dela se valer para pedidos cíveis e/ou criminais. Esse extraordinário instrumento processual foi e tem sido motivo de discussões acaloradas e entendimentos diversos perante o sistema de justiça. Teria prazo? Desde o advento da Lei Maria da Penha, nunca houve a estimativa de prazo, já que as ameaças não possuem prazo de validade. Todavia, possivelmente por política judiciária, convencionou-se a validade de 6 meses, com o questionamento da mulher em situação de violência quanto à necessidade da renovação pelo mesmo tempo, e assim sucessivamente.  Conversando com muitas mulheres que vinham passando pela violência, e fazendo o uso processual das medidas protetivas de urgência, não conseguiam sentir segurança com o lapso temporal. Temiam que a qualquer momento as medidas fossem extintas, e elas ficassem desguarnecidas, mais ou menos como quem ostenta uma “Espada de Dâmocles”.    Apesar da mudança legislativa da Lei Maria da Penha, no ano de 2.023, ter afirmado textualmente que as medidas protetivas não deveriam ter prazo de validade, entendimentos ainda calhavam pelo respectivo prazo.  No último dia 13, o Superior Tribunal de Justiça decidiu pelo prazo de validade indeterminado para as medidas protetivas, devendo serem mantidas pelo período que a vítima estiver sob risco. O relator, Ministro Rogério Schietti, asseverou que a revogação do instrumento processual pode representar um feminicídio, citando pesquisa realizada pelo Ministério Público de São Paulo: “Em 97% dos casos de violência contra a mulher em que houve a concessão de medidas protetivas, evitou-se o feminicídio. A conclusão da pesquisa foi a de que o feminicídio é uma morte evitável”.  A Lei Maria da Penha é regida pela proteção integral à mulher, dada a condição de vulnerabilidade histórica, com a interpretação sempre a prestigiar a igualdade de gênero. Michelle Obama foi enfática: “Qualquer homem que use a força para oprimir as mulheres é um covarde, e ele está atrasando o progresso de sua família e seu país.”  ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.  Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Conversa franca

FRANCISNEY LIBERATO A conversa quando é direcionada para o crescimento nos propicia oportunidades. A ansiedade tem assolado a vida de muitos seres humanos, fazendo com que muitas pessoas não tenham tranquilidade, mansidão e paz, principalmente nos momentos noturnos ou quando chega a hora de dormir. Muitos se sentem sozinhos, diante disso, precisamos dialogar com intuito de ajudar. Diante desse cenário nebuloso, vou lhe mostrar uma técnica que desenvolvi e pode lhe auxiliar no tratamento da ansiedade. Conversar sempre é bom, não é mesmo? Sobretudo com pessoas estimadas, que tenham mais experiência, que já superaram muitos desafios nesta vida e outros com a devida maturidade aprimorada. Na troca de ideias, informações, desejos, sonhos, perspectivas, alegrias, frustrações, desafios e outros temas, nós como indivíduos precisamos nos relacionar para viver bem. Vamos nos sentir melhores, mesmo que em alguns assuntos tratados com o interlocutor talvez seja necessário receber um “puxão de orelha”, ainda assim é possível aprender e dialogar com franqueza. Ao conversar, nós aprendemos como também contribuímos para o crescimento de outro ser humano. A conversa franca e boa sempre será saudável para o nosso desenvolvimento. Mas o que tem a ver conversar com a ansiedade? Veja que se temos ao nosso redor companheiros, familiares e amigos para dialogarmos, conforme já exposto, é provável que isso nos levará a crescer e a blindar a nossa mente contra a ansiedade. Como assim? Ao olhar ao nosso redor, vamos perceber que existem milhões de pessoas que sofrem do mesmo problema, com isso podemos pensar que não estamos sozinhos nesta luta. Aliás, podemos encontrar pessoas em situações menos favoráveis do que a nossa, ainda assim, podemos ajudar e dialogar, isto é, contribuindo conosco e com terceiros, gerando em nós um clima de empatia. Quero também destacar um outro tipo de conversa franca que com certeza nós ajudará a enfrentar a ansiedade de forma positiva e resolutiva, que é a conversa ou bate-papo consigo mesmo. Não estou incentivando ninguém a ficar louco ou esquizofrênico. Pelo contrário, ao você se conhecer melhor e tiver autoconhecimento, é provável que vá superar bem esses momentos desagradáveis da ansiedade. Converse com o seu cérebro! Faça a sua autoterapia. Destaque para ele os seus pontos fortes, seus sonhos, oportunidades que a vida lhe proporciona. Em momentos de angústia, aflição etc. mantenha a calma, fale com ele, pense as coisas de forma positiva e lembre-se de que os problemas e dificuldades que ocorrem em nossas vidas não são desejáveis, com certeza, porém devemos olhar com mais otimismo e gratidão os dissabores que a vida nos impõe. Essa questão deve ser treinada; com o tempo, você se acostumará com os benefícios dela. A conversa bem organizada e estruturada, com objetivo de crescimento e desenvolvimento, com certeza, pode colaborar para a melhor gestão da nossa ansiedade. Se houver conversa com outros indivíduos ou com a sua mente, saiba que isso lhe trará uma terapia positiva e que contribuirá com o aperfeiçoamento do seu aspecto psicológico. FRANCISNEY LIBERATO é Auditor do Tribunal de Contas. Escritor. Palestrante e Professor há mais de 23 anos. Coach e Mentor. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa. Graduado em Administração, Ciências Contábeis (CRC-MT), Direito (OAB-MT) e Economia. Membro da Academia Mundial de Letras. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Você está pronto para amar?

Luiz Fernando Esta semana encontrei um amigo que há muito não via. O trabalho, os projetos, os sonhos e a energia que estávamos utilizando para fazer tudo isso virar realidade, acabaram nos afastando um pouco, mas te confesso que quando nos encontramos parecia que eu tinha apenas ido ao banheiro e voltado, mas meses haviam se passado. Amizade é isso, entender o tempo do outro, mas estar ali pronto para o encontro, para o reencontro. No meu trabalho como terapeuta holístico eu tenho percebido também que amizade tem muito haver com a energia que estamos emanando e recebendo. Essa troca acontece a cada encontro quando auras se entrelaçam formando o todo. Assim, de acordo com minha experiência e observação posso afirmar que é você quem define quem vai ou não se aproximar de sua vida. É muito mais profundo do que podemos imaginar. Sabe aquela velha máxima de que os opostos se atraem? pois eu posso te afirmar que na verdade são os iguais que se atraem, e não adianta colocar a culpa no outro, esperar algo do outro, tudo depende de você. Se você quer algo, comece a vibrar aquilo. Tudo que você vibra, você atrai. Assim sendo, somos nós que repelimos ou atraímos para nossas vidas este ou aquele. É como se você colocasse uma sunga amarela num dia de chuva e fosse até a casa de todos os seus amigos chamando-os para almoçar numa churrascaria. Tenho quase certeza de que talvez ninguém queira te acompanhar. Essa energia de irreverência que você está emitindo não será forte o bastante para convencer ninguém a fazer par com você. Como estamos falando de amigos, a maioria talvez vá argumentar que nem mesmo você vai conseguir entrar no local vestido de tal maneira. Muitos vão afirmar que o exagero da sunga amarela é que provocaria a negativa dos amigos, mas existe uma energia envolvida nisso tudo. Você deixou de vibrar na mesma frequência que seus amigos e isso sim foi o fator determinante para que você tivesse seu pedido recusado. Assim acontece nas outras áreas da vida. Não foi a falta da gravata ou do terno que fez você perder a tão sonhada vaga de emprego. Foi a energia do medo de não passar na entrevista que te distanciou do seu sonho. Quando você se sentou,  com medo de não ser o escolhido e houve a interação áurica com o entrevistador, ele imediatamente sentiu que você estava vibrando baixo, pois o medo produz uma vibração muito baixa, o resultado então fez juz a situação.  Assim amigos, acontece em todas as situações. Tem gente que sai de casa para comprar um pacote de arroz no supermercado e já vai pensando que vai estar lotado, que vai ter fila no caixa, que vai acabar sendo mal atendido, ou seja, ele cria a energia, a vibração para que tudo isso aconteça. O resultado é que ele chega e o mercado está fervilhando de gente, a fila que ele escolhe não anda e no final acaba sendo mal atendido pelo caixa que está exausto pela longa jornada de trabalho, e por aí vai. Só pra você ter uma ideia quando você está com ódio você está vibrando abaixo de 150 Hz, por outro lado quando você está vibrando na energia do amor está em 500 Hz. A energia do amor é uma energia expansiva, conectiva e curativa. Promove a harmonia nos relacionamentos, regeneração no corpo físico e uma visão compassiva da vida. Pessoas vibrando em amor tendem a ter experiências positivas. Já a energia do ódio vibra em níveis baixos e gera separação, ressentimentos e conflitos. Seu impacto energético é destrutivo, muitas vezes associado ao aumento do estresse, inflamações e doenças. Quem está doente vibra entre 50 Hz e 100 Hz, já que está pleno de saúde vibra em 350 Hz acima. Vergonha 20 Hz, orgulho 175 Hz, coragem 200 Hz, medo 100 Hz, paz 600 Hz, raiva 150 Hz, gratidão 500 Hz acima, desejo 150 Hz, culpa 30 Hz e por aí vai. Pelos relatos que chegaram até nós e pelos estudos já realizados, acreditasse que Jesus Cristo vibraria entre 700 e 1000 Hz, já uma pessoa comum no seu estado mais puro vibra entre 15 e 20 Hz, ou seja, a iluminação produz a perfeição em todas as áreas de nossas vidas. O maior estudioso do tema foi o psiquiatra, filósofo, pesquisador espiritual e autor renomado, David R. Hawkins (1927-2012), que realizou um amplo estudo da consciência humana e espiritualidade. Entre seus muitos escritos está o livro “Power Vs. Force” (Poder versus Força), onde apresentou pela primeira vez essa escala de consciência (escala de Hawkins), cujo alguns exemplos apresentei logo acima, aceita até hoje pela comunidade acadêmica e científica. Baseada em estudos de cinesiologia aplicada, Hawkins propôs que a consciência humana pode ser medida em uma escala logarítmica de 0 a 1.000, relacionando emoções, crenças e estados espirituais a diferentes níveis de vibração. Durante os seus 85 anos de vida ele pregou a ideia de que elevar a consciência pessoal impacta positivamente a sociedade como um todo. As terapias energéticas complementares podem te ajudar a dar esse primeiro passo em direção a iluminação, mas é apenas o primeiro passo. Caminhar nesta estrada vai depender única e exclusivamente de você. Pare de se intoxicar com sentimentos e emoções negativas, é como tomar veneno esperando que o outro morra. Quando comecei a estudar esta questão e aplicar terapias como o Reiki, Mesa Radiônica entre outras, pude ver na prática como pode ser simples sair de um extremo para outro, manter-se em alta é a questão. Depende de você decidir, querer e agir. Vai ficar parado aí até quando? Vamos! Movimente-se. Comece agora. Tá cheio de gente vibrando no amor esperando você chegar. Um dia aprendi que toda caminhada começa com o primeiro passo e ele pode ser dado agora, só depende de você. Vamos caminhar juntos? Luiz Fernando é jornalista em Cuiabá, palestrante, terapeuta holístico e criador do método CURE que auxilia no tratamento para a bipolaridade. @luizfernandofernandesmt (FALE COM O LUIZ)

O direito ao trabalho: O direito ao trabalho é muito mais que acesso a ocupação remunerada

Luís Köhler O direito ao trabalho, consagrado pela Constituição Federal do Brasil no artigo 6º, é muito mais do que o acesso a uma ocupação remunerada. Ele representa um dos pilares fundamentais da dignidade humana e da inclusão social. No Brasil, onde cerca de 14,3 milhões de pessoas estão desempregadas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2024, garantir o direito ao trabalho é essencial para que milhões possam exercer sua cidadania plena e contribuir com o desenvolvimento do país. Trabalhar não é apenas uma forma de sustento; é um meio de construir identidade, desempenhar um papel social e garantir a sobrevivência das famílias. Em muitas cidades do país, o trabalho está diretamente ligado à capacidade de mobilidade social, especialmente em áreas economicamente vulneráveis. Como farmacêutico e acadêmico de Direito, tenho a oportunidade de enxergar o direito ao trabalho sob várias perspectivas e compreendo a responsabilidade mútua de garantir oportunidades justas e reconhecer o valor das diferentes profissões. O trabalho é mais do que uma obrigação econômica; ele é uma garantia de autonomia e dignidade. Para o farmacêutico, por exemplo, essa dignidade se reflete na prestação de serviços essenciais à saúde, como assistência ao paciente, atendimento em farmácias comunitárias, e atuação na linha de frente em contextos de pandemia. Segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF), o Brasil conta com mais de 230 mil farmacêuticos, que trabalham diariamente para atender a população. Esses profissionais enfrentam, além da carga de trabalho elevada, desafios como a falta de estrutura adequada e a carência de reconhecimento. Esse cenário evidencia a importância do direito ao trabalho como garantia de que o exercício profissional seja valorizado e respeitado. Do ponto de vista jurídico, o direito ao trabalho exige a implementação de políticas públicas voltadas ao acesso ao emprego, condições de trabalho justas e segurança no ambiente laboral. De acordo com o artigo 170 da Constituição, a ordem econômica deve ser fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa. No entanto, essa garantia ainda está distante para muitas pessoas: a informalidade atinge cerca de 39% dos trabalhadores no Brasil, o que representa um contingente de aproximadamente 38 milhões de pessoas sem direitos trabalhistas assegurados. Essa falta de regulamentação e proteção torna o trabalho informal uma alternativa de risco, onde direitos básicos, como jornada de trabalho e descanso remunerado, muitas vezes não são respeitados. Nesse contexto, torna-se crucial a promoção de políticas públicas que incentivem o trabalho decente e a inclusão social. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define “trabalho decente” como aquele que oferece uma remuneração justa, segurança e proteção social, além de direitos fundamentais e liberdade para que os trabalhadores expressem suas preocupações e participem das decisões que afetam suas vidas. No Brasil, políticas públicas voltadas ao trabalho decente poderiam reduzir a vulnerabilidade de trabalhadores informais, ampliar o acesso a direitos trabalhistas e melhorar as condições de trabalho nos setores de saúde, educação e serviços essenciais. Para o farmacêutico, o direito ao trabalho também é um compromisso com o cuidado direto à população e a promoção da saúde pública. No entanto, a sobrecarga de demandas e a falta de políticas adequadas que valorizem essa profissão têm levado muitos profissionais a enfrentarem condições de trabalho extenuantes. Segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), as redes de farmácias atendem cerca de 10 milhões de brasileiros por dia, o que demonstra a importância do farmacêutico na promoção da saúde. Quando o direito ao trabalho não é plenamente garantido – seja pela ausência de uma remuneração justa ou de condições de trabalho adequadas – não apenas o profissional é prejudicado, mas também a qualidade do atendimento à população. A regulamentação das profissões de saúde e a luta por melhores condições de trabalho são fundamentais para a efetividade do direito ao trabalho. A Constituição, em seu artigo 7º, assegura direitos como descanso semanal remunerado, uma jornada compatível com a vida pessoal e condições seguras de trabalho. Para os farmacêuticos, essas garantias são cruciais, pois a exaustão e a pressão laboral podem comprometer a qualidade do atendimento prestado. Além disso, um estudo do Ministério da Saúde indicou que profissionais da saúde em ambientes de alta demanda, como farmácias e hospitais, têm 2,5 vezes mais chances de desenvolver problemas de saúde mental, como estresse e ansiedade. A legislação trabalhista brasileira, uma das mais abrangentes do mundo, busca assegurar proteções que vão desde o piso salarial até a saúde e segurança no ambiente de trabalho. Entretanto, ainda há desafios significativos, como a informalidade e a precarização do trabalho, que afetam o exercício pleno desse direito. Dados da OIT apontam que o Brasil está entre os países com maior taxa de informalidade na América Latina, o que ameaça a inclusão e a proteção social. Como estudante de Direito, vejo o papel da legislação trabalhista como um mecanismo de equilíbrio, promovendo não apenas o acesso ao trabalho, mas também sua qualidade e continuidade. Portanto, o direito ao trabalho deve ser visto de forma ampla: não basta garantir empregos; é preciso assegurar que esses postos ofereçam condições dignas, justas e que promovam o bem-estar do trabalhador e da sociedade. A luta pelo direito ao trabalho é, sobretudo, uma luta pela dignidade e pela construção de uma sociedade inclusiva. O trabalho é parte do que somos e do que oferecemos à sociedade. Como farmacêutico e futuro advogado, defendo o direito ao trabalho como um meio de valorização e inclusão social, essencial para a saúde pública e para a justiça social. Em um país como o Brasil, onde a desigualdade ainda é um obstáculo significativo, lutar pelo direito ao trabalho é lutar por uma sociedade mais justa e digna para todos. Luís Köhler é farmacêutico, consultor em assuntos regulatórios, graduando em Direito.  Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

A Moratória da Soja e a narrativa de caos ambiental: uma crítica à ABIOVE e ao Impacto no Desenvolvimento do Mato Grosso

LUCAS COSTA BEBER Nesta semana, Bernardo Pires, diretor de sustentabilidade da ABIOVE, lançou duras críticas contra o Governador, prefeitos, vereadores e a Assembleia Legislativa do estado de Mato Grosso. Em tom ofensivo, o Diretor acusou o Governador de atender a interesses “extremistas” da bancada ruralista e de promover a destruição ambiental. Tal discurso, no entanto, desvia o foco das verdadeiras intenções e práticas de entidades como a ABIOVE, que, ao invés de promover a sustentabilidade de forma justa e transparente, tem construído uma narrativa de caos ambiental para lucrar com a venda de uma “solução sustentável” imposta aos produtores brasileiros. A ABIOVE representa mais de 94% do mercado comprador de soja, e suas restrições afetam a vida de milhares de famílias que vivem em propriedades rurais do bioma amazônico, tratados como “sub-cidadãos” sob a ótica da ABIOVE. Esse controle da oferta de soja, que nenhuma relação tem com incentivo à preservação, restringe o direito constitucional à livre iniciativa, especialmente daqueles que cumprem todas as exigências do Código Florestal Brasileiro, um dos mais rigorosos do mundo. Dessa forma, a ABIOVE aufere ganhos financeiros com a soja “sustentável” no exterior, vendendo a imagem de preservação sem compartilhar os benefícios econômicos com os produtores brasileiros que seguem essas regras restritivas. O modelo imposto pela ABIOVE desconsidera o impacto econômico e social nas regiões onde a produção agrícola é uma das principais fontes de desenvolvimento. Em vez de criar um sistema de certificação e rastreabilidade que permita atender aos anseios de clientes mais exigentes, como aqueles que demandam soja de áreas convertidas para a agricultura anteriormente a 2008, a ABIOVE aplica uma regra única a todos. Isso gera desigualdades sociais e regionais, prejudicando municípios do bioma amazônico que poderiam levar melhor qualidade de vida aos seus cidadãos. Ao desprezar essas comunidades, a ABIOVE cria uma segregação injusta entre municípios que já se desenvolveram e aqueles que, segundo sua visão egocêntrica, deveriam pagar o preço para que as empresas apresentem aos compradores o famigerado certificado de soja livre de desmatamento. Não bastassem todos os impactos sociais que o acordo comercial da Moratória da Soja causa à população desses municípios, a crueldade da ABIOVE não se limita, utilizando-se de fóruns importantes para demonizar quem produz no Bioma Amazônia. A ABIOVE nunca destacou publicamente os resultados positivos alcançados pelos produtores brasileiros em preservação e sustentabilidade. Mato Grosso é um exemplo notável: apenas 14% do seu território é usado para a produção de soja, sendo que os agricultores locais respeitam uma legislação que exige a preservação de 80% de áreas nativas no bioma amazônico e 35% no Cerrado. Com práticas avançadas de conservação, os produtores mato-grossenses não só mantêm a vegetação nativa em suas propriedades, mas também aplicam o plantio direto, rotação de culturas e uso de bioinsumos, técnicas que aumentam a matéria orgânica do solo, reduzem sistematicamente a adição de insumos químicos e promovem o sequestro de carbono. Estudos da ESALQ comprovam que a agricultura brasileira é capaz de sequestrar até 1,6 tonelada de carbono por hectare ao ano, transformando a produção agrícola em uma atividade que contribui para a mitigação de emissões. O projeto Guardião das Águas, desenvolvido pela APROSOJA em Mato Grosso, atesta o compromisso ambiental dos produtores. Com mais de 105 mil nascentes monitoradas, o estudo apontou que 95% dessas nascentes estão em bom ou ótimo estado de conservação, evidenciando o cuidado dos agricultores com os recursos hídricos. Essa prática é rara globalmente, especialmente quando comparada a regiões agrícolas da Europa e dos Estados Unidos, onde a preservação de áreas agricultáveis é mínima. Com o discurso de que é a paladina da preservação, única e capaz de “erradicar o desmatamento,” a ABIOVE vende uma narrativa que não representa a realidade do agronegócio brasileiro, promovendo uma imagem injusta e depreciativa dos produtores. Além disso, o modelo de moratória imposto por essas empresas se mostra contrário ao desenvolvimento econômico de Mato Grosso e do Brasil, uma vez que restringe o livre comércio e nega aos produtores a oportunidade de usar suas terras de forma produtiva e dentro da legalidade. Se o objetivo fosse realmente incentivar a sustentabilidade, as empresas signatárias da moratória deveriam assumir os custos de uma logística de segregação de produtos e implementar um sistema robusto de rastreabilidade, repassando esses custos operacionais aos compradores internacionais que exigem produtos com qualidades específicas. No entanto, o que ocorre na prática é a imposição de barreiras para o desenvolvimento do mercado interno, limitando o acesso dos produtores a compradores e concentrando o poder econômico nas mãos de poucos. Ao captarem recursos com taxas de juros mais atrativas no exterior, alegando vender produtos sustentáveis, essas empresas maximizam seus lucros sem compartilhar esses ganhos com os produtores que cumprem as normas impostas pela moratória. Em resumo, a Moratória da Soja, ao invés de ser uma medida que valorize e promova a sustentabilidade real, vem se tornando um instrumento de controle de oferta que prejudica o desenvolvimento de estados como Mato Grosso, cria barreiras para a redução das desigualdades sociais e projeta uma imagem equivocada do agronegócio brasileiro. O produtor rural brasileiro, principalmente o de Mato Grosso, já é modelo em preservação ambiental, conservação do solo e boas práticas agrícolas. O Brasil, com apenas 7,6% do seu território destinado à agricultura e mais de 66% do território nacional preservado com vegetação nativa, é um exemplo para o mundo, mas essa realidade é frequentemente desconsiderada no discurso de representantes da ABIOVE em conferências importantes, como no último congresso de crédito do agronegócio. É hora de questionar se a moratória realmente cumpre o propósito de promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo ou se tem sido usada como ferramenta para criar um problema que as empresas vendem como solução, beneficiando-se financeiramente às custas da sociedade brasileira e da imagem do país na comunidade internacional. LUCAS COSTA BEBER é produtor e presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).” Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Gravidez após 40 anos: Maternidade em idade avançada tornou-se um fenómeno mais comum

Giovana Fortunato É um fato que nas últimas décadas a maternidade em idade avançada tornou-se um fenómeno mais comum na sociedade. A maior preparação acadêmica das mulheres as levou a estabelecer novos objetivos profissionais, aumentar sua participação no mercado de trabalho e atrasar a vida a dois em muitos casos. Isso, junto com o uso de métodos anticoncepcionais na busca por uma estabilidade econômica antes de formar família, as diferentes formas de relacionamentos afetivos de hoje e os avanços da medicina que permitem a gravidez em alguns casos, mesmo que a mãe não seja jovem, são alguns dos fatores que influenciaram o atraso na idade da maternidade. No entanto, a biologia das mulheres não tem mudado, sendo considerada sua fase mais fértil até os 35 anos, então a escolha de adiar a gravidez tem seus riscos. A fertilidade diminui à medida que as mulheres envelhecem, devido a alterações hormonais, à diminuição da reserva ovariana e à qualidade dos óvulos. Isso significa que pode levar mais tempo e tentativas para engravidar; e as taxas de sucesso de concepção diminuem após os 35 anos – e mais drasticamente após os 40 anos. Uma gravidez após os 40 anos pode ocorrer de forma espontânea se a mulher ainda estiver produzindo óvulos maduros em seus ciclos menstruais. No entanto, as chances de sucesso são menores do que em mulheres mais jovens. Segundo o IBGE, o número de mulheres que optaram pela maternidade somente após os 40 anos cresceu 65,7% em 12 anos. Outra faixa etária que apresentou alta no período foi a de 30 a 39 anos, que aumentou para 19.7%. Enquanto mulheres de até 25 anos têm 25% de chances de engravidar por ciclo, com 85% em até 12 meses de tentativas, essas possibilidades caem para 4% por ciclo ou 5% em até 12 meses quando falamos de mulheres com mais de 40 anos. Além disso, as possibilidades de uma gravidez após os 40 anos resultar em abortamento espontâneo ou ser finalizada com nascimento precoce são mais altas, com a taxa de casos podendo chegar a 15%. Seja de forma natural ou por meio de tratamentos de reprodução assistida, a gravidez após os 40 anos exige cuidados e atenção aos riscos. Isso ocorre porque o corpo, naturalmente, se torna mais vulnerável a doenças e outras alterações como as que ocorrem na gravidez. Por esse motivo, a Medicina classifica as gestações a partir dos 40 anos como de risco, tendo atenção a possíveis complicações como: – Diabetes gestacional; – Hipertensão; – Distocia funcional; – Parto prematuro; – Aneuploidias (alterações cromossômicas); – Abortos espontâneos. Vale lembrar que, ainda que esses riscos sejam maiores em uma gravidez após os 40 anos, não quer dizer que mulheres mais jovens também não ocorram, ou que algum deles ocorrerá com certeza em mulheres mais velhas. Esse é um dos motivos para que o acompanhamento médico especializado seja feito desde o planejamento até o fim da gravidez. Caso sejam detectadas, durante a gravidez, condições como diabetes gestacional ou hipertensão, é possível, com acompanhamento médico adequado, encontrar tratamentos e soluções para evitar que essas complicações se agravem ainda mais. O grande desafio na gestação após os 40 anos quando se fala em gestação espontânea é o aumento do risco de síndromes cromossômicas, que tem, como uma das consequências, a chance de um aborto espontâneo no primeiro trimestre. Os hábitos saudáveis, como uma alimentação balanceada e rica em nutrientes, a prática regular de exercícios físicos adequados para gestantes e o controle do peso fazem parte do preparo para planejar uma gestação após 40 anos. Evitar tabagismo e consumo de álcool e drogas é fundamental. A saúde mental também é muito importante nessa nova fase. Preparando para as mudanças emocionais e psicológicas da gravidez e buscando apoio de familiares, amigos ou grupos de apoio para gestantes. Em qualquer idade, a gravidez possui seus próprios desafios e recompensas únicas. Com cuidados adequados, apoio médico e um estilo de vida saudável, as mulheres podem desfrutar de uma experiência gratificante de gestação e parto. As mulheres que desejam adiar a maternidade ou enfrentam dificuldades, a medicina reprodutiva oferece alternativas, como a fertilização in vitro (FIV) e o congelamento de óvulos, que podem elevar as chances de uma gravidez saudável em idades mais avançadas. Fertilidade é um tema que merece ser tratado com informação e planejamento nos consultórios ginecológicos. Mulheres acima de 40 anos têm SIM opções, mas é essencial consultar um especialista para entender as alternativas mais adequadas para cada caso.  Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias

Dia Mundial da Gentileza: O objetivo é inspirar as pessoas a propagarem a gentileza

Após uma conferência realizada em Tóquio, no Japão, no ano de 1996, foi pensado na criação sobre a data, que oficialmente foi instituída no ano 2000, todo o dia 13 de novembro. O objetivo foi inspirar as pessoas a propagarem a gentileza, com o objetivo de um mundo melhor.             A capacidade de perceber a necessidade dos outros e outras, e de retribuir algo, demonstrando atenção e cuidado com o próximo, é manifestação gentil. Sem dúvida, a amabilidade oportuniza benefícios para a vida das pessoas. Segundo estudos, é possível sentir o bem em transmitir benevolências: aumento dos níveis da dopamina e serotonina (hormônios da felicidade); diminuição da ansiedade e do stress; auxílio no tratamento da depressão; e melhoria do humor.               Viver é conviver em sociedade. E para estar vivo é necessária a atitude de conexão com tudo, todas e todos que circulam ao redor. Dormir e acordar envolvem uma gama de atividades que emoldam a presença no mundo terreno. Toda e qualquer atividade vem vinculada ao fluxo da vida. E, para a convivência harmônica, qualquer forma de reciprocidade se torna uma dádiva de conexão com o mundo. A gentileza, ainda que não venha na mesma proporção e esperada, torna o viver com mais compaixão e empatia. A gentileza costuma gerar inquietude, até mesmo naqueles e naquelas que não a promovem, muitas vezes gerando a consciência de oportunidade de sensibilização.             A Filosofia de Epicuro aprecia na amizade um dos maiores prazeres, e a considera um dos motes para a busca de uma vida feliz. Aliás, era na comunidade conhecida de O Jardim que Epicuro praticava as suas crenças e vivia de acordo com os princípios da igualdade e solidariedade. Através da ausência de medo e do estado de tranquilidade é possível atingir a ataraxia, conforme o citado filósofo.             A Sociologia é uma ciência que estuda a sociedade em suas relações humanas, as instituições e as estruturas da sociedade, utilizando-se de métodos científicos para a análise. A investigação de como os indivíduos se relacionam, sempre foi tema de estudo, com a finalidade de compreensão do ambiente social.             A socióloga Heleieth Saffioti, contribuiu e contribui para o estudo do feminismo no Brasil. Para ela a desigualdade de gênero entre homens e mulheres se destaca no papel do trabalho, bem como na importância das categorias de sexo, raça e classe. Defendia que o patriarcado, predominância da autoridade dos homens, se perfaz em relação hierárquica presente em todos os espaços sociais, sendo o causador da violência de gênero.             A falta de empatia, ou de gentileza também, pode estar associada à violência de gênero, que possui bases históricas. A distância promovida pelo preconceito e a dificuldade em não se enxergar o visível, tem alimentado a violência de gênero. O tratamento dispensado às mulheres não tem favorecido a prática de gentileza a gerar gentileza, conforme muito bem explanou o filósofo popular José Datrino, que ficou conhecido como Filósofo Gentileza.             A prática de algumas ações pode ser importante para o favorecimento da afabilidade, a começar na data comemorativa, Dia Mundial da Gentileza: agradecer e retribuir a gentileza; praticar o bem; cumprimentar e retribuir os cumprimentos; passar a vez; arrumar o ambiente de casa e do trabalho; elogiar o trabalho de alguém sem qualquer interesse; pensar na coletividade; não disseminar e nem coadunar com a misoginia, com o racismo, com a LGBTfobia ou transfobia; enfrentar a cultura do estupro…              Conviver em sociedade, por mais que pareça simples, é desafiador e complexo. Entretanto, conturbar a convivência pela falta de gentileza é causar desgaste para a vida aprazível.             É de Angela Davis: “Temos que falar sobre libertar mentes tanto quanto libertar a sociedade”. Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias