Produtores de MT investem no plantio de arroz no Cerrado como opção para 2ª e 3ª safra

Depois de décadas de queda da área plantada de arroz em Mato Grosso, especialmente na região de Cerrado, também conhecido como “terras altas”, a safra de 2024/2024 terá um aumento de 20%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esse número é reflexo da situação vivida nos últimos anos no estado, em que essa lavoura tem sido usada como opção para a segunda e até terceira safra. De acordo com a Conab, a expectativa é que sejam produzidas 335 mil toneladas do cereal no estado. Com mais produtores investindo nessa cultura a área plantada aumentou 27% na comparação com a safra anterior, chegando a 95 mil hectares. No começo do ano a estimativa da produção era de 10,8 toneladas no país, no entanto, com as enchentes no Rio Grande do Sul – grande produtor de arroz no país – os prejuízos ainda não foram calculados. “O arroz tem gerado tanto interesse nos últimos quatro anos porque além de ser uma opção de rotação de culturas, traz uma rentabilidade que é interessante para os sistemas. No Cerrado temos elementos que beneficiam essa cultura, como o solo e o clima propícios”, explica o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Mábio Lacerda. Apesar do clima favorecer o plantio do arroz em terras altas, cada vez mais empresários do agronegócio têm utilizado a irrigação como ferramenta para garantir a produtividade. Isso porque esse cereal é muito sensível e sem água na medida certa, grande parte da colheita pode ser perdida. “Assim como em outras culturas, como a soja e o milho, o cultivo de arroz com a irrigação apresenta inúmeros benefícios, além de trazer estabilidade para o produtor, que não será afetado por adversidades climáticas”, enfatiza o presidente da Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir-MT), Hugo Garcia. Das técnicas utilizadas, os pivôs estão entre os mais vantajosos para os produtores. “Esse sistema diminui por quase metade o consumo de combustíveis dos maquinários, o desgaste dos equipamentos, a demanda de eletricidade usado na irrigação, além de reduzir os gastos com mão de obra e aumentar a eficiência do uso do nitrogênio”, argumenta o presidente da Aprofir-MT. Um dos produtores que decidiu investir no arroz foi Adaberto Grando, de Gaúcha do Norte (595 km ao norte de Cuiabá), que está em sua primeira safra do cereal. Ele que já planta soja, milho, gergelim e feijão viu no arroz uma oportunidade de aumentar sua rentabilidade. “Eu optei pelo arroz pensando em aumentar minha receita na safrinha e me pareceu uma boa alternativa. Estamos otimistas de que iremos atingir uma média de 60 sacas por hectare, que está dentro das nossas previsões iniciais”, explica o produtor. Ele reconhece que irrigar as plantações do cereal é fundamental para atingir as metas da colheita. “A irrigação é fundamental para a cultura do arroz, principalmente quando se pensa em plantio na segunda safra. Isso porque o período crítico dele, com relação à necessidade de água, se dá justamente no final do ciclo das chuvas na nossa região, o que é extremamente arriscado nessa época sem irrigação”. ( Da Assessoria)

Milho consolidou segunda safra em MT, diz vice-presidente da Aprosoja-MT

O milho, cereal conhecido como o grão de ouro, foi destaque na manhã desta sexta-feira (21). Isto porque a Fazenda Dalla Libera, em Nova Mutum, recebeu a Abertura Nacional da Colheita do Milho 2ª Safra. Para o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Luiz Pedro Bier, a cultura do milho está consolidada no estado mato-grossense como a safra que sucede o cultivo da soja. A produção do cereal nesta safra (23/24) deve ser de 45,8 milhões de toneladas no estado, conforme estimativa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). “A cultura do milho é o que torna a agricultura brasileira especial. Foi ela que proporcionou a consolidação da segunda safra, ela que propiciou o plantio direto na palha, essa prática tão sustentável que fixa carbono no sistema e evita jogar carbono na atmosfera”, disse. Os produtores do cereal em Mato Grosso contribuem de maneira significativa para a produção do grão no Brasil, já que o estado mato-grossense pode ser responsável por 40,1% do milho produzido no país. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os agricultores brasileiros podem colher aproximadamente 114,1 milhões de toneladas do grão de ouro. Apesar da alta quantidade colhida tanto em Mato Grosso como no Brasil, a produção de milho pode sofrer queda em ambos. Na safra passada (22/23), os agricultores mato-grossenses colheram 52,5 milhões toneladas, quase sete milhões a mais do que pode ser produzido na safra atual. Em números nacionais, a queda pode ser ainda mais significativa, já que na safra passada a produção foi de 131,8 milhões, cerca de 17 milhões a mais do que pode ser produzido na safra atual. No entanto existem produtores rurais que podem se sobressair sobre situações de incertezas. É o caso do proprietário da fazenda que recebeu a Abertura Nacional da Colheita do Milho 2ª Safra, Luiz Carlos Dalla Libera, que com a colheita regular travou seus custos e não deve obter prejuízo financeiros. “Começamos a colheita e a safra parece um pouco menor do que a nossa expectativa. Já passei por uma safra de soja que teve uma queda, mas pelo menos o milho está regular”, encerrou. ABERTURA NACIONAL DA COLHEITA DO MILHO 2ª SAFRA Durante o evento, os produtores rurais presenciaram dois painéis de informações. O primeiro foi para debater a “Moratória e seu Impacto no Milho e na Soja” e também para falar sobre “Sustentabilidade.  Por fim, o tema debatido foi “Agricultores Referências em Produtividade”. Estiveram presentes no evento autoridades como Paulo Bertolini, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Vilmondes Tomain, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Coronel Fernanda, deputada federal, Nilson Leitão, presidente do Instituto Pensar Agro (IPA) e Ilson Redivo, presidente do Sindicato Rural de Sinop.

“Produção de milho tende a ser melhor nesta safra”, diz superintendente do Imea

Devido às adversidades do clima no final de abril deste ano, as expectativas da safra 2023/24 que giravam em torno de 125 milhões de toneladas de milho no Brasil, diminuíram. Conforme o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, Mato Grosso tende a ser melhor que o esperado na produção de milho nesta temporada.   “Alguns estados estão produzindo mais milho do que imaginávamos, Mato Grosso é um exemplo disso. A projeção inicial era de 108 sacas por hectare e agora a previsão, depois da reavaliação, é de até 110 sacas”, explica Gauer. Algumas regiões tiveram um melhor desempenho devido ao clima com semeaduras mais precoces e as que tiveram a semeadura mais tardia sofreram com a falta de chuvas.  Glauber Silveira, pontuou os questionamento sobre o preço dos fertilizantes. De acordo com Gauer, a relação de troca deu uma recuada.  “Nós voltamos para a média histórica dos últimos cincos anos. Diminuiu o patamar de 2021 e 2022 que demos uma escalada pensando na moeda de troca do produtor que é a soja e o milho, melhorou realmente”.  Nas últimas semanas, a MP 1.227/24 trouxe questionamentos dentro do setor produtivo. Dentre os principais, para o produtor mato-grossense, ela movimentava e trazia um impeditivo no  PIS e Cofins, principalmente, para os exportadores na hora da importação de algum produto.  “Isso iria impactar diretamente o preço ofertado para as tradings na hora de adquirir o produto. Tanto é que no estado, algumas paralisações foram feitas porque isso poderia impactar diretamente”, explicou Gauer.

Propriedades em Nova Mutum podem ter perdas de até 40% na produção de milho nesta safra

Estiagem com altas temperaturas, infestação de insetos, presença de algumas doenças fúngicas e o excesso de chuvas na reta final da safra são alguns desafios enfrentados nos milharais em Nova Mutum ( a 240 km de Cuiabá). A estimativa na região médio-norte do Estado é que as perdas cheguem até 40% da produtividade. Em algumas propriedades, o cenário coloca em risco a rentabilidade da produção diante da desvalorização do grão no mercado. Conforme o agricultor Renan Favretto, o milho deste ano está com uma quebra que chega a cerca de 20%. Por ter plantado cedo, essa porcentagem não é o que esperava. Os milharais ocuparam uma área de quatro mil hectares este ano na propriedade.  “Nossa produção saiu com muito milho avariado. Então, além de ter a perda de produtividade tem essa questão do milho e por isso, ele está sendo vendido a 30% abaixo do preço do mercado. Esses primeiros avariados, não consegue nem dar mistura e aí, é vendido como milho podre para confinamento e a diferença de preço é muito grande”, explica Favretto.  Em outra propriedade, na mesma região, o sentimento de frustração é o mesmo. Na lavoura, foram cultivados cerca de 10.430 hectares do cereal. O agricultor Luiz Carlos Dalla Libera, conta que esperavam colher até 20 talhões a mais e estão colhendo menos.  “O milho quebrou cerca de 40% do que estava plantado, um custo de 100 sacas por hectare. O nosso custo básico está saindo com base no milho, aí tem maquinário, armazenagem, frete… E esse preço que está sendo ofertado frente a esses custos, não pagam as contas, o milho é muito trabalhoso e a conta fica no zero a zero ou, devendo um pouco”, pontua.  Infestação de insetos tem prejudicado lavouras da região  A alta infestação de percevejos barriga verde e cigarrinhas durante o ciclo da cultura, e a presença de doenças fúngicas na reta final também prejudicaram o desempenho de muitas lavouras de milho. O cenário com essas adversidades aumenta a frustração em relação a produtividade final da safra em muitas propriedades do município.  Cledson Guimarães, da Cowboy Consultoria, explica que houve perdas de plantabilidade por ataques dos insetos.  “Todas essas variáveis contribuem para um resultado que é o que estamos apresentando nesta safra. A condição climática que a gente teve conseguiu juntar todas essas variáveis e está tirando muita produção  de vários produtores”, esclarece.  De acordo com o Sindicato Rural de Nova Mutum, nesta temporada foram semeados, aproximadamente, 330 mil hectares de milho no município.  “Falando de município a gente pode até contar em milho que teve problema de qualidade de grão e essas coisas a mais que podem até aumentar desses 15 a 18 sacas pode dar um pouco a mais de média negativa este ano do que o ano passado”, finaliza o presidente do sindicato, Paulo Zen. Canal Rural MT

“A semente é o insumo principal e o sucesso da lavoura”, diz presidente da Aprosmat

A produção de sementes na safra 2023/24 em Mato Grosso ficou cerca de 20% menor que a esperada. O clima, segundo o setor sementeiro, foi o principal desafio para o segmento, que produz o insumo principal e o sucesso de uma lavoura. Apesar da retração na produção, o presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Nelson Croda, afirma que não faltará o produto para atender a demanda. “Pode faltar são alguns cultivares. Isso ocorre todos os anos. Mas, não faltará sementes”, pontuou Nelson Croda em entrevista ao Canal Rural Mato Grosso. A produção de sementes em Mato Grosso e no Brasil está em debate nesta semana em Rondonópolis (MT) na terceira edição da Feira Brasileira de Sementes (Febrasem). O evento reúne cerca de 40 expositores e mais de 600 participantes do segmento. “O evento visa reunir toda a cadeia produtiva do setor para debater e tentar encontrar alternativas para melhorar o segmento como um todo. Procuramos juntar todo o colegiado que organiza a Febrasem para tentar chegar aos tópicos que mais são demandados, como nesta edição sobre questões ambientais, reforma tributária, política, tecnologia, biotecnologia e germoplasma”, salientou Nelson Croda. Insumo fundamental para o sucesso O setor agropecuário nos últimos anos vem conquistando ganhos de produtividade. E, conforme o presidente da Aprosmat, “junto com a tecnologia vem os desafios, principalmente quanto às sementes, que é o insumo principal e o sucesso da lavoura”. O palestrante e especialista José Luiz Tejon lembrou que “no início só existia a semente. A semente não é apenas muito importante. Ela é vital. Se você não tiver outro insumo, com ela você se vira”. Ainda segundo Tejon, os sementeiros “representam a segurança genética da alma do agro brasileiro. Semente é sacra. Ela tem que ser vendida com pacote de consciência para que o seu potencial não seja perdido. Se a alma não evolui, a ciência não flui”.

Produtores em Mato Grosso ligam o sinal de alerta diante seca severa no Pantanal

A seca severa que castiga o Pantanal já preocupa o setor produtivo diante do avanço do fogo. Conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma já contabiliza 1.269 focos de calor, o que levou o governo de Mato Grosso a antecipar de 1° de julho para 17 de junho o lançamento da “Operação Pantanal 2024”,  que visa o combate de incêndios florestais na região. O principal objetivo do governo do estado com a ação é evitar que o fogo destrua o Pantanal como em anos anteriores. A operação foi antecipada, em decorrência da situação climática que afeta a região. O Pantanal em 2024 já registra o maior número de focos de incêndio para um mês de junho de toda a série histórica do Inpe, iniciada em 1998. Já são 1.269 focos de calor contabilizados no bioma. No mesmo período do ano passado haviam sido registrados 45 focos. Os municípios mais atingidos pelo fogo no Pantanal são Poconé e Cáceres. O Sindicato Rural de Poconé, além de orientar os produtores rurais, vem atuando juntamente com o Corpo de Bombeiros, Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) no combate ao fogo. De acordo com o diretor do Sindicato, Ricardo Figueiredo de Arruda, além de destruir a vegetação, as chamas já atingem as propriedades rurais. “Sabemos que estamos apenas no início do período da seca e que essa situação pode se agravar com o avanço da estação no estado. E esse ano em específico, que nós tivemos uma situação de chuvas muito instáveis, com índices pluviométricos abaixo do esperado em algumas regiões, o Pantanal não encheu. Então, isso certamente dificulta ainda mais e trará uma probabilidade de ocorrência maior desses incêndios florestais. O que é um risco para toda a sociedade”, pontua ao Canal Rural Mato Grosso. Além do Pantanal mato-grossense, a estiagem e o tempo seco também prejudicam outras regiões do estado e até as lavouras. Em Diamantino uma plantação de milho foi tomada pelo fogo recentemente. Segundo o Corpo de Bombeiros, o incêndio começou após uma carreta carregada com algodão pegar fogo. As chamas rapidamente atingiram a área semeada com o cereal ainda para ser colhido. Os números do Inpe mostram ainda que Mato Grosso é o estado com o maior número de focos de calor no país, com mais de 7,5 mil ocorrências desde o início do ano. O número representa um aumento de 60% em comparação ao mesmo período em 2023.

Colheita do algodão 23/24 começa em MT com quase 61% da produção vendida

Os trabalhos de colheita do algodão 2023/24 em Mato Grosso começaram na última semana. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), 0,15% dos 1,44 milhão de hectares semeados já receberam as máquinas. Das seis regiões produtoras da fibra no estado, somente a sudeste, nordeste e oeste iniciaram a colheita. Na região sudeste, aponta o primeiro relatório do Imea, 0,35% da área havia sido colhida até sexta-feira (14). Já na nordeste 0,24% e oeste 0,18%. O levantamento mostra ainda que em relação ao ciclo passado há um “leve” atraso. Na safra 2022/23 nesta época 0,37% da área estava colhida. O mesmo é visto ante a média histórica dos últimos cinco anos de 0,31%. Mais de 60% do algodão negociado A colheita da safra 2023/24 de algodão em Mato Grosso começa com 60,85% da produção estimada vendida, conforme relatório do Instituto divulgado na semana passada. Na variação mensal, as vendas do algodão avançaram apenas 1,74 ponto percentual, com preço médio mensal de R$ 131,68 a arroba, uma desvalorização de 5,23% em relação a abril. De acordo com o Imea, devido aos preços menos atrativos, as negociações estão 5,94 pontos percentuais atrasadas no comparativo com a safra passada. A média histórica para o período é de 74,35% da produção vendida antecipadamente. Canal Rural MT

Implantação da Ferrogrão volta a ser defendida no Senado

Em pronunciamento no Plenário na quarta-feira (12), o senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) defendeu a construção da Ferrogrão, linha férrea com mais de 900 km de extensão, do município de Sinop (a 479 km de Cuiabá), até o porto de Miritituba, em Itaituba, no Pará. Estudos para a construção da ferrovia foram incluídos no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo governo federal no ano passado. O parlamentar argumentou que a obra trará benefícios para a economia, diminuindo o custo para o escoamento da safra, e para o meio ambiente, com a redução da emissão de carbono, gás de efeito estufa. Zequinha mencionou dados da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e do Ministério dos Transportes, que indicam, segundo ele, uma redução anual de 4 milhões de toneladas de CO2 com a implementação da ferrovia.   Ele também ressaltou que é necessário considerar que o Pará, segundo maior estado do Brasil, enfrenta carência de infraestrutura ferroviária. Ele explicou que a única ferrovia existente é a Estrada de Ferro Carajás, operada pela Vale, que se estende por aproximadamente 892 km até o Maranhão. “Em 2023, conforme dados do Sistema de Comércio Exterior, somente de soja, o Pará exportou 3,1 milhões de toneladas. Nossa produção e comercialização avançam, apesar dos obstáculos. Imaginem quando tivermos a Ferrogrão: a gente vai, se Deus quiser, dobrar tudo isso”, ressaltou. Zequinha criticou Organizações Não Governamentais (ONGs) que segundo ele são contra o projeto. “Por serem financiadas pelo capital internacional, certamente, essas ONGs não puderam falar sobre as vantagens comparativas da Ferrogrão e a redução, em 77%, que ela trará em relação ao modal rodoviário na emissão de CO2, que hoje é produzido pelo transporte rodoviário por meio das carretas que cruzam, o tempo todo, 24 horas por dia, a BR-163”, disse.

Gergelim chega a ocupar 100% de áreas de segunda safra em Canarana

A colheita do gergelim em Canarana, região nordeste de Mato Grosso, já começou. Em algumas propriedades o pequeno grão chegou a ocupar 100% da área destinada à segunda safra. O motivo: a expectativa de uma renda mais atrativa que a do milho e a perda da janela ideal do cereal. Desmotivado pela quebra na safra de soja e desvalorização do milho, o agricultor Murilo Ramos escolheu o gergelim como aposta para a sua segunda safra. Foram destinados para o cultivo do grão 2,4 mil hectares. “Fizemos um contrato esperando uma média razoável. Mas, as empresas, geralmente, têm disponibilidade para comprar mais caso a gente produza mais, com experiência no mercado de exportação. Então, isso facilitou bastante para nós aqui dessa região”, diz Murilo ao Canal Rural Mato Grosso. Na propriedade a colheita do gergelim já iniciou e os primeiros resultados estão deixando o agricultor otimista. A estimativa dele é que a produtividade média fique em torno de 650 quilos por hectare. “Fica dentro do que é razoável para a cultura, que é uma cultura que se adapta melhor a falta de chuva. Eu finalizei o plantio no dia 5 de março. A janela é boa para o plantio do milho, mas por questão do preço do milho e possibilidade de valorização do gergelim, acabou que optamos 100% por gergelim”. A esperança de bom rendimento financeiro, além de produtivo, também levou o produtor Diego Dall Asta a destinar 100% da sua área de segunda safra para o gergelim. Ele relata para a reportagem do Canal Rural Mato Grosso que chegou a registrar durante o ciclo “um pouco de doença” na lavoura, uma vez que “ficou cerca de 20 dias nublado e chovendo entre fevereiro e março e o gergelim é muito sensível”. Conforme Diego, na propriedade há talhões que apresentam produtividade de 800 quilos, 900 quilos, assim como de 300 quilos por hectare. A perspectiva é fechar com uma média de 500 quilos por hectare. “Antes de plantarmos o gergelim, já observamos o mercado e quando vimos que o mercado atingiu um patamar de preço que achávamos aceitável, perante as condições de mercado do milho, fechamos toda a propriedade. Já está comercializada [toda a produção]. Tudo o que vai ser colhido será entregue para as empresas locais para exportação”. Canarana é considerada a capital do gergelim Nesta safra 2023/24 Canarana cultivou uma área de aproximadamente 200 mil hectares com o pequeno grão, o que a leva a ser considerada a “capital nacional do gergelim”. Segundo o setor produtivo, hoje mais de dez indústrias de grande porte estão instaladas no município para receber e beneficiar o grão para a exportação. “Temos empresas com quase 100 funcionários trabalhando só pensando no gergelim o ano todo. Beneficia o produto, armazenam ele, ensacam para exportação. E, ano a ano o gergelim vem crescendo e mostrando o seu potencial aqui em Canarana”, frisa Diego Dall Asta. O produtor Mateus Goldoni comenta que “a gente está bem escorado em um comércio forte, em uma industrialização pujante e também uma logística forte”. Ele salienta ainda que “hoje o produtor está investindo, se especializando, está procurando sementes mais puras, uma tecnologia melhor, porque está vendo que está dando muito resultado, gerando emprego, gerando mais renda, contribuição e mais movimento para o município”. (Canal Rural MT)

Variedades de frutas desenvolvidas pela Unemat colaboram na manutenção de renda da agricultura familiar

Maracujás e abacaxis com maior potencial de produtividade e resistência às doenças, são alguns dos focos de pesquisas desenvolvidas pelo campus da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) em Tangará da Serra, que tem como intuito colaborar na manutenção de renda das pequenas propriedades rurais. Os estudos são conduzidos pelo professor e pesquisador Willian Krause, engenheiro agrônomo e doutor em genética e melhoramento de plantas. De acordo com ele, a pesquisa visa proporcionar boas opções para os produtores de pequena escala desenvolverem a fruticultura. “Para esses agricultores a fruticultura é excelente. Por quê? Porque ela tem um alto retorno por pequena área, gera muito valor e ela tem um valor agregado muito alto. Então, isso gera renda”, pontua o especialista. Entre os produtores que cultivam as variedades estudadas pela Universidade está o Pedro José de Freitas. Há 34 anos ele e a esposa montam uma barraca na feira do produtor em Tangará da Serra, região centro-sul de Mato Grosso, e comercializam a sua produção de leite, queijo, mandioca e frutas. Deste tempo, o maracujá é o carro chefe de vendas há 15 anos. Os produtos comercializados pelo casal são produzidos no sítio próximo à cidade. Uma área de pouco mais de 30 hectares, com dedicação de pasto às 20 vacas leiteiras, plantação de milho de silagem e pomar. Entre as frutas cultivadas no pomar estão banana, limão e o maracujá, que, segundo o produtor, sozinho ocupa uma extensão de aproximadamente meio hectare. “Estamos há muitos anos na feira. Eu acho que para o pequeno produtor é uma saída muito boa, porque é um dinheiro que você pega duas vezes por semana e à vista”, frisa Pedro. O produtor afirma ter “prazer de plantar” e ver o seu pomar produzir. Tanto que há cerca de seis meses decidiu renovar parte da plantação de maracujás. As ramas ainda estão se espalhando, mas a primeira safra dos novos pés já promete ser produtiva. “Eu achei muito boa, porque ela [variedade] tem uma produtividade muito boa. Eu acho que produz até mais do que esses outros que estávamos plantando e mais resistência às doenças, também”. Abacaxis sem espinho e resistente a fusiariose Além do maracujá, a Unemat em Tangará da Serra tem desenvolvido pesquisas com o abacaxi. Recentemente, inclusive, o município sediou o Simpósio Brasileiro do Abacaxizeiro. No evento foram lançadas duas novas cultivares da fruta: Unemat Rubi e Unemat Esmeralda. “Ambas são sem espinho e resistentes à principal doença do abacaxi no Brasil, que é a fusiariose. Com isso o produtor vai evitar, por exemplo, gastar com fungicidas para o controle dessa doença. Então, todo o dinheiro que ele deixa de gastar permanece no bolso dele. Além disso, é ambientalmente mais sustentável”, destaca Willian Krauser. As mudas das novas variedades de abacaxi devem começar a ser multiplicadas no laboratório da Universidade, onde já é feito um trabalho com a banana-maçã livre do “mal do Panamá”, também conhecido como “fusariose da bananeira”. É uma parceria com a prefeitura de Tangará da Serra. Conforme o professor e pesquisador, depois de prontas, as frutíferas são distribuídas gratuitamente aos produtores cadastrados no projeto. Um reforço importante para a sustentabilidade da agricultura familiar na região. (Canal Rural MT)