CRM interdita UTIs da Santa Casa de Rondonópolis por irregularidades nas condições de trabalho

O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) interditou, eticamente, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) Pediátrica e Neonatal, do alojamento e da Sala de Parto da Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis (216 km de Cuiabá). A decisão foi tomada em reunião realizada na tarde desta segunda-feira (11) e motivada por uma série de irregularidades, incluindo a ausência de profissionais em número suficiente para atender os pacientes da unidade.  

Dessa forma, os médicos estão impedidos de exercerem suas atividades laboral na unidade pela ausência de condições mínimas para a segurança do profissional.

Segundo o presidente do CRM, Diogo Sampaio, os problemas na UTI pediátrica foram constatados após uma fiscalização realizada na própria segunda-feira.

“A situação verificada pela fiscalização comprovou que não há a menor condição dos médicos seguirem trabalhando na UTI. O Conselho foi procurado por profissionais que atuam na Santa Casa e que relataram diversas irregularidades que motivaram a interdição”, informou.

Entre as denúncias, médicos relatam que estão sem receber salário há quatro meses. “Estou há muitas horas de plantão, sem condições físicas e nem psicológicas de continuar. A sala de parto está sem pediatra, a UTI Neonatal sem plantonista e o diretor técnico não veio assumir o plantão”, diz um profissional em relato encaminhado ao CRM-MT.

Os médicos alegam que a direção do hospital afirmou que os pagamentos só serão realizados a partir de 2025 e que tiveram que trabalhar sob ameaças de uma equipe policial.

Na fiscalização, as equipes encontraram uma profissional estava na unidade há 60 horas, sem o devido descanso. Ela chegou a acionar a empresa contratada pela Santa Casa para oferecer o serviço para que a substituísse e fez a mesma solicitação à direção técnica da unidade e não recebeu resposta.

Diante da negativa, a médica registrou um Boletim de Ocorrência. Por conta disso, tanto o diretor da empresa quanto o diretor técnico responderão a uma sindicância, aprovada no mesmo encontro.

Para Sampaio, a situação vivida pelos médicos na Santa Casa de Rondonópolis é simplesmente inaceitável e tem graves reflexos para a população que busca atendimento na unidade. “Temos nossas prerrogativas enquanto um conselho de classe. Não vamos esperar morrer alguém pela ausência de estrutura de atendimento para tomarmos alguma providência. Por isso, realizamos uma reunião extraordinária e decidimos pela interdição ética”, asseverou.

OUTRO LADO

Procurada pela reportagem, a Prefeitura do município não respondeu à solicitação. O espaço segue aberto.

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