Cabelos afro: dores e libertação – parte II

CAROL BISPO

O afro, o cacheado, o crespo são alegres, atraentes, dinâmicos

Como falamos no artigo anterior, a transição para os cabelos naturais muitas vezes é um processo de cura e libertação. Mas não acaba aí. Percebo que muitas mulheres que conseguem superar as barreiras do preconceito e ‘assumir’ seus cabelos afro, lidam com uma série de questões após esse processo.

Muitas vezes, durante a adaptação, elas ainda não se reconhecem com aquele cabelo e nem aprenderam a administrá-lo.

Não sabem os produtos, as formas de pentear e nem as possibilidades que aquele cabelo oferece. Quem tem o cabelo cacheado ou crespo teve o cabelo esculpido pela natureza, um cabelo que já vem pronto para curtir qualquer momento.

Me deparo com clientes surpresas com o fato de que aquela nova mulher em frente ao espelho atrai olhares, é cobiçada, ou seja, é um universo novo e um esforço para compreender a potência desse cabelo.

O afro, o cacheado, o crespo são alegres, atraentes, dinâmicos e a palavra de ordem que carrega é: liberdade.

Podemos comemorar e celebrar pois já vencemos muito. Ultrapassamos muitas barreiras do preconceito. Nossas vozes e os reais potenciais da beleza negra estão ganhando força. É a afirmação da nossa identidade, da nossa história e de tudo que envolve ela.

O Dia da Consciência Negra incentiva a celebração da diversidade dos tipos de cabelo entre as pessoas negras. Isso ajuda a combater estereótipos de beleza e auxilia a promover a aceitação dos cabelos naturais.

Cada fio de cabelo cacheado, afro ou crespo é uma afirmação de nossa herança cultural, um lembrete de nossa resiliência e uma celebração da beleza que transcende os padrões impostos.

Quando aceitamos e amamos nossos cabelos naturais, estamos fortalecendo não apenas nossa identidade, mas também construindo um mundo onde a diversidade é celebrada e o preconceito desaparece.

Carol Bispo é visagista, especialista em cabelos crespos e cacheados. 

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