Artista plástica cuiabana é selecionada para expor em Bienal Internacional na Bolívia

Com o incentivo do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso (Sebrae/MT), a artista plástica cuiabana, Paty Wolff será a única representante do Centro-Oeste a participar da ‘XXII Bienal Internacional de Arte Contemporânea’ em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Artistas de oito países foram escolhidos para participarem da Bienal que será realizada em setembro deste ano, e apenas 29 projetos passaram na seleção, entre eles, o de Paty Wolff. “Sempre imaginei em levar a nossa beleza regional para o mundo. A minha linguagem, o meu trabalho é sempre tentando entender essa relação e fortalecer esse local no mundo”, pontua Paty. Segundo o gestor de Economia Criativa do Sebrae/MT Felipo Abreu, o trabalho da artista fortalece a cultura mato-grossense. Ele conta que neste momento, a artista se prepara para levar obras inéditas à bienal. “Ela está focada em preparar obras incríveis e inovadoras para expor na Bolívia. As obras de arte que serão expostas na bienal são criadas exclusivamente para o evento”, explica. O Sebrae/MT busca fomentar a cultura e o turismo, visto que uma das premissas do programa Pró Pantanal é fortalecer o empreendedorismo criativo e promover a valorização da cultura pantaneira. “A Bolívia também tem uma extensão do bioma Pantanal, então é uma estratégia muito rica criar este relacionamento entre os dois países, de forma que a nossa artista leve o olhar daqui para os artistas internacionais, de países europeus e sul-americanos, por exemplo”, falou a analista Técnica da Gerência de Desenvolvimento Territorial do Sebrae/MT, Sara de Paula. De acordo com Felipo, a multiartista participa de cursos e programas do Sebrae/MT desde 2022. “O Sebrae/MT focou em fortalecer e amadurecer o trabalho artístico dela, e, esta oportunidade de expor em outro país, nos orgulha por termos feito parte da trajetória da artista”, disse. “O nosso papel, como serviço de apoio ao empreendedor, é garantir essas condições de acesso ao mercado, não só nacional, mas também fora do Brasil. A Paty tem preparo para estar no mercado internacional, ainda mais representando uma obra com a essência de Mato Grosso. Nós estamos apenas dando um suporte e fortalecendo o lado empreendedor dessa grande artista”, completou. Para Paty, o Sebrae/MT tem uma participação importante em tudo isso, pois a instituição valoriza os trabalhos criativos. “Eu entendi que o Sebrae/MT poderia ser meu parceiro. Comecei a me inscrever nos cursos e programas. E posso afirmar que, ele fortalece o empreendimento e nos ensina estratégias, as quais são muito importantes para o mercado atual”, finalizou. Pró Pantanal O programa Pró Pantanal (Programa de Apoio à Recuperação Econômica do Bioma Pantanal) é uma iniciativa do Sebrae/MT em parceria com o Sebrae/MS para promover ações focadas no desenvolvimento sustentável e a geração de renda nos eixos do turismo pantaneiro, da cultura, além da economia criativa e do agronegócio. As ações do programa contam com o apoio de instituições e entidades parceiras, visando atuar diretamente com os negócios instalados nesse território. Multiartista Paty Wolf, tem 34 anos e possui grande bagagem no mercado, inclusive algumas experiências marcantes em sua trajetória de multiartista, no qual atua como escritora, pintora e artista plásticas. Em 2022, ela foi finalista do Prêmio Jabuti (principal premiação de literatura do país), com o livro “Como pássaros no céu de Aruanda”, escrito por ela. Agora em 2023, ela se prepara para participar da Bienal na Bolívia. Paty conta com orgulho que o artista mato-grossense Benedito Nunes, reconhecido internacionalmente foi seu mestre. “Fui muito privilegiada de estar com esse grande artista. Eu desenhava desde criança, mas foi ali que eu decidi que era o caminho que eu queria seguir. Cresci muito nesses últimos anos. Sempre expus coletivamente em Cuiabá, mas nunca expus individual. Eu tenho amadurecido muito os meus projetos e sim, hoje me vejo como artista”, concluiu. Da Assessoria 

Escavações arqueológicas revelam vala comum em terra indígena

Pesquisadores comprovam por meio de escavações arqueológicas a existência de vala comum na Terra Indígena de São Marcos, no Mato Grosso (MT), onde foram enterrados indígenas vítimas de violações de direitos na ditadura militar. O projeto envolve cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Polish Academy of Science, na Polônia, e da Universidade de Winnipeg, no Canadá.  Em 1966, a população xavante de Marãiwatsédé foi vítima de remoção compulsória de seu território tradicional para a região de São Marcos, localizada a cerca de 500 quilômetros (km) de distância, onde viviam outros grupos xavante. A transferência foi feita em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), em um contexto de epidemia de sarampo. Dezenas de indígenas foram acometidos pela doença e morreram em poucos dias. Os mortos foram enterrados em uma vala comum na terra indígena.  A arqueóloga forense Claudia Plens aponta que os relatos dessa ocorrência já eram públicos, mas ainda careciam de evidências materiais para que as comunidades, que sofrem o impacto de desestruturação social até hoje, pudessem lutar por alguma forma de reparação. “Embora existam relatos diversos sobre o processo histórico que culminou na vala comum, a materialidade da vala só foi confirmada agora”, disse Plens, que é professora do departamento de história da Unifesp e lidera a pesquisa.  “Por meio das entrevistas e, posteriormente, pelo georadar [método de investigação subterrânea], conseguimos localizar a vala comum. Não houve preservação dos esqueletos. Mas, do ponto de vista da arqueologia forense, os dados do georadar, associados às feições no sedimento, são suficientes para identificar a vala comum”, apontou a pesquisadora.  Segundo Plens, a confirmação é resultado do cruzamento de diversas informações. Primeiramente, havia indicação da localização da vala em uma diligência realizada pelo Ministério Público Federal (MPF), em 2017. Embora não haja preservação dos esqueletos, as entrevistas no local e o uso do georadar acrescentaram elementos que levaram finalmente às escavações. Já a escavação mostrou a estratigrafia da vala – uma leitura das camadas de sedimento – que demonstrou a materialidade da vala. “A posição e direção da vala, conforme lembrado pelos habitantes locais, foram confirmadas pelos dados do georadar. Isso mostrou que a nossa técnica de mapeamento foi capaz de detectar esta assinatura no solo, aproximando ciência e memória no registro de um doloroso episódio histórico ainda muito vivo entre aqueles que o testemunharam”, ressaltou.  A etapa de campo da pesquisa já foi toda executada. Além disso, entrevistas compuseram a fase de linguística do projeto e contribuem para compreensão da ocupação tradicional do território. Segundo Plens, as entrevistas com os anciãos da etnia foram reveladoras quanto ao crime cometido pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar.  A análise dos dados preliminares da pesquisa aponta que as primeiras vítimas foram enterradas em covas individuais. “No entanto, a voracidade e o impacto do sarampo foi de tal forma que dezenas de pessoas morriam diariamente, sendo impossível os sepultamentos individuais. Neste sentido, as vítimas passaram a ser sepultadas em vala comum”, revelou a arqueóloga.  De acordo com a pesquisadora, a comunidade de São Marcos já vinha sendo acometida pelo sarampo ao longo dos anos devido ao contato com os não indígenas, o que já havia resultado em dezenas de vítimas. “Para isso [transferência dos indígenas], houve toda uma articulação entre o pessoal da agropecuária Suiá Missu, militares e os missionários salesianos que estavam em São Marcos”, acrescentou. O antropólogo Paulo Delgado, professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e integrante da equipe, lembrou que o contexto da tragédia que vitimou dezenas de xavante se insere nos grandes projetos de cunho desenvolvimentistas do governo militar. “Naquela época, por meio de incentivos fiscais do governo federal, houve financiamentos de grandes empreendimentos agropecuários na região Centro-Oeste. Um destes empreendimentos atingiu em cheio o território xavante de Maraiwatsédé”, disse.

Mato Grosso comercializa 83,59% da safra 2022/23 de soja

Mato Grosso comercializou 83,59% das 45,316 milhões de toneladas de soja produzidas na safra 2022/23 até o final de julho. A informação é do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que destaca ainda uma valorização de 3,02% no preço da saca de 60 quilos ante junho.  Os números constam no relatório de comercialização da soja, divulgados nesta segunda-feira (7). Na variação mensal as vendas da oleaginosa avançou 4,09 pontos percentuais. Contudo, ao se comparar com o ciclo 2021/22 estão atrasadas ante os 85,86% do período em 2022 e dos 90,61% da média histórica dos últimos cinco anos. O valor médio verificado em julho deste ano é, inclusive, abaixo dos R$ 162,92 verificados no mês em 2022. Em relação à safra 2023/24, segundo o Imea, Mato Grosso comercializou 21,11% da produção de 43 milhões de toneladas previstas. Um avanço mensal de 4,76 pontos percentuais pautado pela melhora nos preços da soja e a aproximação da semeadura da oleaginosa, devido à necessidade em travar os custos de produção. O preço médio visto em julho do ano passado (2022) era de R$ 152,03 a saca durante a comercialização antecipada da safra 2022/23, como destacado na época pelo Imea. Canal Rural

Golpes digitais em ascensão

Em 2022, a cada minuto, mais de 655 pessoas foram alvo de tentativas de golpe O cenário do crime digital vem passando por mudanças significativas durante e após a pandemia. Enquanto os crimes com violência diminuíram, os fraudadores têm se aperfeiçoado na aplicação de golpes digitais, montando verdadeiros ‘call centers do crime’, que operam não apenas no Brasil, mas em diversos países ao redor do mundo. Os golpes digitais são cada vez mais sofisticados e podem ser aplicados transnacionalmente, revelando a globalização do cibercrime. Infelizmente, muitas pessoas, sem o devido conhecimento sobre segurança digital, tornam-se vítimas fáceis dessas artimanhas, clicando em links maliciosos e expondo-se a ameaças virtuais. Embora falar sobre golpes e fraudes na internet possa ser desconfortável, é crucial discuti-los para prevenir futuras vítimas. Em 2022, a cada minuto, mais de 655 pessoas foram alvo de tentativas de golpe, de acordo com um levantamento realizado pela Psafe, uma empresa especializada em cibersegurança na América Latina. Um estudo da empresa de segurança idwall apontou as principais tendências de golpes, fraudes e crimes cibernéticos para 2023. Entre essas tendências, destacam-se: Fraude do GPS: Conhecida como “spoofing de localização” ou “fraude de localização”, essa técnica permite que criminosos falsifiquem a verdadeira localização e invadam sistemas que dependem de geolocalização para liberar acessos. Embora pouco conhecida no Brasil, essa fraude já fez inúmeras vítimas. Entre março e julho de 2022, a Incognia identificou quase 4 milhões de tentativas de fraude do GPS em uma base de cerca de 100 milhões de dispositivos. Essa fraude pode ser utilizada para ocultar a localização em diversos crimes, como roubos de veículos e sequestros. Fraude de Identidade: Nesse tipo de golpe, criminosos roubam os dados de uma pessoa e fingem ser ela para realizar transações financeiras ou cometer crimes, como estelionato. No Brasil, essa fraude é comum e tem sido um problema crescente. Um estudo da Serasa Experian mostrou que 61% dos entrevistados já passaram por alguma experiência de roubo de dados ou conhecem alguém que foi vítima. Instituições financeiras e empresas de criptomoedas também registraram um aumento significativo de casos de fraude de identidade ao longo de 2022. Golpes com o PIX: O sistema de pagamento PIX, amplamente utilizado no Brasil, também se tornou alvo de golpes e fraudes. Dentre as principais tendências para 2023, destacam-se o QR code falso, em que os criminosos criam códigos falsos para roubar vítimas; o Pix agendado para compras, onde fraudadores manipulam comprovantes de pagamento; e o golpe da falsa central de atendimento, em que os golpistas se passam por instituições financeiras e induzem as vítimas a realizar Pix para testar o sistema. Para se proteger dessas ameaças, é fundamental adotar algumas medidas de segurança: – Crie o hábito de ocultar o endereço de IP ao usar a internet, utilizando uma VPN (Rede Privada Virtual) para proteger sua identidade online. – Não compartilhe informações pessoais com desconhecidos e desconfie de ligações ou links suspeitos recebidos via WhatsApp ou redes sociais. – Não forneça dados pessoais em ligações estranhas que solicitam confirmação de cadastro ou senhas. – Utilize redes seguras de Wi-Fi e mantenha seus dispositivos protegidos com programas de segurança. – Em caso de dúvidas, consulte um parente ou amigo com experiência em sistemas digitais antes de tomar qualquer ação. O combate aos golpes digitais exige uma ação conjunta, e a conscientização da população é uma das principais armas para evitar novas vítimas. Além disso, a atuação da imprensa na divulgação dessas fraudes é essencial para prevenir o público e inibir a ação dos criminosos. Afonso Morais – CEO e Fundador da Morais Advogados Associados, é especialista em combate a fraudes e recuperação de crédito empresarial. Ele também lidera o podcast “Falando de Fraudes com Afonso Morais”, onde busca compartilhar conhecimentos e dicas para ajudar a população a se proteger contra os golpes digitais. Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site Cuiabá Notícias.  

Gestão de projetos em obras públicas

Investimento em infraestrutura é forma de promoção de direitos humanos É inegável que investimentos em infraestrutura pública, sobretudo em áreas como energia, saneamento básico e logística e transporte são uma forma de promoção dos direitos humanos, mais precisamente de implemento dos direitos de segunda dimensão, assim traduzidos em direitos econômicos, sociais e culturais e caracterizados pela natureza prestacional do Estado. Para tanto, exige-se dos gestores públicos conhecimentos técnicos e gerenciais especializados das melhores práticas de gestão de empreendimentos, dentre elas, as consolidadas pelo Project Management Institute (PMI). Segundo André Kuhn, a boa gestão das obras públicas passa necessariamente pelo bom gerenciamento de 4 (quatro) elementos: escopo, tempo, custo e risco. Para o gerenciamento do escopo, é possível o gestor lançar mão da chamada Estrutura Analítica de Projeto (EAP), em que as atividades são representadas em níveis e subníveis de forma mensurável, gerenciável e integrável, determinando-se a relação de dependência entre elas. No gerenciamento do tempo, a duração das atividades pode ser avaliada por ferramentas como o PERT (Project Evaluation and Review Technique), método probabilístico de estimativa, e CPM (Critical Path Method), método determinístico de estimativa, sem prejuízo do emprego de técnicas como a “compressão” e o “paralelismo” para reduzir o tempo de execução de uma obra. Em se tratando do gerenciamento de custo, o gestor deve dominar técnicas de orçamentação, de análises de investimento e de apropriação de custos, de maneira que falhas gerenciais evitem obras com preços exorbitantes. Por fim, na análise do risco do empreendimento deve ser suscitada, entre outros, a probabilidade da ocorrência de um evento e seu grau de impacto, levando-se ainda em conta fatores como falhas da execução, atraso de fornecedores, baixa produtividade da equipe, desperdícios de insumos, entre outros. Em síntese, o bom dimensionamento do escopo, tempo, custo e risco de um empreendimento público é essencial para se evitar obras sem conclusão e desperdício de dinheiro público, tudo com vistas a assegurar ao cidadão o respeito ao seu direito à infraestrutura pública. Leonan Roberto de França Pinto – Procurador do Estado de Mato Grosso. Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site Cuiabá Notícias.

Decisão do STF restabelece direitos básicos aos caminhoneiros

ROBERTA BORGES Responsáveis pelo transporte de praticamente tudo o que produzimos e consumimos no Brasil, os caminhoneiros obtiveram uma importante vitória no Supremo Tribunal Federal (STF), pouco tempo antes da Corte iniciar seu recesso. Por 8 votos a 3, os ministros declararam a inconstitucionalidade de alguns dispositivos da Lei dos Caminhoneiros (13.103/2015), que flexibilizavam uma série de direitos trabalhistas destes profissionais conquistados com a lei que regulamentou a profissão de motorista (12.619/2012). Em primeiro lugar, é preciso termos claro em nossas mentes que é falsa a premissa de que haja uma dicotomia entre a situação econômica das empresas e a saúde do trabalhador. Estes dois aspectos podem e devem conviver em harmonia para o desenvolvimento pleno de nossa sociedade. Não é certo que haja uma evolução da condição de vida das pessoas, possível com o desenvolvimento econômico das empresas, às custas da saúde, física e mental, dos trabalhadores em geral. Com isso em mente, fica bem mais fácil compreender para além da legislação os motivos que levaram a Suprema Corte a vetar os dispositivos contidos na Lei dos Caminhoneiros. O primeiro deles trata da jornada de trabalho dos caminhoneiros. A lei de 2015 retirou deste período o tempo que os motoristas ficam parados à espera de carga ou descarga dos produtos transportados ou aguardando eventuais fiscalizações em barreiras fiscais e alfandegárias, portanto, este tempo de espera não era considerado para o cálculo da jornada diária dos motoristas. Em compensação, eles passaram a receber por estes períodos de forma indenizada o equivalente a 30% do salário-hora normal. Do ponto de vista legal, como determinado pela maioria dos ministros do STF, o dispositivo fere a Constituição porque causa um prejuízo direto ao empregado. Do ponto de vista prático, não parece razoável que estes longos períodos, que em alguns casos pode perdurar por vários dias, não sejam compreendidos e remunerados como efetiva jornada de trabalho destes motoristas. E isso fica ainda mais claro pelo fato de que a lei questionada no STF previa que, mesmo sem ser remunerado, o motorista deveria fazer as movimentações necessárias no veículo durante a espera. Outro ponto afetado pela decisão trata do descanso entre as jornadas, que deverá ser de 11 horas, ininterruptas, com o veículo parado. Embora pareça óbvio, assim como os demais trabalhadores, os motoristas precisam de um descanso que seja reparador, do ponto de vista físico e mental. Quem já viajou pelas estradas do nosso país sabe das condições das rodovias, a grande maioria irregulares, ruins ou péssimas, e o quanto de esforço, sobretudo mental, é necessário aos condutores de veículos leves ou pesados por elas. Do mesmo modo, o descanso semanal remunerado não poderá ser fracionado ou acumulado, como permitido pela lei de 2015. Esta é outra decisão muito acertada dos ministros, uma vez que este descanso não se dá por mero capricho do legislador, mas sim por uma necessidade biológica, que envolve a parte física, e mental, uma vez que é este o período em que os motoristas, que passam muito tempo longe de suas casas, possuem para o convívio com suas famílias e amigos. A preocupação agora está centrada na modulação desta decisão do STF, que não pode fazer valer a expressão comum em nosso país de que “no Brasil, até o passado é incerto”. Se por um lado as empresas cumpriram a legislação vigente durante o lapso entre a publicação da Lei dos Caminhoneiros e a decisão do Supremo, os motoristas sofreram todos esses anos os danos advindos da legislação inconstitucional. Portanto, a modulação dos efeitos desta decisão do STF é extremamente importante e necessária para a segurança jurídica e pacificação do tema. Além disso, a modulação é desafiadora a todos os envolvidos, exigindo toda cautela para o equilíbrio nas relações, pois na medida em que as transportadoras não podem ser penalizadas com a criação de um passivo trabalhista enorme não provisionado, que pode ser gerado com um efeito retroativo da inconstitucionalidade, os motoristas precisam, em alguma medida, compensar o passado lesivo. É preciso olhar para este tema com seriedade e sabedoria na busca de soluções aos trabalhadores e que paralelamente sejam sustentáveis aos empresários. O papel dos transportadores na economia brasileira é fundamental. Se havia alguma dúvida disso, ela se dissipou em 2018, quando houve uma paralisação de 11 dias que gerou escassez de produtos, forte alta da inflação e queda no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro naquele ano, um prejuízo estimado à época em mais de R$ 15 bilhões. Por isso, é preciso que haja dispositivos legais que assegurem o reconhecimento ao papel desenvolvido por eles na nossa sociedade, o que foi ratificado com esta decisão do STF. ROBERTA BORGES – é advogada trabalhista há 19 anos, conselheira estadual na OAB seccional de MT e membro consultora da Comissão Especial de Direito do Trabalho do Conselho Federal da OAB. Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site Cuiabá Notícias.  

Julho foi o mês mais quente já registrado no planeta desde 2019

Julho de 2023 bateu o recorde do mês mais quente já registrado na Terra, atingindo 0,33ºC acima do recorde anterior (julho de 2019), conforme anunciou nesta terça-feira (8) o observatório europeu Copernicus. O mês passado também foi marcado por ondas de calor e incêndios em todo o mundo, com temperaturas médias na atmosfera 0,72ºC mais elevadas que as médias registradas para julho entre 1991 e 2020. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse para o portal G1 que a humanidade saiu da era do aquecimento global para entrar na era da “ebulição global”. Os sinais do aquecimento global provocado pelas atividades humanas – começando pelo uso de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás) – foram registrados simultaneamente em todo o planeta. A Grécia sofreu grandes incêndios, assim como o Canadá, que também registrou inundações. As ondas de calor sucessivas no sul da Europa, norte da África, sul dos Estados Unidos e parte da China também provocaram muitos danos. Os oceanos também são vítimas do fenômeno preocupante: as temperaturas registradas na superfície do mar estão muito elevadas desde abril e os níveis registrados em julho não têm precedentes. O recorde absoluto foi batido em 30 de julho, com 20,96°C. Durante todo o mês, a temperatura na superfície do mar ficou 0,51°C acima da média (1991-2020). A rede científica World Weather Attribution (WWA) concluiu que as recentes ondas de calor na Europa e nos Estados Unidos teriam sido “praticamente impossíveis” sem o efeito da atividade humana.

Cúpula da Amazônia começa, nesta terça-feira, em Belém

Começa nesta terça-feira (8) a Cúpula da Amazônia, evento que reúne chefes de Estado de países amazônicos para discutir iniciativas para o desenvolvimento sustentável na região. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a cidade de Belém receberá os presidentes da Bolívia, da Colômbia, da Guiana, do Peru e da Venezuela. Já Equador e Suriname enviarão representantes. Um dos objetivos da Cúpula da Amazônia, que terminará na quarta-feira (9), é fortalecer a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), organização internacional sediada em Brasília. A cúpula tem início após a realização dos Diálogos Amazônicos, evento que reuniu representantes de entidades, movimentos sociais, academia, centros de pesquisa e agências governamentais do Brasil e demais países amazônicos com o objetivo de formular sugestões para a reconstrução de políticas públicas sustentáveis para a região. O resultado desses debates será apresentado na forma de propostas aos chefes de Estado durante a cúpula. A ideia é que os países acolham algumas das propostas recebidas no encontro. Mas cada um tem autonomia para acolher as sugestões que entender melhor para si. No caso do Brasil, o governo já anunciou que criará condições para a sociedade civil acompanhar o andamento das políticas públicas que forem adotadas. Por Agência Brasil