O deputado estadual Gilberto Cattani (PL), perdeu o ‘Título de Cidadão Cuiabano’ durante a sessão desta terça-feira na Câmara Municipal de Cuiabá. Por 21 votos favoráveis à três contra, os vereadores aprovaram uma abstenção do Projeto de Decreto Legislativo 25796/2023 que revoga a honraria concedida a Cattani. O pedido partiu do líder do governo, Luís Cláudio (PP), que apresentou a matéria sob a justificativa que o comportamento do bolsonarista não compactuava com os valores defendidos pela Casa e sua comparação de mulheres a vacas foi misógina e preconceituosa.
Durante a sessão, o presidente da Câmara, o vereador Chico 2000, que é colega de Catanni no Partido Liberal, reforçou que a Casa tem valor e não compactua com as atitudes do deputado.
“O deputado é do meu partido, mas não é por isso que vou endossar ou que eu vou estar junto diante de tantas declarações infelizes feitas por ele. Não é só uma, poderia enumerar com facilidade umas três. Essa Casa tem que estar voltada a essa Casa, como a Assembleia sempre está voltada para a Assembleia”, falou Chico 2000 após a deliberação.
O pedido de Luis Cláudio também pesa sobre a polêmica envolvendo a vereadora Maysa Leão (Republicana), que processa o deputado estadual por difamação e incitação à prática de crime, pontuou que não estava sendo julgado o mérito do parlamentar que propôs a concessão do título a Cattani, mas a conduta do bolsonarista.
“A quem propôs o título nenhuma responsabilidade. A responsabilidade hoje desta propositura é totalmente do cidadão que o recebeu no passado porque tem toda uma conduta que não representa a conduta ilibada que o peso desse título requer. A retirada desse título, simbolicamente, representa que misóginos e agressores sejam eles morais, psicológicos, de qualquer tipo de agressão direcionadas a mulheres ou a qualquer indivíduo, não passarão batido nessa casa”, discursou Maysa.
Em sua fala, a vereadora Edna Sampaio (PT) lembrou que foi voto perdido quando foi apresentado na Casa o projeto para que Gilberto Cattani fosse contemplado com a honraria. A petista foi a única a não apoiar a proposição à época.
“Fui o único voto contrário nessa casa e outras situações como essa já aconteceram aqui quando, por exemplo, essa Casa aprovou uma moção de aplausos à chacina no Rio de Janeiro, no Jacarezinho, e logo após os policiais foram indiciados por crime de assassinato contra a comunidade. Também nessa Casa foi votado o ‘Dia do Orgulho Hétero’ e eu também fui a única vereadora a votar contra e a Casa só recuou pela repercussão nacional que teve esse Projeto de Lei. Que essa casa possa, a partir dessa ‘desomenagem’ a um deputado estadual, refletir mais sobre aquilo que aprova ao longo da sua trajetória”, apontou a petista.
Já o vereador Wilson Kero Kero (Podemos), saiu em defesa do deputado ao fazer uso da tribuna. Em sua fala, Kero Kero não se referiu à comparação de mulheres como a vacas, como estava sendo discutido, mas disse que conversou com Catanni, e que o mesmo alegou que não chamou Maysa de “defensora de estupradores”.
“Conversei com o Cattani e aqueles comentários não são os pensamentos. Ele não falou em momento algum que todos aqueles comentários que existem são a fala dele. Retirar um título hoje com um viés ideológico, não concordo”, declarou.