Através da sanção da Lei nº 14.986/2024, publicada no último dia 26 de setembro do corrente ano, será obrigatório no país o estudo sobre as contribuições das mulheres para a humanidade.
A norma acrescenta novo artigo na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, determinando que durante os nove anos do ensino fundamental e os três do ensino médio, em todas as escolas, públicas e particulares, garantam em seus currículos a apresentação de variados aspectos femininos da história, da ciência, das artes e da cultura, no Brasil e no mundo.
Não raro são lançados nomes de mulheres que contribuíram para a história e ciência. Todavia, ao manusear os livros de história e geopolítica, poucas delas são lembradas. Em datas pontuais, geralmente um nome ou outro tem sido lembrado. Todavia, essa não tem sido a realidade a ensinar as crianças e adolescentes.
As meninas e mulheres precisam de incentivo diuturno, para que possam estar e ocupar lugares de destaque. Em época de campanha política, por exemplo, mulheres estão a desistir dos sonhos, por conta do temor em saírem “a campo” e passarem a sofrer inúmeras situações de constrangimentos e humilhações causadas pela violência política.
Mulheres extraordinárias e geniais não foram rememoradas ao longo do tempo. Outras, com feitos importantes e contribuições marcantes, só conseguiram reconhecimento post mortem. Seria formidável que os obstáculos e desafios fossem democráticos, para além dos gêneros. Porém, o que se tem visto são retratos de diferenças expostas, castigando e ferindo mulheres historicamente.
Inúmeras delas foram chamadas de bruxas e incineradas em fogueiras. Foram tachadas de imprimirem mimimi. Tantas outras desrespeitadas, conhecidas por loucas ou histéricas, e por aí afora, quando ousaram contribuições ou transformações sociais. Essas foram pechas até os dias atuais que são colhidas, a ponto de as desencorajar a estarem, realmente, em todos os lugares.
Mato Grosso, por exemplo, quantas mulheres deixou de homenagear e fazer com que esses nomes pudessem adornar avenidas, pontes, travessias, viadutos, trincheiras, as rememorando? E quantas outras o foram, e tiveram os nomes retirados, e fadados ao esquecimento? Reflexos da falta de abordagem sob a perspectiva de gênero.
O ano de 2025 será de grande importância para o início do estudo, pois a valorização da história das mulheres é premente. Os livros de história não têm sido benevolentes e nem justos, com o gênero feminino.
A novel norma ainda instituiu a Semana de Valorização de Mulheres que Fizeram História no âmbito das escolas de educação básica do país, na segunda semana do mês de março. E nessa semana, são muitas as atividades que podem ser desenvolvidas, no afã de trazer o diálogo franco e aberto a permear a história das mulheres.
A história é fascinante! E quando retrata a realidade, de que nunca se concentrou apenas em contribuições masculinas, se torna indescritível!
A nova norma mostrará que devemos ter orgulho de muitas mulheres! Mostrará, ademais, algumas tentativas de trazer esquecimento à história. Falando nisso, em Mato Grosso: cadê a Escola Bernardina Rich?
ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS – é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.