Mato Grosso registrou 103 focos de calor entre segunda e terça-feira, conforme última checagem às 17h, no Programa BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Deste total, 56 focos se concentram na Amazônia, 27 no Cerrado e 21 no Pantanal. Os dados são do Satélite de Referência (Aqua Tarde). Nesta terça, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT) reforçou, as equipes de combate aos incêndios florestais que atingem o Pantanal em áreas dos municípios de Poconé (104 km de Cuiabá) e Cáceres (a 220 km).

Importante ressaltar que o foco de calor isolado não representa um incêndio florestal. Entretanto, um incêndio florestal conta com o acúmulo de focos de calor. As ações de combate envolvem o emprego de 38 militares, um avião, um helicóptero, dois caminhões-pipa, sete caminhonetes, um barco, quatro pás-carregadeiras, duas motoniveladoras, um trator e um quadriciclo, além do monitoramento remoto com satélites feito pelo Batalhão de Emergências Ambientais, em Cuiabá. 

O incêndio localizado na região da Fazenda Cambarazinho, em Poconé, segue confinado na área de aceiros construída pelo Corpo de Bombeiros. No local, os militares seguem no monitoramento e trabalho de rescaldo, para evitar que o fogo ultrapasse a barreira.

Já em Porto Conceição, no município de Cáceres, mais uma equipe foi enviada para reforçar o trabalho de combate ao fogo, que, devido a uma rajada de vento forte nessa segunda-feira, avançou para a outra margem do rio.

No local, equipes dos bombeiros realizam a construção de aceiros para confinar o fogo que pulou a margem do rio. Já do outro lado da margem, outras equipes fazem o contrafogo (o fogo controlado como estratégia para mudar a direção do incêndio), e seguem no combate direto. Importante ressaltar que a região de Porto Conceição é considerada de difícil acesso.

Os militares contam com apoio de embarcações para chegarem aos pontos de incêndio e de brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) para o combate. O Batalhão de Emergências Ambientais (BEA) faz o monitoramento de todos os incêndios florestais do Estado via satélite, para orientar as equipes em campo.

ALERTA

A estiagem severa e baixa umidade do ar têm contribuído para a propagação das chamas e o Corpo de Bombeiros pede que a população colabore e respeite o período proibitivo. A qualquer indício de incêndio, os bombeiros orientam que a denúncia seja feita pelos números 193 ou 190.

PLANEJAMENTO INTEGRADO
Na tarde desta terça-feira, o govenador Mauro Mendes, anunciou em uma ação conjunta entre os Governos de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Governo Federal, a construção de uma base operacional no quilômetro 100 da Transpantaneira, no município de Poconé (a 104 km de Cuiabá) e outra em Corumbá (MS) para o enfrentamento dos incêndios florestais no Pantanal. 
Durante a reunião foram abordados a identificação de prioridades, análise da situação e articulação das ações de campo. O secretário extraordinário de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial no Ministério do Meio Ambiente, André Lima, afirmou que até o dia 20 de julho será consolidado um plano.

“Estamos trabalhando em conjunto e definindo os detalhes da estratégia. A situação do Pantanal é bastante inédita. Apesar da situação dramática de 2020, o que a gente vivencia hoje é um cenário de uma seca maior dos últimos 70 anos. Todos os dados climáticos, hidrológicos, pluviométricos, mostram que nós estamos em uma situação muito diferente dos anos mais críticos da história do bioma”, disse.

De acordo com André, a novidade é criar mecanismos, mesas, salas de situação integradas efetivamente. Nessa estratégia de cooperação, a coordenação será pela sala federal de situação que é coordenada pelo ministro da Casa Civil.

“Essa cadeia de comando envolverá níveis diferentes de intervenção, o federal, estadual e os municipais que já estão decretando situação de emergência para poder utilizar de maneira mais rápida os recursos da Defesa Civil”, afirmou.

Ele lembrou que a articulação vem acontecendo de forma gradativa com a realização de duas reuniões anteriormente, ocorridas em Brasília e Campo Grande (MS).

Estrutura

Nessa estratégia serão empregadas aeronaves, em parceria com o Ministério da Defesa, entre elas uma de grande porte de combate a incêndio, que permite o transporte e a utilização de mais de 10 mil litros de água por sobrevoo, além de aeronaves que podem transportar cerca de 15 brigadistas, o que acelera o transporte para as linhas de frente.

Terá ainda estrutura de acampamento para manter esses brigadistas durante semanas e até mês.

A operação de guerra envolve as Forças Armadas: Aeronáutica, Marinha e Exército, no sentido de montar acampamento, sistema de comunicação, sistema de transporte, mais aeronave no combate aos incêndios.

Ao final ficou definido a realização de reuniões diárias com a oportunidade de compartilhar a evolução das ocorrências e a forma de empregar as estruturas que serão fornecidas.

Participaram também da reunião representantes da Secretaria de Infraestrutura (Sinfra), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ibama, ICMBIO, Corpo de Bombeiro de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Exército e Marinha.