Análise: Vítor Pereira testa, mas Flamengo vive refém do quarteto ofensivo

O início de trabalho é tempo de testes, mas foi após os pouco mais de 40 dias no comando que Vítor Pereira deixou a cautela de lado e mexeu no formado elenco do Flamengo. A primeira grande mudança do treinador colocou Everton Ribeiro no banco e Vidal na vaga de titular.

A principal justificativa foi a necessidade do equilíbrio, sobretudo defensivamente. O meio-campo com Thiago Maia, Vidal e Gerson foi a alternativa para neutralizar. Até funcionou, mas deixou o Flamengo apagado no primeiro tempo e sem volume de criação.

Vidal cumpriu o papel que se esperava e deu maior controle defensivo no meio. Foram 52 passes certos e apenas dois errados, ficando atrás somente de Fabrício Bruno que acertou 53. O chileno anotou dois desarmes e um lançamento.

A atuação de Vidal talvez só não tenha sido melhor pela partida abaixo de Thiago Maia. O camisa 8 errou passes e, depois da saída de João Gomes, ainda caminha para se encontrar em campo – seja com Gerson ou com o chileno.

A defesa se manteve no positivo até o fim do primeiro tempo, quando levou um gol de contra-ataque. A formação inicial comprometeu a articulação das jogadas, mas, para o segundo tempo, Everton Ribeiro voltou para equipe no lugar de Gerson – com dores no tornozelo.

Com o quarteto em campo novamente, a vocação ofensiva do Flamengo já ensaiava uma reação para resolver a partida.

Everton mudou o jogo. Trouxe o equilíbrio para a criação de jogadas ao lado de Arrascaeta, que havia feito um primeiro tempo apagado. O quarteto encontrou o ritmo ofensivo que o Flamengo não chegou perto nos 45 minutos iniciais.

Foram 32 passes corretos do camisa 7, que recebeu a braçadeira de capitão assim que pisou no gramado. Everton Ribeiro executou duas viradas de bola, além de um desarme para a conta, um lançamento e uma interceptação de jogada.

O meio muito mais potente com Everton e Arrascaeta via também Gabi participar da dinâmica ofensiva. Não demorou para o camisa 10 se redimir no pênalti perdido ainda no primeiro tempo e marcar dois para madurar o resultado. Pedro fechou o placar, carimbando a atuação do quarteto mágico.

– Não há titulares ou suplentes. O Everton entrou muito bem no jogo. Demos uma dinâmica muito maior na segunda parte e construímos o jogo com qualidade. Não posso dizer que o Vidal é titular. – disse VP em coletiva.

 

A posição de refém do quarteto vai além de Everton Ribeiro e ganha muita ênfase na dupla de ataque. Dos 24 gols marcados pelo Flamengo no ano, 19 estão distribuídos entre Pedro e Gabi.

Se olharmos pelo lado defensivo, o teste de VP funcionou, mas o Flamengo ainda se vê refém da escalação ofensiva que já está no imaginário. O quarteto tem sido a sombra dos técnicos que comandam o clube e com (mais esse) português não tem sido diferente.

O calendário, porém, não é um dos grandes aliados de Vítor Pereira. O Carioca até pode ser usado como teste, mas a grande prova acontece na Recopa. Com dois títulos deixados no sonho, a pressão da conquista equilibra a necessidade de, enfim, uma boa atuação do Flamengo para ‘começar’ o ano.

GE

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