As enchentes no RS e a agricultura brasileira

 JÔNATAS PULQUERIO 

Nos últimos dias, tive a oportunidade de visitar o Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, uma região que recentemente enfrentou uma tragédia provocada por enchentes devastadoras. A cena que presenciei foi comovente e impactante: áreas inteiras submersas, infraestrutura danificada, e uma paisagem que parecia ter sido alterada por um tsunami.

As enchentes no Vale do Taquari não são um evento isolado, mas sim um exemplo gritante dos efeitos cada vez mais severos das mudanças climáticas que estamos testemunhando em todo o mundo. Esses eventos extremos não apenas causam danos imediatos às comunidades e à economia local, mas também têm repercussões de longo prazo para o meio ambiente e para a agricultura.

Impactos Devastadores

O solo, fundamental para a sustentabilidade agrícola, foi severamente degradado pelas enchentes. As plantações foram totalmente perdidas, e as matas ciliares, essenciais para a preservação dos recursos hídricos e da biodiversidade, foram gravemente afetadas. Além disso, a infraestrutura, incluindo armazéns, silos e vias de acesso, sofreu danos significativos, comprometendo a logística e a capacidade de escoamento da produção agropecuária.

Setores cruciais como a produção suína, avícola, de leite e de gado foram duramente atingidos. Os prejuízos não se limitam às perdas econômicas, mas também impactam a segurança alimentar e a sustentabilidade dessas cadeias produtivas.

Preparando-se para o Futuro

Diante desse cenário alarmante, surge uma questão urgente: como devemos nos preparar para os novos eventos climáticos e o que podemos fazer para mitigar seus impactos?

O novo normal da agricultura brasileira deve ser pautado pela resiliência e pela sustentabilidade. Precisamos adotar práticas agrícolas que levem em consideração a variabilidade climática e reforcem a adaptação às mudanças ambientais. Isso inclui investir em sistemas de manejo do solo que minimizem a erosão, promover a recuperação de áreas degradadas e fortalecer as infraestruturas de defesa contra enchentes.

Chamado à Ação

É fundamental que toda a cadeia produtiva agropecuária, juntamente com os gestores públicos municipais, estaduais e federais, assuma um compromisso firme com a responsabilidade ambiental e climática. Devemos priorizar políticas e práticas que não apenas mitigam os impactos das mudanças climáticas, mas também fortalecem a segurança alimentar e contribuem para a preservação dos recursos naturais.

Neste momento de reflexão e reconstrução no Vale do Taquari, é essencial que aprendamos com as lições do passado e nos preparemos proativamente para um futuro que, infelizmente, pode trazer mais desafios climáticos. Juntos, podemos trabalhar para construir uma agricultura mais resiliente, sustentável e capaz de enfrentar os desafios do século XXI.

Vamos transformar o lamento em ação e garantir um futuro melhor para as próximas gerações e para o nosso planeta.

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Este artigo reflete minhas reflexões pessoais e profissionais sobre os recentes eventos no Vale do Taquari e minha visão para o futuro da agricultura brasileira.

 JÔNATAS PULQUERIO é Diretor de Gestão de Risco Agropecuário do MAPA. Presidente do Comitê Interministerial de Seguro Rural. Graduado em Administração e Direito, especialista em Gestão Pública e Acadêmico MBA Agronegócio USP/ESALQ.

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