MARA GONÇALES
No mundo da ortopedia, um campo historicamente dominado por homens, as mulheres estão abrindo caminho com brocas e bisturis, não apenas como cirurgiãs competentes, mas também como líderes. O processo tem sido lento mas hoje, mulheres ortopedistas estão quebrando ossos e preconceitos com a mesma habilidade.
A jornada para as mulheres na ortopedia não é fácil. Imagine-se em um bloco cirúrgico, onde a força física é frequentemente confundida com competência cirúrgica. Aqui, uma mulher não apenas precisa saber manejar um martelo cirúrgico, mas também desmantelar a antiquada ideia de que ‘força’ e ‘habilidade’ são exclusividades masculinas. É como dizer que só os homens sabem como usar um martelo, enquanto as mulheres sabem, na realidade, que o truque está na precisão, não na força.
Mas vamos além da sala de cirurgia. A presença feminina na ortopedia traz uma abordagem mais holística ao cuidado do paciente. Não é apenas sobre os ossos; é sobre a pessoa inteira. Mulheres ortopedistas frequentemente destacam a importância da comunicação empática e do cuidado integral, abrindo caminhos para uma medicina mais inclusiva e atenciosa.
E quanto ao equilíbrio entre trabalho e vida pessoal? Ah, esse é um osso duro de roer. A ortopedia, com suas longas horas e chamadas de emergência, pode ser implacável. Mas mulheres na ortopedia estão redefinindo o que significa ser uma cirurgiã, mãe, parceira e amiga – tudo ao mesmo tempo. Estão provando que é possível ter uma família e uma carreira de sucesso, mesmo se você tem que correr de uma cirurgia de mão para a apresentação de balé de sua filha.
A representatividade importa. As jovens médicas precisam de modelos femininos na ortopedia para saber que é possível. Elas precisam ver mais do que apenas o ocasional “unicórnio” em congressos; precisam de uma manada de unicórnios, mostrando que o campo da ortopedia não é apenas possível para as mulheres, mas que elas podem prosperar e liderar.
Ainda há um longo caminho a percorrer. A disparidade de gênero na ortopedia é mais pronunciada do que a diferença entre um fêmur e uma fíbula. Mas as mudanças estão acontecendo. Com cada mulher que escolhe a ortopedia, estamos não apenas curando ossos, mas também quebrando as barreiras de um campo que tem sido rígido por muito tempo.
Então, aqui está para as mulheres na ortopedia: que vocês continuem a ser fortes como os ossos que curam, flexíveis como as articulações que consertam, e resilientes como os tendões que reparam. Vocês estão reconstruindo a ortopedia, um osso de cada vez, e por isso, nós somos eternamente gratos. E para aqueles que duvidam da capacidade das mulheres de manejar tanto os desafios da ortopedia quanto os do machismo, lembrem-se: nós não só manejamos o bisturi com precisão, como também sabemos como usar um martelo.
Drª MARA GONÇALES – é médica ortopedista e traumatologista, especialista em cirurgia de mão e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Regional Mato Grosso (SBOT-MT).
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias Cuiabá Notícias.