Etarismo, você sabe o que é?

Luiz Fernando

Nasci no dia 01/01/1972 na cidade de Francisco Beltrão no Paraná. Naquela época não existiam muitos recursos e a tecnologia ainda era coisa de ficção científica. Poucas casas tinham televisão e o telefone fixo era um artigo de luxo. A expectativa de vida do brasileiro era de 57,6 anos. Foi um pouco antes disso, em 1969, que o gerontologista, psiquiatra e autor norte-americano, Robert Neil Butler (1927–2010), criou o termo etarismo..

Butler comparou o etarismo ao racismo e sexismo, destacando que, assim como essas formas de preconceito, o etarismo perpetua estereótipos e limita as oportunidades para certos grupos, em especial os idosos.

Ele enfatizou que esse tipo de discriminação pode ser sutil, como a desvalorização da experiência e sabedoria de pessoas mais velhas, ou explícita, como a exclusão social e a negativa de direitos básicos.

Mas foi só muito recentemente que o termo passou a ser usado ,seguindo as melhorias nas condições de vida e saúde pública, o que contribuiu para o aumento constante da expectativa de vida ao longo das décadas.

Para comparação, em 2021, a expectativa de vida no Brasil alcançou 76,8 anos. Segundo as projeções do IBGE, a população brasileira vai atingir seu pico em 2047, com cerca de 233 milhões de habitantes. Após esse ponto, começará a diminuir gradualmente. Em 2060, espera-se que o Brasil tenha uma proporção significativa de idosos, com 40 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, representando 25% da população. As crianças e adolescentes (até 14 anos) serão uma minoria, com projeção de 30 milhões de pessoas nesse grupo etário até 2060.

Esses dados mostram que o Brasil está enfrentando um rápido processo de envelhecimento populacional, impulsionado pela queda da fecundidade e pelo aumento da expectativa de vida.

Essa transição demográfica trará uma série de desafios, especialmente em áreas como previdência, saúde pública e integração de idosos no mercado de trabalho. Contudo, também abre oportunidades para políticas voltadas ao bem-estar da população idosa e para o desenvolvimento de setores econômicos que atendam às necessidades dessa faixa etária crescente.

Com o envelhecimento da população, há também uma mudança na força de trabalho. Muitos brasileiros mais velhos continuam a trabalhar após a aposentadoria, tanto por necessidade financeira quanto por desejo de se manterem ativos. No entanto, o preconceito etário no mercado de trabalho ainda é uma barreira significativa para que idosos permaneçam empregados.

Ainda segundo o IBGE, o Brasil está envelhecendo a uma velocidade superior à média global. Enquanto países como França e Estados Unidos tiveram quase um século para adaptar suas políticas ao envelhecimento, o Brasil está passando por essa transição de forma muito mais acelerada.

Com o crescimento de movimentos sociais e o uso de mídias digitais, especialmente em fóruns e redes sociais, questões como o preconceito etário ganharam mais visibilidade. Pessoas idosas, influenciadores, acadêmicos e ativistas têm usado essas plataformas para denunciar o etarismo, trazendo histórias e experiências que ajudam a conscientizar a sociedade sobre essa forma de discriminação.

E a propósito se for jogar bola e bater a canela, passe álcool com arnica, receitas da vó Esmeralda, ela estava certa.

Embora o estado de Mato Grosso como um todo esteja envelhecendo, o processo não é homogêneo em todas as regiões. As áreas urbanas apresentam uma maior concentração de idosos devido a melhores serviços de saúde, enquanto as áreas rurais ainda possuem uma população mais jovem, mas também começam a sentir os efeitos do envelhecimento populacional.

É chegada a hora de se colocar esse assunto na mesa e não varre-lo para baixo do tapete. O envelhecimento está batendo em nossa porta, precisamos começar a traçar políticas públicas que garantam que essa população não seja excluída e que os valores e conhecimento amealhados ao longo do tempo não sejam desperdiçados.

Minha saudosa vó Esmeralda, falava que velho é trapo, quando nos deixou aos quase 90 anos estava lúcida, costurava, fazia tricô como ninguém e era uma exímia contadora de histórias. Sempre com o álcool com arnica pronto para curar desde unha encravada, arranhões e outros machucados. Sabedoria que se foi, mas que foi valorizada pela família e pelos amigos que a amavam.

É isso amigos, o combate ao etarismo começa comigo, com você e com o do lado. Afinal daqui a pouco seremos nós aqueles que vamos sofrer na pele a barbarie desse tipo de discriminação.

O tempo é implacável, não para nunca, passa pra todos. O que não passa são os livros lidos, o conhecimento, a criatividade, a força e a coragem, os feitos, os amores vividos.

Que sua bagagem seja vista de longe por aqueles que muitas vezes nada carregam, e que está bagagem abra as portas do mercado, dos postos de trabalho e da vida.

Cabelos prateados pelo tempo precisam do nosso respeito, da nossa gratidão e reverência. Se Deus permitir que eu chegue lá, se permitir que você também chegue, que seja pleno.

E a propósito se for jogar bola e bater a canela, passe álcool com arnica, receitas da vó Esmeralda, ela estava certa.

Luiz Fernando – é jornalista em Cuiabá, palestrante, terapeuta holístico e criador do método CURE que auxilia no tratamento para a bipolaridade. @luizfernandofernandesmt

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